Atualizado às 18h40.
BERTIOGA - Um dos herdeiros da Companhia Müller de Bebidas - fabricante da Cachaça 51 - morreu com a família em um acidente de helicóptero na manhã deste sábado, 27, em Bertioga, no litoral paulista. Além do empresário Marcelo Müller, de 33 anos, a mulher, a filha, uma adolescente e o piloto da aeronave foram encontrados carbonizados.
A queda do helicóptero, modelo Esquilo prefixo PT-HNC, ocorreu nas proximidades do Km 229 da Rodovia Rio-Santos. A aeronave havia saído pela manhã do Campo de Marte, na capital, ido até um heliponto localizado na frente do Condomínio Iporanga, em Guarujá, para buscar a família e retornar, mas caiu minutos depois no Sítio São João, uma propriedade particular composta por manguezais e mata fechada.
Com Muller, estava a mulher, Lumara Passos Muller, de 31 anos, a filha do casal, Geórgia, de 2, uma adolescente, ainda não identificada - que seria a babá da criança - e o piloto da empresa de taxi aéreo Helimarte, identificado como Tiago Yamamoto, cuja idade não foi confirmada. Müller e Lumara moravam em Ribeirão Preto, no interior do Estado.
Segundo a dona do sítio, Lúcia dos Santos Silva, passava das 10 horas quando ouviu um estrondo nas proximidades da residência. “Logo concluí que se tratava da queda de um helicóptero”, disse, informando que está acostumada com o barulho das aeronaves, que costumam passar pelo local, rota normal de helicópteros. A região tem diversas marinas e muitas apresentam helipontos. Até o início da tarde deste sábado, o Corpo de Bombeiros, que isolou a área próxima do Rio Itapanhaú, aguardava a chegada dos técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), para a realização da perícia, antes da retirada dos corpos, que ficaram carbonizados.
As causas do acidente estão sendo apuradas e nenhuma hipótese foi levantada pelas autoridades até o fim deste sábado. O que causou estranheza aos técnicos da região é que, embora não fizesse sol e o tempo estivesse um pouco nublado, havia condições para o tráfego de helicópteros. Tanto que o Águia-Uno, da Polícia Militar, estava atuando pelo litoral, a fim de dar suporte às ações dos guarda-vidas nas praias e atender eventuais emergência.
Campo de Marte. O helicóptero é da empresa Helimarte, que opera a partir do Campo de Marte, na zona norte da capital. A empresa confirmou que a aeronave havia saído da base paulistana com destino ao litoral e disse que o aparelho estava em perfeitas condições. “Profundamente compungida, a Helimarte lamenta a perda das vidas dos nossos passageiros e de nosso piloto e se solidariza com suas famílias”, diz nota divulgada pela empresa no meio da tarde.
Um helicóptero da mesma companhia, a serviço da Prefeitura de São Paulo, caiu na zona norte da cidade em janeiro do ano passado. Os acidentes com helicóptero, entretanto, são a minoria dos casos de acidentes aéreos, segundo estatísticas do Cenipa. Nos últimos dez anos, cerca de 10% dos acidentes aéreos graves envolveram helicópteros.
Revisão em dia. O helicóptero modelo Esquilo, de prefixo PT-HNC, tinha revisão válida até 11 fevereiro, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A última revisão, válida por um ano, havia sido feita em fevereiro deste ano. Ainda segundo a Anac, o helicóptero foi comprado pela Helimarte Táxi Aéreo em 2008 e tem certificado de aeronavegabilidade válido até 2020. Desde 2005, no entanto, o Esquilo estava incorporado à frota da Helimarte.
O mesmo helicóptero já havia se envolvido em outro incidente, em setembro de 2006, no Campo de Marte. Outro aparelho pousava no pátio quando, ao fazer o giro de cauda para a parada, atingiu uma das pás do rotor principal do PT-HNC, que estava estacionado. Um laudo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), emitido em 2010, informa que o acidente resultou em danos leves em uma das pás do rotor principal da aeronave atingida.
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