Análise|Matar delator era questão de honra no PCC, mas quem vazou informação de que ele estava no aeroporto?

Atentado contra Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi planejado com antecedência, provavelmente com dados vindos de fontes que sabiam o que estava acontecendo

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Por Bruno Paes Manso
Atualização:

O atentado contra Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, nesta sexta-feira, 8, foi um desfecho trágico que era iminente. Ele vinha fazendo a delação premiada e era suspeito de ter mandado matar um integrante importante do Primeiro Comando da Capital (PCC), o Cara Preta, e seu motorista. Como as matérias do Estadão têm mostrado, ele também fazia parte de um grupo da facção que movimenta muito dinheiro por causa das relações com o tráfico internacional de drogas.

Gritzbach voltava de viagem quando foi baleado no Aeroporto de Guarulhos. Foto: Polícia Civil/Divulgação

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Isso acaba levando a vários esquemas de lavagem com criptomoedas, imóveis, postos de gasolina... e ele era um dos mediadores desse esquema de lavagem. Diante dessa ameaça de morte constante, já se falava e era sabido do grau de risco que Gritzbach corria. Tanto que ele chegou a sofrer um atentado por um sniper dentro do prédio em que morava.

Portanto, esse quadro e essa forma de execução apontam para esse tipo de suspeita. Pelo que a gente vinha acompanhando nas apurações e por esse papel que ele teria na delação de vários esquemas do PCC que ele conhecia muito bem, a morte dele tinha virado uma questão de honra. É claro que depende de investigação, mas essa é uma hipótese que vem sendo construída e apurada pela polícia e pelo Ministério Público ao longo dos anos.

E por que um ataque no Aeroporto de Guarulhos? Acredito que isso tenha sido uma questão de oportunidade. Mesmo ele se protegendo e tomando precauções, essa ida ao aeroporto, provavelmente, foi uma chance de ele ser pego desprevenido.

Para os criminosos, o local público é pior para esse tipo de ataque, porque aumenta o risco de identificação, de prisão, de dar errado. O ideal para eles seria que fosse feito sem testemunha, de forma discreta. Mas foi sobretudo uma questão de oportunidade para eliminar um cara que era alvo central e uma questão de honra mesmo para essa cúpula muito endinheirada e forte. Foi uma chance que eles tiveram, provavelmente com uma informação que deve ter vindo de fontes que sabiam o que estava acontecendo. E eles tiveram tempo de planejar.

Então também tem essa coisa do vazamento de informação que é uma suspeita relevante. Como é que vazou? Como é que eles puderam chegar no alvo? Como é que eles tiveram a chance de fazer esse planejamento? São perguntas que ainda não têm respostas.

Análise por Bruno Paes Manso

Jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP

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