Um incêndio de grandes proporções atingiu o prédio do antigo Museu da Casa Brasileira, na Avenida Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, na tarde deste sábado, 5.
De acordo com o Corpo de Bombeiros da capital, nove equipes foram enviadas ao local para controlar as chamas. Um homem que estava trabalhando no casarão sofreu contusão na perna e foi levado para o Pronto-Socorro do Campo Limpo.
Uma comerciante da região contou que se assustou com o incêndio, que começou por volta das 15h. “Foi um ‘fogaréu’ tremendo, uma fumaça preta cobriu toda a Avenida Faria Lima”, afirmou a vendedora Helena Andrade, de 65 anos. Apesar do susto, ela disse que a ação dos bombeiros foi rápida.
Uma funcionária do Restaurante Capim Santo, que funciona nas dependências do prédio, afirmou à reportagem que o estabelecimento não sofreu danos.
Segundo policiais militares que atenderam a ocorrência, o caso será registrado no 14º Distrito Policial, em Pinheiros, e peritos devem analisar a área para apurar as causas do incêndio.
Fogo atingiu estrutura de exposição
O local, pertencente à Fundação Padre Anchieta (FPA), inauguraria nesta semana a exposição Castelo Rá-Tim-Bum 30 anos. A mostra foi adiada.
Em nota, a FPA afirmou que a fachada e a parte interna do casarão não tiveram danos, assim como a estrutura do imóvel histórico.
“O incêndio aconteceu na estrutura tubular da exposição, do lado de fora do espaço físico do Solar Fabio Prado, que não sofreu danos em sua estrutura interna, bem como a montagem interna da exposição não sofreu danos”, disse a fundação.
Leia também
“Por enquanto, o lançamento da exposição que se iniciaria na próxima quinta-feira (10) está suspenso. Todas as pessoas que adquiriram ingresso até o momento serão informadas sobre a nova data de início da exposição”.
Cassio Scapin, ator que viveu Nino em Castelo Rá-Tim-Bum, publicou um vídeo em seu Instagram lamentando o incêndio. “É muito impactante ver o Museu da Casa Brasileira em chamas, ver no meio das chamas as imagens do que seria o Castelo sendo devorado pelas chamas”, disse.
Casarão tem idas e vindas
O casarão foi construído entre 1942 e 1945. Ele foi desenhado pelo arquiteto Wladimir Alves de Souza, que teve como inspiração o Palácio Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
O imóvel está instalado em uma área de 12,5 mil metros quadrados, dos quais 8,3 mil são ocupados pelo jardim, que possui mais de 500 exemplares arbóreos das mais variadas espécies, em plena Faria Lima.
De início, o imóvel serviu como residência do ex-prefeito Fábio da Silva Prado (1934-1938) e sua esposa, Renata Crespi, por isso é conhecido como “Solar Fábio Prado”.
Após a morte de Prado, em 1963, Renata deixou o casarão e, em 1968, doou o espaço para a Fundação Padre Anchieta (FPA), que o administra até hoje.
Em 1970, foi inaugurado no espaço o Museu do Imobiliário Artístico e Histórico Brasileiro, posteriormente Museu da Casa Brasileira (MCB), que até 2023 guardou e conservou objetos, móveis e equipamentos de várias épocas da história da moradia no País.
No fim do ano passado, o imóvel teve a preservação temporária determinada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Unânime, a decisão prevê o tombamento provisório e por tempo indeterminado até o desenvolvimento de estudos, o que pode levar de meses a anos.
A decisão ocorreu após solicitações protocoladas pela Associação dos Proprietários, Protetores e Usuários de Imóveis Tombados (APPIT), abertas após uma mobilização pela permanência das atividades e do acervo do museu no casarão — parte das peças do MCB deve permanecer no Solar Fábio Prado e a outra irá para a nova sede do museu, na Casa Modernista, na Vila Mariana.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.