Homem de 22 anos invade escola, faz refém e fere duas professoras a facadas no interior de SP

Segundo a polícia, alvo do autor do crime seria a diretora do colégio em Ipuassu; uma das vítimas está em estado grave

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Um ex-estudante de 22 anos invadiu uma escola estadual e feriu com golpes de faca duas professoras na noite desta quarta-feira, 14, em Ipaussu, no interior de São Paulo. O agressor fez outro professor refém, colocou a faca em seu pescoço e resistiu à abordagem da polícia, mas acabou se entregando. À polícia, ele alegou que foi vítima de bullying quando tinha 12 anos e decidiu se vingar. Uma das professoras agredidas está internada em estado grave.

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O ataque, na Escola Estadual Professor Mastrodomênico, chocou a população da cidade, de 15 mil habitantes. Segundo a Polícia Civil, o homem identificado como Tiago Oliveira Silva não é ex-aluno da escola e seu alvo seria a diretora do colégio, que não estava no local.

Para entrar na escola, Silva abordou o porteiro e pediu para usar o banheiro. Com a proximidade das férias escolares, apenas os professores estavam no estabelecimento. Quando o servidor foi buscar a chave, Silva, que não é ex-aluno da Mastrodêmico, pulou o muro e invadiu o local. Ele estava com duas facas e um simulacro de arma de fogo.

No corredor, ele se deparou com a professora Beatriz Belo de Miranda, que tentou fugir ao vê-lo empunhando a faca. Ela foi atingida pelos golpes nas costas. A vice-diretora Luciene Rose de Lemos tentou ajudar a colega e tirar a arma do agressor, mas também foi atingida no ombro e no braço. O professor Danilo Lincoln Apolinário tentou conter o ex-aluno e foi dominado por ele. Além de levar coronhadas na cabeça, ele teve a faca encostada no pescoço até a chegada da polícia.

Armas apreendidas após ataque de homem de 22 anos em escola de Ipuassu. Foto: Polícia Militar/Divulgação

Policiais militares conseguiram, após rápida negociação, desarmar e dominar Silva. Ele foi levado à delegacia da Polícia Civil e preso em flagrante por lesões corporais e tentativa de homicídio. De acordo com o delegado Marcelo de Assis Aliceda, o alvo dele era a diretora da escola. “Ele disse que sofreu bullying em outra escola há dez anos e guardou o ódio que tinha da diretora da época, que agora trabalha na escola onde ele fez o ataque. Ele falou que foi na escola atrás da diretora, mas ela não estava na escola. Disse que não era sua intenção ferir os professores.”

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O agressor foi levado para uma cadeia da região e deve passar por audiência de custódia nesta quinta-feira, 15. A professora Beatriz foi internada na Santa Casa de Ourinhos, com provável perfuração do pulmão. Na manhã desta quinta, ela estava em unidade de terapia intensiva, em estado grave. A vice-diretora recebeu cuidados médicos e foi liberada. O professor feito refém não sofreu ferimentos.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse em nota que lamenta o ocorrido e repudia toda forma de violência dentro e fora da escola. “As servidoras atingidas foram imediatamente socorridas pela equipe da unidade escolar e encaminhadas para hospitais da região pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).” Segundo a pasta, não havia estudantes no local no momento do ocorrido e o ex-aluno foi detido pela polícia.

A Diretoria de Ensino de Ourinhos informou que, juntamente com a escola, colabora com as investigações. “A equipe central do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP) presta apoio às servidoras e à comunidade escolar”, disse. As aulas do período matutino desta quinta-feira foram suspensas.

Mortes no Espírito Santo

No fim de novembro, um adolescente de 16 anos deixou quatro pessoas mortas – três professoras e uma aluna de 12 anos – após invadir duas escolas em Aracruz, no norte do Espírito Santo. No momento do crime, o adolescente ostentava uma suástica – símbolo nazista – em um dos braços, além de roupa tática e duas armas (uma pistola .40 e um revólver 38 pertencentes ao pai policial).

No começo do mês, o juiz da Vara da Infância e Juventude da cidade, Felipe Leitão, determinou ao autor dos ataques a pena de até três anos de internação em unidade socioeducativa. O tempo de confinamento é o máximo previsto na legislação para adolescentes que ainda não atingiram a maioridade penal.

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Adolescente de 16 anos matou quatro pessoas em ataques a escolas de Aracruz, no Espírito Santo. Foto: Polícia Civil-ES

Entre o fim de setembro e o início de outubro deste ano, houve três casos de violência em escolas do Brasil.

