Fazenda dos filmes de Mazzaropi e refúgio de animais silvestres: um passeio no interior de SP

Conhecida como ‘Capital Nacional da Literatura Infantil’, cidade oferece boas opções turismo para crianças, estudantes e religiosos

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Foto do author Ana Lourenço
Atualização:

Comunicar nem sempre é fácil, mas Taubaté tem entre seus cidadãos mais ilustres gente que tinha talento com as palavras, como o escritor Monteiro Lobato, o cineasta Amácio Mazzaropi, a atriz Celly Campello e a apresentadora Hebe Camargo.

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Hoje, cidade grande, com mais de 310 mil habitantes, Taubaté faz questão de prestar homenagem a esses seus filhos, e assim trazer visitantes para suas terras a 130 km da capital paulista. Um dos pontos principais é o Sítio do Picapau Amarelo,na chácara onde o avô de Monteiro Lobato morava e o escritor passou boa parte da infância.

O casarão onde funciona o Museu Monteiro Lobato conta a história do escritor e teve sua estrutura feita em 1960 de taipa de pilão. Antes de entrar ali, o visitante passa por um jardim, repleto de esculturas dos personagens do programa: Emília, Narizinho, Cuca e tantos outros. Nos fins de semana, ali há também feirinhas de artesanatos que trazem objetos com a temática do sítio.

Espaço do Museu Mazzaropi fica em fazenda onde foram gravados últimos filmes do cineasta Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

“O que mais trabalhamos no museu é o imaginário, o lúdico que tem no acervo do escritor”, conta Wallace Ferreira, coordenador do espaço. “Queremos sempre preservar essa persona que foi Monteiro Lobato, mas também divulgar essa obra para que perdure por muitos anos ainda.”

De sábado e domingo os personagens visitam o sítio e até preparam um teatro gratuito para os visitantes. A retirada de senhas é feito com 30 minutos antes de cada sessão (ver abaixo) e os assentos são limitados. Fora desses horários, eles estão disponíveis para fotos e interações.

É importante dizer que a uma hora dali, no Município de Monteiro Lobato, existe outro Sítio do Picapau Amarelo, intitulado “o verdadeiro” e pode ser facilmente confundido com o espaço cultural de Taubaté.

Mas, segundo Ferreira, as propostas são diferentes. “Aqui é a cidade onde Lobato nasceu, é o sítio do avô dele, onde ele cresceu e lá foi um lugar que ele morou na fase adulta”, afirma.

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Personagens do Sítio do Picapau Amarelo visitam Museu do Monteiro Lobato durante os finais de semana Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

Museu Mazzaropi

Outra importante figura de Taubaté foi Amácio Mazzaropi, ator, roteirista e cineasta brasileiro, ou como alguns gostam de chamá-lo: o Charles Chaplin brasileiro. Isso porque era um artista completo: conseguia ver o que era invisível para a sociedade e transformar em arte. E a sua necessidade de falar sobre a cultura brasileira era tanta que ele mesmo começou a produzir e distribuir seus filmes - e não por acaso teve enorme importância para o cinema brasileiro.

Seu personagem mais famoso, Jeca Tatu, na verdade foi inspirado em ‘Jeca Tatuzinho’ (sujeito criado por Monteiro Lobato nos anos 20), e foi com ele que o roteirista se tornou o homem que reinventou a figura do caipira no Brasil. Histórias que, para o curador do museu dedicado ao cineasta Claudio Marques, se relacionam. O próprio Mazzaropi dizia: “O segredo do meu sucesso é falar a língua do meu povo.”

“A história de Mazzaropi e a história do Brasil se conversam. Ele sempre falou de assuntos que são questões importantes até hoje, como o racismo, a exploração, o cuidado com o meio ambiente. Além de que as histórias dele são documentos sobre o crescimento das cidades, seja São Paulo ou Vale do Paraíba. É histórico.“, conta ele.

A exposição permanente do local, “Mazzaropi, o Brasil e a Felicidade” foca em contar a história do artista e do seu tempo, que começa no século 20. Através dos objetos espalhados no espaço dedicado ao artista, é possível entender essa lógica.

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Criado em 1992 por João Roman Júnior para homenagear seu velho amigo Mazzaropi, o acervo conta com mais de 30 filmes, vestimentas e peças usadas em suas produções e até câmeras antigas usadas para a gravação. O espaço também serviu de cenário para os últimos filmes feito por Mazzaropi, e hoje funciona como Hotel Fazenda Mazzaropi, que garante entrada gratuita no museu para os seus hóspedes.

A visita pode ser guiada (R$ 12, normalmente feita para grupos) ou ser feita no ritmo de cada visitante (R$11). Depende, claro, da escolha e da curiosidade que cada um olha, mas a visitação dura, em média, duas horas.

“Há vários modos de aproximação com o visitante que chega. Por exemplo, tem a criança que vem de uma família que já assistia Mazzaropi, que chega com certa admiração pela figura. E a criança que nunca viu esse cinema e existe um estranhamento grande. Dependendo do público, abordamos uma versão de Mazzaropi diferente”, brinca Marques, citando desde o lado cômico do cineasta até o lado político.

