O jogador sub-20 do Corinthians, Dimas Cândido de Oliveira Filho, de 18 anos, prestou depoimento por oito horas, nesta terça-feira, 7, à Polícia Civil sobre a morte de Lívia Gabrielle da Silva Matos, de 19. A jovem morreu em decorrência de hemorragia, após ter relação sexual com ele em seu apartamento, em 30 de janeiro, no Tatuapé, zona leste da capital paulista. Conforme o advogado Tiago Lenoir, defensor do atleta, ele contou como foi o atendimento à jovem e disse que pode ter havido demora no socorro.
Segundo o advogado relatou ao Estadão, Dimas contou à polícia ter ficado 21 minutos fazendo massagem no peito de Lívia para tentar reanimá-la, com orientação de um socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
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“Ela estava em emergência ginecológica, com sangramento vaginal, e ele não foi orientado a fazer nenhum tipo de tamponamento. Depois, segundo o Dimas, eles levaram a jovem em uma manta pelo condomínio, pois a maca não subiu até o apartamento. Não tinha maca na entrada no prédio e tiveram de andar com ela uma distância grande dentro do condomínio. Nesse deslocamento, ela chegou a cair da manta”, afirmou.
O depoimento, segundo o advogado, confirmou o conteúdo de áudios e vídeos que estão em posse da polícia. Em um áudio ao qual a reportagem teve acesso, uma pessoa, que seria socorrista do Samu, diz que a equipe foi acionada às 7h18 (da noite), saiu às 7h19 e chegou no prédio às 7h20, m as não conseguiu acesso rápido ao apartamento. “Tinha de entrar no estacionamento para ter acesso ao bloco 3, mas a viatura não passava ali (pelo portão) pela altura”, diz no áudio.
Ela reclama da falta de alguém do condomínio para orientar a equipe até o local. “A gente não sabia onde era a entrada da torre. Só tinha um elevador, o outro estava quebrado. Mesmo assim tivemos acesso à paciente às 7h25.”
Do momento em que o Samu foi acionado até a entrada da paciente no hospital, foram cerca de 90 minutos, segundo o advogado.
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O atestado de óbito emitido pelo Hospital Municipal do Tatuapé, onde Lívia foi atendida, apontou que a jovem sofreu rutura (ruptura) de fundo de saco de Douglas com extensão à parede vaginal esquerda.
Já o laudo do Instituto Médico-Legal (IML), definiu como causa do óbito “hipotensão, choque hipovolêmico (perda de grande quantidade de líquidos e sangue) e parada cardiorrespiratória (PCR)”, devido à “laceração interna da vagina”.
Lenoir disse que o jogador do Corinthians retornou de viagem a João Pessoa, onde moram familiares, e depôs de forma voluntária na 5.ª Delegacia de Defesa da Mulher, que investiga o caso. “É preciso deixar claro que a polícia trata o caso como morte suspeita e até agora não se averiguou qualquer indício de crime, principalmente de eventual crime cometido pelo Dimas.”
O jogador contou que trocava mensagens com Lívia pelo WhatsApp desde o dia 17 de janeiro e depois passaram a ter relacionamento mais íntimo, que culminou com o encontro no apartamento.
Na noite do dia 30, após o Samu ser acionado, a paciente deu entrada no hospital em parada cardiorrespiratória (PCR) com sangramento transvaginal volumoso, e teve quatro paradas cardiorrespiratórias, segundo o laudo. Na avaliação ginecológica, foi constatada laceração (ferimento) interna da vagina, no lado esquerdo, sendo realizado tampão com gaze. A jovem não se recuperou.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo, responsável pelo Samu na capital, disse que o caso está sob investigação policial e o serviço permanece à disposição das autoridades. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que o caso “segue em investigação”.
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