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No dia 26 de setembro, um adolescente de 14 anos usou a arma do pai, um policial militar, e matou uma aluna cadeirante no Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, em Barreiras, no oeste baiano. Dois policiais que estavam nas proximidades da escola atiraram no rapaz, que segue internado. A vítima foi Geane da Silva Brito, de 19 anos, portadora de paralisia cerebral, que via na escola uma ferramenta para inclusão e um local onde se sentia segura e acolhida pela comunidade escolar.

No dia seguinte, na cidade de Morro de Chapéu, na Chapada Diamantina, um adolescente de 13 anos ateou fogo na Escola Municipal Yeda Barradas Carneiro, onde estudava, e feriu a coordenadora com o uso de uma faca. Ele foi apreendido pela Polícia Militar.

No dia 5 de outubro, um adolescente de 15 anos foi apreendido após disparar contra três colegas em uma escola em Sobral, no interior do Ceará. Ele estava com uma arma de fogo registrada no nome de um CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador). Uma das vítimas, de 15 anos, morreu dias depois.

Abaixo, relembre outros ataques em escolas brasileiras

Saudades (SC), 2021

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O ataque em Saudades, no oeste de Santa Catarina, deixou cinco pessoas mortas na manhã de 4 de maio de 2021, quando um rapaz de 18 anos invadiu um creche do município com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

Suzano (SP), 2019

Um ataque na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, deixou dez mortos, incluindo os dois atiradores, e 11 feridos. Os autores do massacre, Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e G.T.M., de 17, eram ex-alunos da instituição. Um dos atiradores acabou matando o comparsa e depois cometeu suicídio.

Medianeira (PR), 2018

Um estudante de 15 anos do ensino médio pegou uma arma e atirou nos colegas em uma escola estadual da pacata cidade de Medianeira, a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Tinha uma lista para livrar os amigos - no fim, dois acabaram baleados. O atentado aconteceu no Colégio Estadual João Manoel Mondrone. Segundo a polícia, o autor do ataque seria alvo de bullying na escola.

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Goiânia (GO), 2017

Um adolescente de 14 anos matou a tiros dois colegas e feriu outros quatro em uma sala de aula do Colégio Goyases, em Goiânia, em 20 de outubro de 2017. Filho de policiais militares, ele usou a arma da mãe, que havia levado à escola particular escondida na mochila. Segundo a Polícia Civil, o rapaz sofria bullying e o crime foi premeditado.

João Pessoa (PB), 2012

Dois jovens chegaram à Escola Estadual Enéas Carvalho, em Santa Rita (Região Metropolitana de João Pessoa), em uma moto e invadiram o pátio. Eles usavam uniforme da escola. Um deles atirou contra um adolescente de 15 anos. O atirador disparou outras cinco vezes, atingindo duas garotas. Uma delas, de 17 anos, foi baleada no braço direito. A outra, levou um tiro no pé esquerdo. De acordo com a polícia, o motivo do crime teria sido ciúme.

Realengo (RJ), 2011

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Considerado à época como o maior massacre em escolas brasileiras até então, a tragédia em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, deixou 12 crianças mortas. O crime foi cometido por um ex-aluno de 23 anos que levou dois revólveres à Escola Municipal Tasso da Silveira e disparou contra os alunos, todos de 13 a 15 anos. Depois de invadir duas salas de aula, ele foi atingido na barriga pela polícia e disparou um tiro na própria cabeça.

São Caetano do Sul (SP), 2011

Um estudante de apenas 10 anos atirou na professora e se matou em seguida na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, no ABC paulista. Ele usou uma arma do pai, um guarda civil municipal. De acordo com colegas e funcionários da escola ouvidos na época, o menino era muito estudioso, inteligente e calmo.

Taiúva (SP), 2003

Em 27 de janeiro, um estudante de 18 anos disparou 15 tiros contra cerca de 50 estudantes no pátio da Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva, interior do Estado. Ele usou a última bala do revólver calibre 38 para atirar na própria cabeça e morreu. O episódio não deixou vítimas fatais além do rapaz.

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Salvador (BA), 2002

Um estudante de 17 anos matou uma colega e feriu outra a tiros no Colégio Sigma, no Bairro de Piatã. O rapaz teria pegado um revólver calibre 38 do pai e escondido a arma na mochila. Os disparos foram feitos depois que a professora pediu para ele fazer um exercício.

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