Menino de 2 anos morre após ser picado por cascavel no interior de SP

Pai matou a cobra e levou a criança a uma unidade de pronto atendimento, mas ela não resistiu

PUBLICIDADE

Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

Um menino de 2 anos morreu após ser picado por uma cobra cascavel, neste fim de semana, em Panorama, no oeste do estado de São Paulo. O acidente aconteceu na noite de sábado, 18. O pai conseguiu matar a cobra e a levou, com o filho, a uma unidade de pronto atendimento. O soro anticrotálico, no entanto, só foi aplicado na manhã de domingo, 19, cerca de 12 horas após o ataque da serpente. A criança morreu horas depois.

PUBLICIDADE

De acordo com a declaração do pai do menino Gael Henry Jesus Ribeiro, ele estava com os filhos preparando um acampamento de pesca no bairro Angico, zona rural de Panorama, quando o menino se deslocou para um outro ponto com um dos irmãos para fazer xixi. No caminho, a cascavel o mordeu na panturrilha. Acorrendo aos gritos da criança, o pai matou a cobra, que identificou como sendo uma cascavel pela presença do guizo – conjunto de escamas que vibram – na cauda do animal.

Por volta das 19 horas, a criança deu entrada no Pronto-Atendimento Municipal de Panorama. Conforme a Secretaria de Saúde do município, o menino recebeu soro para hidratação e antibiótico. Às 7h40 de domingo, 19, com o quadro mais agravado, o menino recebeu o soro anticrotálico, indicado para acidentes com cascavel. O quadro continuou se agravando e, às 11h58, Gael deu entrada no Hospital Regional (HR) Estadual de Presidente Prudente, onde veio a óbito pouco mais de uma hora depois.

O menino de 2 anos, picado por uma cascavel, foi levado ao Hospital Regional de Presidente Prudente, mas não resistiu Foto: HR/Site Oficial/Reprodução

O corpo foi encaminhado para exames no Instituto Médico Legal (IML). A Polícia Civil aguarda o laudo para a abertura de um inquérito que vai apurar as circunstâncias da morte da criança. O velório de Gael teve início às 8 horas desta segunda-feira, 20, no Velório Municipal de Panorama. O sepultamento estava marcado para as 16 horas, no cemitério público local.

Publicidade

Protocolo

A Secretaria de Saúde do município informou que o médico plantonista seguiu o protocolo recomendado pelo Instituto Butantan, de aplicar o soro anticrotálico apenas quando a vítima apresenta os primeiros sintomas do veneno da cobra. Segundo a pasta, após a aplicação do soro, com o quadro estável, foi solicitada vaga ao hospital de Presidente Prudente para dar continuidade ao atendimento.

O Hospital Vital Brazil, vinculado ao Instituto Butantan, informou que, ao receber o telefonema da prefeitura de Panorama, na noite de sábado, seguiu o protocolo, orientando para que o soro fosse administrado assim que surgisse qualquer manifestação de envenenamento.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o Hospital Regional de Presidente Prudente (HRPP) lamenta a morte do paciente e contou que, de forma imediata, prestou todo atendimento necessário após sua entrada na unidade, às 11h58 do domingo, 19, “em estado grave e com parada cardiorrespiratória”. A Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) informou que o paciente foi inserido na regulação pelo município de Panorama às 7h45 de domingo, tendo vaga cedida às 8h27 pelo HRPP. “A transferência do paciente é de responsabilidade da unidade de origem”, diz a nota.

A cobra

A cascavel é a segunda mais venenosa entre as serpentes peçonhentas do Brasil, atrás apenas da coral verdadeira. No entanto, é a jararaca que responde por mais de 80% dos acidentes no país.

Publicidade

As cascavéis, dos gêneros Crotalus e Sistrurus, possuem um chocalho na cauda, formado pela troca de cascas, que vibra e produz um ruído característico quando o animal se sente ameaçado. Esse comportamento também previne acidentes, já que é bastante conhecido de moradores de áreas rurais.

O que fazer em caso de picada de cobra

Até o dia 17 de outubro deste ano, seis pessoas morreram por acidentes envolvendo serpentes no estado de São Paulo, 50% a mais do que no mesmo período de 2022, quando foram 4 mortes. Este ano, houve 1.686 casos, menos que os 2.214 do ano passado, segundo dados da SES.

Em caso de acidente por animais peçonhentos, a população deve procurar o serviço de saúde mais próximo para que possa receber o atendimento adequado o mais rápido possível. Caso não seja uma unidade referenciada, o hospital deve encaminhar o paciente ao local apropriado com a maior agilidade possível.

Atualmente, existem 213 pontos estratégicos de soro antiveneno para atendimento aos acidentados com escorpiões e outros animais peçonhentos em todo o estado de São Paulo. As unidades foram distribuídas estrategicamente para reduzir o tempo entre a picada e o atendimento, sobretudo para o socorro de crianças de até 10 anos, que precisam de atendimento mais rápido. As unidades referenciadas podem ser consultadas em https://cievs.saude.sp.gov.br/soro/.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.