Liceu Coração de Jesus: Prefeitura vai pagar mensalidades de 200 alunos para evitar fechamento

Tradicional colégio de São Paulo sofre com a falta de estudantes e a sensação de insegurança na região central

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Foto do author Gonçalo Junior
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo pretende assinar um convênio com o colégio Liceu Coração de Jesus, localizado em Campos Elíseos, centro de São Paulo, para evitar o encerramento das atividades escolares no ano que vem, como a instituição chegou a anunciar. Os planos foram revelados na tarde desta sexta-feira, 19, após uma visita do prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao local.

Na prática, o poder municipal propõe um modelo inédito em que vai manter os alunos atuais e custear as mensalidades de 200 alunos da região, transformando o local numa Escola Municipal de Educação Fundamental (EMEF). “Estamos propondo de forma inédita que o ensino infantil e fundamental permaneçam por meio de um convênio com a prefeitura”, informou o prefeito.

Fachada do Liceu Coração de Jesus. Tradicional colégio de São Paulo vai interromper o ensino depois de 137 anos de funcionamento. Foto: Hélvio Romero/Estadão (20/10/2017)

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A parceria é semelhante ao modelo adotado com as creches credenciadas, mas não existe convênio desse tipo para o ensino fundamental. Os custos da operação não foram divulgados e a parceria deverá ser formalizada em setembro. “Aqui é um caso esporádico, específico, de equipamento de 137 anos com um grande apelo da comunidade. É excepcionalidade”, justificou Nunes.

A direção da escola considera que a entrada dos novos alunos será suficiente para manter as atividades escolares. “Há cinco anos, nós tínhamos um bom número de alunos, 450, 500. Esse número foi decaindo. Hoje, temos 180, 190 alunos, o que é inviável para manter a escola funcionando. Estamos sonhando com essa parceria de dar continuidade aos alunos que nós temos e somar outro número da demanda da prefeitura”, afirmou o padre Ernesto Piccinini, inspetor do Liceu.

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Falta de segurança afastou alunos do colégio tradicional 

Na quarta-feira, a entidade com 137 anos de história informou que a escola deixaria de receber alunos em 2023 por problemas financeiros e queda na quantidade de estudantes. A creche e o abrigo, duas ações sociais praticadas pela instituição com a Prefeitura, não serão afetadas e continuam abertas.

A falta de segurança pública no entorno da escola contribuiu para a diminuição de estudantes atendidos pelo Liceu, que está localizado a 500 metros da Praça Princesa Isabel, um dos endereços da concentração de usuários e traficantes de drogas conhecida como Cracolândia. Uma série de operações policiais na região, ao longo do primeiro semestre deste ano, dispersou o grupo por vários pontos da região central. Hoje são várias minicracolândias.

Questionado sobre o tema, Nunes disse que a “situação é verdadeiramente diferente” do no passado. “O problema da Cracolândia é menor que 2016. Não temos mais a feira do crack. A situação não está resolvida, mas a gente está em um grande passo para resolver. Já foram presos 135 traficantes. Além disso, continuamos com o atendimento de saúde e assistência social”, disse Nunes.

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Na visão do prefeito, a melhoria das condições de segurança pública permitem a parceria com o Liceu. “O que houve com o Liceu não é de hoje. É um histórico que vinha desde 2013, agravado em 2016. Por isso, com uma situação melhor, é possível retomar essa atividade para oferecer educação de qualidade”, disse o prefeito.

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