Laudos apontam traumas compatíveis com pisoteamento em Paraisópolis, diz polícia

Documentos foram anexados ao inquérito que investiga as noves mortes que aconteceram após uma operação em um baile funk na zona sul de São Paulo. Até o momento, 40 pessoas já prestaram depoimento

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - Os laudos com a análise sobre a causa das mortes de nove jovens em Paraisópolis há duas semanas apontaram traumas compatíveis com pisoteamento. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, os documentos foram recebidos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, e anexados ao inquérito que investiga o caso. 

Parente de vítima de Paraisópolis protesta em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista Foto: 04/12/2019 NILTON FUKUDA/ESTADÃO

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O teor dos laudos não foi detalhado pela pasta. Em entrevista coletiva à imprensa nesta sexta-feira, 13, o governador de São Paulo, João Doria e o secretário da Segurança, general João Camilo Pires de Campos, não comentaram a conclusão da análise conduzida pelo Instituto Médico Legal (IML). A forma como as mortes aconteceram no baile funk é fator-chave para entender a responsabilidade dos policiais militares que atuavam em uma operação no local.

Segundo a secretaria, até o momento cerca de 40 oitivas já foram anexadas ao inquérito e a equipe analisa imagens, áudios e outras informações da investigação. "A Corregedoria da Polícia Militar também apura todas as circunstâncias relativas à ocorrência em um IPM (inquérito policial militar)", informou.

Os policiais dizem que a confusão no local começou após ocupantes de uma moto terem disparado contra os agentes e se protegido em meio à multidão que participava da festa. A perseguição e os tiros dos criminosos teriam assustado os frequentadores do baile. 

Testemunhas contestam a versão dos policiais, alegando que eles já chegaram na festa de forma truculenta. Os agentes teriam dificultado a dispersão ao fechar as duas saídas da rua onde ocorria a festa, levando as pessoas a se amontoarem em vielas. As mortes aconteceram em dois desses becos.

Ao Estado, uma testemunha afirmou que os policiais jogaram bombas nessas vielas, enquanto pessoas gritavam e desmaiavam. Essa jovem ficou com um ferimento no rosto após ter sido atingida por uma garrafa lançada, segundo ela, por um policial.

O governo afastou 31 policiais militares do serviço operacional das ruas enquanto a investigação é realizada. Eles deverão permanecer realizando atividades administrativas nesse período. O afastamento foi um pedido dos parentes das vítimas ao governador João Doria. Elas temiam que os agentes prejudicassem as investigações ou incorressem em casos similares. O governo diz que os policiais estão "preservados" e a medida não representa uma punição a eles. 

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