Marginal Tietê amanhece alagada e com pontos de interdição após chuva forte; veja vídeos

Via registrou oito pontos de alagamento após chuva forte da véspera; governo estadual diz que rio não transbordou e fala em possível entupimento de galerias; Prefeitura afirma não ter identificado problema desse tipo

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Foto do author Giovanna Castro
Foto do author Gonçalo Junior
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A Marginal Tietê amanheceu com alagamentos intransitáveis em diversos pontos, em ambos os sentidos, na manhã deste sábado, 1º, após as fortes chuvas na véspera. A via é uma das principais da capital paulista e de quem vem de outros municípios. Ela liga o Cebolão, na zona oeste de São Paulo, à Rodovia Ayrton Senna, na zona leste.

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Ao longo do dia, a recomendação da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) foi para que os motoristas evitassem a Marginal, que só ficou completamente liberada por volta das 12h40. Cidades da região metropolitana - como Guarulhos, Franco da Rocha e Caieiras - também sofreram neste sábado com os impactos do temporal.

A Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura, da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que o Tietê não transbordou. E a pasta diz que os alagamentos podem ser resultado de entupimento ou insuficiência de galerias pluviais.

Já o Município, da gestão Ricardo Nunes (MDB), nega ter identificado entupimento em galerias. O prefeito destacou ainda os investimentos na área e o volume elevado de chuvas. Mas reconheceu a necessidade de que avance o desassoreamento dos rios e disse tratar disso em reuniões com o Estado (leia mais abaixo).

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Como o Estadão mostrou, a Prefeitura só concluiu em dezembro o plano de redução de riscos de chuvas, previsto pelo Plano Diretor da cidade há dez anos. O número de dias com chuvas extremas na capital triplicou em apenas uma década, conforme dados meteorológicos que comprovam os efeitos das mudanças climáticas.

Marginal do Tietê ficou alagada na altura da Ponte das Bandeiras, entre outros locais. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O ponto mais crítico estava nas proximidades da Ponte das Bandeiras, onde duas pistas inteiras ficaram completamente submersas. A região da Ponte Atílio Fontana também foi bastante prejudicada. Para tentar contornar o problema, a Prefeitura enviou três caminhões para sugar a água acumulada. Os desvios provocaram congestionamentos na região.

A Prefeitura também informou que não aplicará sanções aos caminhões que tenham circulado pelas zonas de restrição de tráfego para esses veículos neste sábado.

Além disso, um trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi atingido por um deslizamento de terra após o temporal. O maquinista ficou levemente ferido e a Linha 7-Rubi teve a operação suspensa em um trecho pela manhã.

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Prefeitura trabalha para conter alagamentos na Marginal do Tietê, na altura da Ponte das Bandeiras. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Conforme o monitoramento do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da Prefeitura (CGE), ao todo, foram oito pontos de alagamento em pistas da Marginal Tietê:

  • Ponte da Casa Verde, nas pistas local e central, sentido Cebolão;
  • Ponte das Bandeiras, em Santana, nas pistas local, expressa e central, sentido Cebolão;
  • Ponte do Piqueri, na Lapa, na pista local sentido Rodovia Ayrton Senna;
  • Ponte Atílio Fontana, na Lapa, na pista local, sentido Rodovia Ayrton Senna;
  • Ponte Freguesia do Ó, na Lapa, na pista central, sentido Ayrton Senna;

Governo de SP afirma que Tietê não transbordou

A Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado afirmou que, apesar da subida do volume de água do Tietê, não houve transbordamentos. “Não há registros de extravasamentos nas estruturas cuidadas pelo Estado após as chuvas recentes”, diz.

“Nos dois últimos anos, foram investidos R$ 1,7 bilhão em obras, incluindo a construção de piscinões, estruturas de macrodrenagem e desassoreamento”, continua.

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Os alagamentos teriam sido causados por insuficiência ou entupimento das galerias pluviais na região da Marginal, conforme a pasta.

A hipótese da insuficiência de escoamento também foi levantada pelo meteorologista Michel Pantera, do CGE. “Com o nível dos rios elevados, as galerias não conseguem escoar a água para eles e ocorre o fenômeno conhecido como refluxo”, afirmou em entrevista à Rádio CBN.

