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Lentidão em SP chega a mais de 800 km em dia de greve dos metroviários, aponta CET

Na volta para casa, engarrafamentos eram registrados em 823 quilômetros de vias na cidade. Paralisação do serviço afetou deslocamento em todas as regiões da capital

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Foto do author Wesley Gonsalves
Por Wesley Gonsalves e Caio Possati
Atualização:

A cidade de São Paulo apresentou mais de 800 quilômetros de lentidão no final da tarde desta quinta-feira, 23, que marcou o primeiro dia de greve dos metroviários na capital paulista. No final da tarde e início da noite, entre 18h e 19h, a Companhia de Engenharia de Trafego (CET), com o suporte de rastreamento do aplicativo Waze, registrou 823 quilômetros de lentidão nas ruas e avenidas da cidade.

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A impossibilidade de usar as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata (Monotrilho) da Companhia do Metropolitano do Estado (Metrô), que transportam 2,8 milhões de pessoas por dia, levou os passageiros a buscar outras alternativas de deslocamento, como ônibus - que tiveram suas frotas aumentada - e caronas por aplicativo.

A Prefeitura de São Paulo também suspendeu o rodízio de veículos durante todo este primeiro dia de greve, o que pode ter ajudado a aumentar a quantidade de veículo nas ruas. A decisão vai ser manter para a sexta-feira, conforme informou a Secretaria de Mobilidade e Trânsito do município e a CET na noite desta quinta.

Usuários caminham na transferência entre a linha 1-Azul do metrô e a CPTM, onde os trens fazem ligação com a zona leste de São Paulo.  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

O trecho com maior quantidade de tráfego lento foi na zona sul, com 244,3 km, seguida por zona oeste (239 km), leste (156,5 km), norte (109,5 km) e centro (68,9 km). No período da manhã, a CET/Waze também identificou mais de 800 quilômetros de lentidão nas vias de São Paulo. E, desde às 17h30, a cidade registra mais de 700 quilômetros de engarrafamento nas vias.

A paralisação dos metroviários, deflagrada em assembleia na noite da última quarta, afetou negativamente também os motoristas de aplicativo, como Uber e 99, que esperavam faturar com a alta demanda e com o aumento de preços das caronas. A lentidão nas ruas, porém, impediu que os condutores fizessem uma grande quantidade de viagens, o que diminui o faturamento do dia trabalhado.

Em alguns casos, alguns acabaram até reduzindo a sua média de ganhos devido ao trânsito na cidade. Esse é o caso de Luciano Bertalo, de 42 anos, que começou a trabalhar por volta das 6h, de olho nos trabalhadores que não poderiam utilizar o serviço de metrô durante as paralisações do serviço.

Bertalo conta que, assim como os preços mais altos das corridas, o tempo médio das duas viagens também disparou, o que o levou a reduzir o número de passageiros e, consequentemente, a diminuir os ganhos nesta quinta-feira. “O trânsito empatou tudo. Eu até mudei a rota para ver se conseguia mais passageiros, mas não deu em nada”, diz.

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O motorista também conta que, devido ao faturamento menor, o seu turno de trabalho vai ter que ser “esticado”. “Geralmente faço de oito a 10 horas, mas hoje vou ficar pelo menos 12 horas para bater a meta”, afirma.

Assim como Bertalo, outros motoristas estavam no aguardo dos passageiros que não conseguiram usar o metrô durante a greve. Por volta das 18h, um grupo de condutores de táxis e carros por aplicativo formavam uma fila ao lado da Estação Corinthians-Itaquera, na zona sul da cidade.

Com a redução na oferta de linhas de metrô, o preço das viagens em aplicativos de transporte particular como Uber e 99 chegaram a dobrar no período de pico, quando boa parte dos paulistanos tentavam voltar do trabalho para casa.

Para quem não quis, ou não podia desembolsar uma quantia mais pelos carros de aplicativo, a saída para chegar em casa foi utilizar as linhas de ônibus. No terminal de Corinthians-Itaquera, no entanto, alguns passageiros reclamavam da falta de informação, tanto sobre a paralisação, quanto dos trajetos feitos pelos ônibus do transporte público.

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A atendente Rebeca Pimentel, de 23 anos, deixou a farmácia onde trabalha, no bairro da Aclimação, por volta das 15h. Depois de três horas no trânsito, a jovem aguardava na fila de uma das linhas do terminal para embarcar para sua casa em Arthur Alvim. “Eu perguntei para os guardas de segurança, mas nenhum soube me informar com certeza se esse é realmente o ônibus que eu preciso”, conta. “Geralmente eu demoro um hora de metrô até a minha casa, mas hoje, para chegar no trabalho, foram mais de três horas no ônibus.”

Caos

Deflagrada na noite de quarta, a greve a paralisação dos metroviários começou à 0h desta quinta-feira. Na madruga o Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo, sugeriu ao Metrô para liberar as catracas das estações e permitir o uso do transporte sem o pagamento da tarifa.

Por volta das 9 horas, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) autorizou, pela primeira vez na história, a abertura das catracas sem cobrança das passagens, acatando a reivindicação da categoria.

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Após o meio-dia, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) divulgou uma decisão que impediu a liberação das catracas e determinou o funcionamento de, no mínimo, 60% do serviço no horário normal e de 80% no pico (das 6h às 9h da manhã e das 16h às 19h).

A liminar foi concedida a pedido do próprio Metrô, que pleiteava retomar 100% nos horários de pico, e 80% nos demais, além da cassação da “catraca livre”. No final da tarde, O metrô informou que as vias tiveram trechos liberados e passaram a operar de maneira parcial até às 20h.

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