Após dois meses de queda, o número de homicídios dolosos registrados em São Paulo voltou a subir em maio, segundo dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta sexta-feira, 25. Os casos notificados de roubo, furto, estupro e latrocínio também aumentaram. Por sua vez, o crime de roubo a banco recuou.
De acordo com a SSP, o Estado registrou um total de 255 homicídios no mês passado – resultado que representa piora de 12,9% em comparação a maio anterior. Em 2020, São Paulo havia contabilizado 226 assassinatos.
A estatística informa especificamente o número de boletins registrados com a natureza criminal “homicídio doloso”, quando há intenção de matar. Essa metodologia considera casos com mais de um vítima ou até chacinas como uma ocorrência só. Em relação ao número de vítimas de assassinato, o índice oficial aponta 265 pessoas mortas em maio, ou 12,2% a mais do que em 2020.
A alta mais recente interrompe uma sequência de duas quedas consecutivas, registradas em abril e março, e volta a ligar o sinal de alerta para esse tipo de crime.
Desde o ano passado, São Paulo tem registrado tendência de piora dos assassinatos, com aumentos no acumulado de 2020 e também nos meses de janeiro e fevereiro. No ano passado, o Estado registrou, ao todo, 2.893 homicídios - ou 4,1% a mais em relação a 2019 - a primeira alta em sete anos.
Atualmente, as taxas de homicídio no Estado estão em 6,38 ocorrências e 6,72 vítimas para cada 100 mil habitantes, de acordo com a pasta, indicadores ainda abaixo da média nacional. Na capital, a estatística ficou estável, com 53 vítimas e 51 casos registrados em maio de 2020 e 2021.
Por sua vez, o registro de estupro aumentou pelo sexto mês seguido no Estado – crime para o qual o País tem encontrado ainda mais dificuldade de combater durante a pandemia de covid-19, segundo especialistas. Ao todo, foram 889 casos notificados em maio, ante 669 em 2020. A alta é de 32,8%. Destes, 714 foram praticados contra vítimas vulneráveis.
Nos primeiros meses de isolamento social, os crimes patrimoniais haviam registrado recuos expressivos em São Paulo. Agora, no entanto, os indicadores voltaram a crescer – comportamento que o governo tem atribuído à maior circulação de pessoas e ao retorno do comércio, mesmo com restrições.
Latrocínios (o roubo seguido de morte) subiram de 10 ocorrências, em maio de 2020, para 16. Já os assaltos aumentaram de 14.852 para 17.818 (19,9%). Para os furtos, a alta foi ainda mais expressiva, de 54,1%, saltando de 23.778 para 36.665 casos registrados. Roubos de veículos (22,7%) e de carga (16%) também subiram. Houve, ainda, dois sequestros. Em 2020, não havia tido registro desse crime.
Mais da metade dos assaltos aconteceu na cidade de São Paulo. Ao todo, a capital registrou 10.249 roubos, ou 14,2% de aumento comparado aos 8.968 casos de maio anterior. Na cidade, também houve alta de estupros (50,8%) e latrocínios (de dois para sete casos registrados).
Em contrapartida, os roubos a banco recuaram de três para uma ocorrência no Estado. É o menor número para o mês na série histórica desde 2001, segundo a SSP.
“O trabalho das polícias paulistas no Estado, em maio de 2021, permitiu um aumento de 19,9% na quantidade de prisões realizadas, se comparado a igual período de 2020. O número passou de 10.950 para 13.129”, diz, em nota. “A quantidade de armas ilegais retiradas das ruas também subiu seguindo a mesma análise – passou de 1.089 para 1.115. Neste caso, a alta foi de 6,06%.”
A Secretaria destacou que, no acumulado do ano até aqui, os indicadores estão em queda. Os homicídios caíram 2,5%, latrocínios, 8,8% e roubos em geral, 7,3%. "As oscilações registradas no mês de maio nesses indicadores são alvo de análise pela Secretaria. Os casos de homicídios dolosos, por exemplo, foram impactados principalmente por conta dos conflitos interpessoais. Apesar do crescimento, o Estado segue com a as menores taxas de casos e vítimas de homicídios dolosos por grupo de 100 mil habitantes do país: 6,38 e 6,72, respectivamente."
"Uma das estratégias da SSP para retomar a trajetória de queda dos indicadores criminais é intensificar as operações contra o crime organizado, o tráfico de drogas e diversos outros tipos de delitos. De janeiro a maio, as ações policiais permitiram a apreensão de 108,7 toneladas de drogas, um aumento de 47,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mais de 74 mil criminosos foram presos e encaminhados à Justiça e 5.001 armas de fogo apreendidas, sendo 44 fuzis", completou a pasta.
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