Heliópolis vira 1ª favela com luzes de LED

Ao custo de R$ 3 milhões, a Prefeitura instala 1,4 mil pontos na comunidade; moradores comemoram

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“Isso está uma maravilha”, diz a costureira Maria Ilda Arceno de Souza, que há 25 anos mora em Heliópolis e nunca tinha vivido noites tão claras na comunidade como nos últimos dias. Primeira favela da América Latina a ter iluminação pública de lâmpadas de LED (Light Emitting Diode), Heliópolis nasceu nos anos 70 a partir de um acampamento de famílias desalojadas pela Prefeitura e se transformou num bairro de ruas estreitas, vielas e becos escuros, com cerca de 200 mil pessoas na zona sul de São Paulo.

“Mas isso mudou”, afirma Reginaldo José Gonçalves, membro da União de Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis e Região (Unas), entidade que fica na Rua da Mina, uma das principais vias de acesso à comunidade. “Heliópolis quer dizer cidade do sol. Agora tem sol de dia e LED de noite”, comemora o morador. A instalação da nova iluminação deve estar concluída na próxima semana.

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Estavam previstos inicialmente 800 pontos de luz branca de LED na favela que tem 1 milhão de metros quadrados, mais de 32 mil domicílios e cerca de 6 mil estabelecimentos comerciais. Agora, a troca será feita em 1,4 mil pontos de lâmpadas de sódio (luz amarela). O programa é parte da iniciativa da Prefeitura de trocar as lâmpadas em toda a cidade.

Uma licitação, liberada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), prevista em R$ 7 bilhões, deve ter os envelopes da concorrência abertos no dia 14 de janeiro. “O custo de R$ 3 milhões de Heliópolis já está pago”, afirma o secretário de Serviços, Simão Pedro. Os recursos usados em Heliópolis, segundo o secretário, são de um fundo formado pela Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip), cobrada pela Eletropaulo nas contas de luz no valor de R$ 4,50. Os últimos trechos a serem beneficiados em Heliópolis são os da Estrada das Lágrimas. 

De acordo com Simão Pedro, a vantagem da luz de LED está na economia de consumo de energia e na manutenção do sistema. “A duração das lâmpadas pode chegar a 12 anos de uso”, diz o secretário. Para o vereador da oposição José Police Neto (PSD), o avanço na iluminação das ruas estreitas da comunidade é “inegável”. Ele afirma, no entanto, que o PT escolheu Heliópolis para tentar recuperar o apoio político perdido na região. 

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Vielas. “A gente tinha um ‘bico’ lá embaixo”, conta a pernambucana Jane Cleide, desempregada, que há 5 anos mora num fundo de viela, onde vivem outras cinco famílias, e transitava pelo beco no escuro. “Aqui sempre tinha moleque. Hoje não tem mais isso”, afirma. Em novembro do ano passado, moradoras de Heliópolis protestaram contra a escuridão. “Fizemos um ‘lanternaço’ para denunciar o abuso e o perigo que as mulheres corriam à noite na comunidade”, lembra a moradora Priscila Amaral. Na noite de quinta-feira, ela andava pelas vielas mostrando as lâmpadas em postes da Eletropaulo.

Para a comerciante Osamira Ferreira Costa, proprietária do Mec Favela, que serve sanduíches de hambúrguer, a troca das lâmpadas “melhora o negócio”. Ela conta que o movimento principal da casa é à noite.

Caminhando pela Rua da Mina com as filhas, o operador de máquinas José Wilson diz que a luz está boa. Mas nem assim ele deixa as meninas circularem sozinhas à noite. “A luz na rua ajuda, mas a insegurança não é só aqui, é no mundo”, diz.

Os moradores esperam que a região seja valorizada com a chegada do LED. Um aluguel de imóvel de dois cômodos custa R$ 500 mensais. “Isso se for em viela”, diz Alex Vieira, da Imobiliária José Vieira, na Rua da Alegria. “Se for em rua, vai a R$ 600.” Ele explica ainda que “uma sala de 16 metros quadrados, para salão de beleza, custa R$ 500”, valor que pode aumentar agora.