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Durante os dias 6 e 7 de abril, acontecerá a Semana Mazzaropi, com música ao vivo, apresentações de dança e oficinas recreativas inspiradas no universo do cineasta. O evento anual que presta homenagem ao aniversário de nascimento de Mazzaropi é aberto ao público com entrada gratuita. Durante todo o evento, um ator estará interpretando o icônico Jeca, que será anfitrião do público e na praça de alimentação os visitantes poderão provar comidas da culinária local.

Projeto Selva Viva

Inaugurado em janeiro de 2021, o Projeto Selva Viva homenageia moradores mais antigos do que os humanos na região: os animais. “Somos um centro de triagem e reabilitação de animais silvestres. Recebemos animais feridos que foram encontrados pelo Ibama, pela polícia ambiental, defesa civil, guarda civil e pela comunidade e cuidamos deles”, explica Marcus Buononato, biólogo chefe do projeto.

Quando se recuperam e pertencem à região, são soltos na natureza. Se originários de outro bioma, são acolhidos pelo projeto ou enviados para instituições parceiras.

Muitas vezes, são feitos intercâmbios para que os visitantes de Taubaté conheçam animais como cangurus Wallaby, onças-pintadas, suricatos, corujas, flamingos, tamanduás, raposas, jararacas e mais.

Ao todo, são três andares de visitação, com animais que viveram em cativeiro quase toda a vida, portanto não têm medo dos humanos e não costumam ficar escondidos durante as visitas. Pelo contrário, eles interagem e até correm para o vidro, curiosos com a chegada do público.

Harpia, um dos animais que eram considerados deuses pelos egípcios Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

O ingresso (R$55 a inteira) não só dá direito à visitação (que leva cerca de 3 a 4 horas), mas também às atividades de interação com alguns animais, que ocorrem todos os dias.

“Temos várias interações, todas elas feitas com animais que se adequam a esse tipo de atividade, onde buscamos mostrar principalmente educação ambiental. Não é fazer com que a pessoa saia do projeto querendo uma cobra, por exemplo, mas sim sabendo a importância dela e de outros animais que são amaldiçoados pela comunidade”, conta o biólogo.

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Para criar uma experiência imersiva, os responsáveis criaram dois novos espaços: o Vale dos Reis e o Jurássico. No primeiro, a ideia é relembrar como os animais eram endeusados pelos antigos egípcios. Lá, é possível entrar em uma tumba, com representações de divindades, múmias e hieróglifos.

“Além de nos inspirarmos nos deuses zoomórficos dessa cultura e trazer esses animais para cá, queremos relembrar a importância do respeito e da preservação”, explica Buononato.

Já no Jurássico, o visitante é recebido pelo casuar, considerada a única ave capaz de matar um ser humano, e é conhecida por ser um “fóssil vivo”. Por um preço extra, os visitantes também podem fingir serem exploradores e encontrar fósseis ou pedras minerais.

“Quando você ensina desse jeito lúdico, a pessoa nem percebe: vem visitar os animais e sai daqui com uma aula de biologia, de evolução, de comportamento”, diz o biólogo.

Pérolas da cidade

Durante o passeio pela cidade, também é possível encontrar alguns pontos turísticos que valem a pena a visita, como o Santuário Santa Teresinha, construído em 1923. Além de ter sido a primeira construção do mundo feita em homenagem à santa, é conhecido pela sua imponente de arquitetura gótica inspirada na igreja francesa de Saint Pierre de Lisieux.

Seguindo a mesma linha do turismo religioso, Taubaté também abriga seu próprio Cristo Redentor. Esse, bem menor do que o carioca, claro, com 23m de altura e uma capela em sua base.

Construído em um dos pontos mais altos da região, dá a impressão que protege e presenteia os visitantes com uma vista privilegiada da Serra da Mantiqueira e da Garganta do Piracangaguá (que foi utilizada pelos bandeirantes como passagem para Minas Gerais).

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Santuário de Santa Terezinha com luz azul e vitrais Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

Serviço

  • Sítio do Picapau Amarelo | Museu do Monteiro Lobato

Endereço: Av. Monteiro Lobato, s/n - Chácara do Visconde

Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 9h às 16h30 e domingo das 11h às 16h30.

Gratuito. Mais informações: (12) 3622-2272

Teatro dos personagens: sessões de sábado às 11h e às 16h; sessão de domingo às 15h

  • Museu Mazzaropi

Endereço: Estrada Amácio Mazaropi, 249

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Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 8h30 às 12h.

Mais informações: www.museumazzaropi.org.br

  • Projeto Selva Viva

Endereço: Estrada do Barreiro, 7659

Horário de funcionamento: sábado, domingo e feriados das 9h às 17h

Valores: R$ 55 a inteira; R$ 35 para crianças de dois a 12 anos.

Mais informações: www.instagram.com/projetoselvaviva/

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  • Santuário Diocesano de Santa Teresinha

Endereço: Praça Santa Teresinha - Centro, Taubaté

  • Cristo Redentor de Taubaté

Endereço: Praça Cristo Redentor, 280

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