Com um lance de R$ 2,19 bilhões, o grupo Ecorodovias venceu o leilão do lote Nova Raposo, realizado nesta quinta-feira, 28, na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. O leilão teve a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O lance da Ecorodovias, de exatos R$ 2.190.800,00 venceu as propostas de três concorrentes: EPR 2 (R$ 1.170.800,00), CCR (R$ 1.040.000,00) e Via Appia (R$ 477.480,00). O leilão teve um ágio de 47.000% em relação à outorga mínima. A Ecorodovias já tem a concessão de outros sistemas viários paulistas, como o Anchieta-Imigrantes e o Corredor Ayrton Senna-Carvalho Pinto.
A concessionária vai investir R$ 7,9 milhões em 92 km de rodovias, incluindo trechos da Raposo Tavares e da Castello Branco. O projeto prevê a instalação de dez novos postos de cobrança de pedágio do sistema free flow (sem cabines). Destes, cinco serão instalados no trecho da Raposo entre São Paulo (bairro do Butantã) e Cotia.
No trecho, a Raposo vai ganhar uma faixa adicional nas duas pistas e 43 km de vias marginais, somando os dois lados da rodovia.
Desde que o projeto foi anunciado, entidades ambientais e associações de moradores criticam a proposta devido ao impacto na área urbana e ambiental.
A vencedora do leilão vai cobrar pedágio nos valores entre R$ 0,64 e R$ 4,84 em toda a malha concedida.
Durante o leilão da Nova Raposo, o último deste ano, o governador Tarcísio de Freitas, fez um balanço das concessões realizadas em 2024 e anunciou aquelas previstas para o ano que vem. Ele confirmou o leilão do Lote Alto Tietê, que concede à iniciativa privada as linhas 11, 12 e 13 (Expresso Aeroporto) da CPTM, previsto para março de 2025. “Ano que vem vai ter o túnel Santos-Guarujá e o leilão das balsas (travessias de balsas no Estado). São Paulo vai continuar andando na direção certa”, disse.
Freitas confirmou também para 2025 o leilão da Linha 16-Violeta do metrô e do Trem Intercidades Sorocaba-São Paulo. Disse ainda que vai sair a duplicação da SP-055 (Rio-Santos) de Ubatuba a Caraguatatuba e a terceira pista da Rodovia dos Imigrantes.
“É sinal que a gente está acertando. Das dez melhores rodovias do Brasil, nove são em São Paulo. Isso quer dizer alguma coisa. E dessas nove, oito são concedidas à iniciativa privada”, afirmou.
Protestos
Do lado de fora da B3, isolados do acesso por uma grande metálica colocada pela Polícia Militar, integrantes do movimento ‘Nova Raposo, Não!’, formado por representantes de associações de moradores da região do Butantã, Granja Viana e da cidade de Cotia, protestaram contra a falta de maior discussão do projeto que, segundo eles, tem potencial para causar degradação ambiental. Houve protestos também contra os pedágios no trecho urbano da Raposo.
O governo paulista afirma que foram realizadas audiências públicas e houve consulta popular para a formatação do projeto, que sofreu mudanças para reduzir o impacto ambiental.
Ponte até Alto de Pinheiros foi tirada do plano
O projeto original da Nova Raposo foi alterado pelo governo, após pressão de entidades da sociedade civil. Uma ponte-viaduto que ligaria a Raposo ao bairro Alto de Pinheiros foi suprimida. No lugar, será construída uma alça de acesso da Avenida Escola Politécnica para a Marginal Pinheiros.
Também houve ajustes no traçado para reduzir o impacto sobre áreas verdes e desapropriações. As paradas de ônibus, que ficariam no eixo principal da rodovia, serão nas marginais. Uma ciclovia de 25 km foi incluída no projeto.
Além da construção das marginais, a Raposo ganhará uma faixa adicional em cada pista expressa. Na Avenida São Camilo, foram incluídas novas alças de ligação com a Granja Viana.
Na região do Butantã, na zona oeste capital, estão previstas várias intervenções, como a construção de três novas pontes sobre o Rio Pinheiros, próximo à Ponte Eusébio Matoso, e de túnel e valas na ligação da Rua Sapetuba com a Avenida Francisco Morato.
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