A Prefeitura afirma não ter identificado entupimento nas galerias. “Até o início da manhã, o Rio Tietê já havia baixado 1,7 metro. A Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) está atuando com o bombeamento do Tietê para o Rio Pinheiros, ajudando na diminuição do seu volume”, disse o poder municipal, também em nota.

“Um volume muito grande de água em um espaço pequeno de tempo. Tivemos 120 milímetros de chuva num dia, enquanto a média de janeiro (inteiro) era de 250 milímetros”, afirmou o prefeito.

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Nunes admitiu a necessidade de obras de desassoreamento nos rios. “O desassoreamento precisa melhorar. Temos tido reuniões constantes (com o governo estadual). Eles vão ampliar os programas”, disse ele, que visitou neste sábado o Jardim Pantanal, na zona leste, área tradicionalmente afetada por enchentes.

Segundo o prefeito, o objetivo da Prefeitura é tirar os moradores dessas áreas de risco da zona leste. Naquela região, segundo o poder municipal, 4,8 mil família já foram retiradas. Em toda a capital, são estimados 490 mil moradores de regiões com perigo de deslizamento ou inundação.

Marginal Tietê fica alagada por conta de fortes chuvas desta sexta-feira, 31. Foto: Reprodução/X: @malukinho153 e @Matheus_mfjj

A Prefeitura de São Paulo decretou estado de atenção para alagamentos nesta sexta, com alerta severo para chuva - emitido novamente no sistema broadcast da Defesa Civil do Estado, que envia notificação aos celulares que estão no perímetro de risco.

O temporal se espalhou para as outras regiões da capital e região metropolitana. Em Guarulhos, a Defesa Civil registra chuvas volumosas que provocaram diversos pontos de alagamento nas ruas e em residências. Três deslizamentos de terra foram identificados no bairro de Cabuçu, sem vítimas.

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A região de Vila Any permanece alagada em diversos pontos. A Defesa Civil está no local com bote para resgatar moradores ilhados.

O mesmo cenário de salvamento foi visto em Franco da Rocha, também na região metropolitana. Nas proximidades das estações Caieiras e Franco da Rocha, o transbordamento do córrego Ribeirão Eusébio deixou vários bairros ficaram embaixo d’água. A região central foi a mais afetada.

“A Defesa Civil está atendendo chamados de deslizamentos de terra em alguns pontos da cidade, em especial nos bairros do Parque Lanel, Jardim Progresso, Parque Vitória e Vila São Benedito”, disse a prefeitura da cidade.

Conforme o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Franco da Rocha registrou 107 mm de chuva em 24 horas. Em outros pontos, como Caieiras e Ferraz de Vasconcelos, choveu mais de 120 milímetros. O volume é quase a metade do esperado para o mês de janeiro na região (258 milímetros, conforme a Prefeitura de São Paulo).

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Também choveu forte em diversas áreas do interior e do litoral. No Guarujá, segundo a Defesa Civil Municipal, houve três chamados para deslizamentos de terra e 14 desalojados, mas essas pessoas já retornaram para suas casas neste sábado.

Chuvas devem continuar até domingo

O alerta meteorológico emitido pela Defesa Civil estadual segue vigente, e prevê que as chuvas fortes sigam acontecendo até domingo, 2. A recomendação é que em caso de tempestades os cidadãos permaneçam em local seguro.

  • Em veículos, deve-se evitar locais com possibilidades de enchentes, como corredores de baixadas ou vias às margens de rios e córregos;
  • Motociclistas devem evitar pontos com corredeiras, ou em que a água ultrapasse vinte centímetros ou não permita visibilidade do terreno;
  • Os moradores de áreas suscetíveis a riscos de deslizamentos devem buscar abrigo em locais seguros com seus familiares, especialmente se perceberem sinais de risco, tais como deslocamentos de terra, estalos em construções, rachaduras no solo e inclinações de árvores ou postes.

Em caso de emergência, é possível acionar a Defesa Civil pelo telefone 199. / COLABOROU GONÇALO JUNIOR

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Correções

Não houve extravasamento do Rio Tietê, como disse a primeira versão do texto. Após o esclarecimento da Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo a respeito, o texto foi corrigido.

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