Laudo do IC destaca 'stress' da tripulação do vôo 3054

Texto deixa claro que não houve quebras ou falhos de equipamentos e sistemas eletrônicos da aeronave

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Por Bruno Tavares, de O Estado de S. Paulo, e José Dacauaziliquá e do Jornal da Tarde

Apontados inicialmente como os maiores responsáveis pelo acidente com o Airbus A320, os pilotos Kleiber Lima e Henrique Stefanini di Sacco tiveram sua responsabilidade relativizada no laudo feito pelo Instituto de Criminalística (IC). O texto deixa claro que não houve quebras ou falhas de equipamentos e sistemas eletrônicos da aeronave, indicando assim que foi um equívoco no manuseio das manetes que levou o jato a varar a pista do Aeroporto de Congonhas.   Veja também:  Perícia aponta falhas de TAM, piloto, pista e Anac em acidente Inquérito sobre o vôo 3054 aponta 10 responsáveis  No pouso, piloto errou posição de manetes do Airbus O que mudou - e o que não mudou - desde o acidente da TAM TV Estadão: Os registros das câmeras de segurança na hora do pouso Os nomes e as histórias das vítimas do acidente da TAM Famílias de vítimas da TAM entregam projeto de memorial Tudo o que já foi publicado sobre a tragédia do vôo 3054   Os peritos, no entanto, mostram que várias informações repassadas durante o vôo entre Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP) podem ter influenciado psicologicamente os pilotos. Um desses dados dizia respeito às condições da pista. Minutos antes do pouso, conforme registrado pela caixa-preta de voz, um controlador chama a atenção para o asfalto "molhado e escorregadio". Ao fundo, é possível ouvir até mesmo um dos comandantes repetindo a fala do controlador, como se tentasse reforçar a informação para si mesmo.   Afinal, o avião estava lotado (tinha 187 pessoas a bordo) e os tanques estavam cheios de combustível.   Os investigadores do IC acreditam que a decisão dos pilotos de manusear as manetes de maneira diferente da recomendada pela TAM tem a ver com uma possível "ansiedade" deles em realizar o pouso. Se bem-sucedido, o procedimento adotado por eles (levar apenas a manete correspondente ao reverso em funcionamento para a posição frenagem) rende um "ganho" de 55 metros de pista. O "stress emocional" a que os comandantes estavam submetidos e esse excesso de zelo na fase final do pouso podem ter contribuído para a tragédia.

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