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Mocidade Alegre é campeã do carnaval de São Paulo

Com enredo sobre primeiro samurai negro da história do Japão, Morada do Samba conquistou o seu 11° título; Vai-Vai e Camisa Verde e Branco voltam ao Grupo Especial

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Por Caio Possati
Atualização:

A Mocidade Alegre é campeã do Carnaval de São Paulo de 2023. Depois uma disputa acirrada com a Mancha Verde, campeã de 2022, o título voltou para a Morada do Samba nesta terça-feira, 21, nove anos depois da última conquista, em 2014. Com a pontuação máxima (270), a agremiação não perdeu pontos - os únicos 9.9 que recebeu foram descartados - e conquistou o 11° título da sua história. Quinta escola a desfilar no sábado, a Mocidade levou para o sambódromo a trajetória do moçambicano Yasuke, o primeiro samurai negro da história do Japão.

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Em segundo lugar, ficou a Mancha Verde (269,9 pontos); em 3º, Império de Casa Verde (269,9); em 4º, Tatuapé (269,9), e em 5º, a Dragões da Real (269,8). Império, Tatuapé e Dragões se mantiveram perto dos líderes durante a apuração e chegaram a brigar pela segunda colocação, que acabou terminando com a própria Mancha. As cinco primeiras colocadas voltam ao sambódromo para o desfiles das campeãs no próximo sábado. As duas agremiações rebaixadas para o Grupo de Acesso 1 foram Unidos de Vila Maria, que ficou em 13º, e Estrela do 3° Milênio, em 14°.

A conquista da Mocidade veio carregada de emoção e só foi garantida na última nota, no quesito Fantasia. Mas não sem antes de um susto: um 9.9 que poderia ter custado a liderança (e o título), que foi disputada de maneira próxima e alternada com a Mancha Verde - nunca estiveram mais 1 décimo de distância de uma para outra - ao longo de toda apuração, realizada no Anhembi na tarde desta terça.

Presidente da escola Mocidade Alegre comemora o título do carnaval paulista com Mestre Sombra. Foto: Werther Santana/Estadão

Ambas estavam empatadas em pontos - com vantagem para Mocidade por critério de desempate - até o penúltimo quesito, Mestre-sala e Porta-bandeira. Mas, a Mancha perdeu um décimo na parcial e o caminho ficou livre para a Mocidade assumir a primeira colocação de forma isolada e com a permissão para levar um 9.9 nas últimas quatro notas, se as outras três fossem 10.

Para o susto dos simpatizantes da escola vermelha, verde e branca, foi exatamento o que aconteceu. O susto no fim, porém, foi tomado de alívio. Com três notas máximas, a Mocidade atingiu 270 e levou o título. “Quantas coisas acontecem na última nota, não é? A gente estava nessa apreensão, mas deu tudo certo”, disse a presidente da escola Solange Bichara após a apuração.

À imprensa, ela ainda fez elogios ao casal de mestre-sala e porta-bandeira Natália Lago e Jeferson Gomes, que estrearam este ano pelo escola, e também ao enredo proposto pelo carnavalesco Jorge Silveira. “Ele nos convenceu de que seria o enredo certo e realmente foi”, disse a presidente.

As representações das gueixas e dos samurais japoneses indicaram o capricho e o cuidado da Mocidade com a fantasia, quesito que lhe deu o título. Nos carros-alegóricos, um guerreiro sendo banhado por uma queda d’água e o dragão abraçado a uma espada girando sobre a alegoria, também impressionaram o público. A última alegoria, com um menino negro segurando um origami e um livro, trazia a mensagem que todas as crianças, assim como Yasuke, podem ser quem elas desejam.

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A Mocidade Alegre levou para o Sambódromo do Anhembi a história do primeiro samurai negro Foto: Werther Santana/Estadão

Apuração

Os quesitos foram julgados na seguinte ordem: Harmonia, Bateria, Enredo, Alegoria, Evolução, Samba-enredo, Comissão de frente, Mestre-sala e porta-bandeira e, por último, Fantasia. Nenhuma das escolas sofreu penalidades e não houve desconto de pontos antes das notas serem reveladas.

No primeiro quesito, praticamente todas as escolas terminaram empatadas com a pontuação máxima (30 pontos). Apenas a Tucuruvi, cujo enredo homenageou o sambista Bezerra da Silva, teve um ponto descontado - a escola também teria um 9.8, mas foi descartado. Já nesta fase da apuração, os carnavalescos de Tom Maior e Independente Tricolor comemoravam a cada nota 10 recebida.

No quesito bateria, o equilíbrio por cima se manteve. Já na terceira nota, todas as escolas, menos a Rosas de Ouro, receberam nota 10 e permaneceram com a pontuação máxima. A Rosas de Ouro acabou recebendo duas 9.9 e se separou do bloco de líderes - que ainda contava com 12 agremiações - e empatou com a Unidos do Tucuruvi, que já havia perdido um décimo no parcial de Harmonia.

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Os grandes blocos de escolas empatadas começaram a se desmembrar no quarto quesito, Alegoria, que avalia os carros alegóricos. Os jurados se mostraram mais criteriosos e apenas Mancha Verde e Império de Casa Verde conseguiram quatro notas máximas. As duas passaram a liderar a disputa, seguidas por Mocidade Alegre e Tatuapé, que chegaram a ter descontos. Vila Maria e Rosas de Ouro passaram a ser as duas últimas da classificação.

No quesito seguinte, Evolução, porém, mudanças nas pontas. Ao receber um 9.8, a Mancha Verde caiu para a segunda colocação e viu a Mocidade assumir a liderança. As duas escolas estavam com a mesma pontuação (150 pontos), mas a Mocidade levava a melhor pelo critério de desempate - maior nota no quesito inverso ao da apuração. Tucuruvi e Estrela do 3° Milênio acabaram assumindo as duas últimas posições após esta parcial.

A Mancha Verde ficou com o segundo lugar entre as escolas do Grupo Especial de São Paulo; além dela, Império de Casa Verde (3.º), Tatuapé (4.º), e Dragões da Real (5.º) voltam ao Anhembi para o Desfile das Campeãs no sábado. Foto: Werther Santana/Estadão

No Samba-enredo, as posições não se inverteram. Mocidade e Mancha “gabaritaram” e se mantiveram nas duas primeiras colocações, seguidos de Império de Casa Verde, Tatuapé, Dragões da Real e Tom Maior, com um décimo a menos - mas separados pelos critérios de desempate.

Na Comissão de frente, novamente um alto volume de notas máximas que pouco fez alterar a posição das escolas na ponta de cima. Mocidade se manteve na frente da atual campeã, Tatuapé assumiu a terceira colocação e a Vila Maria caiu para a última colocação, com a Estrela do 3° Milênio na vice-lanterna.

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Uma reviravolta porém, aconteceu no penúltimo quesito. Ao perder dois décimos, a Mancha Verde acabou caindo para a quarta colocação e a Mocidade assumiu a liderança de forma ainda mais isolada, sem depender de critérios de desempate e com a liberdade de receber um 9.9, se conseguisse três outras notas 10.

No último e decisivo quesito, a Mocidade até chegou a ter um 9.9, o que deixou os diretores apreensivos, visto que a Mancha enfileirava notas máximas. Mas, não houve nenhuma outra virada e o descarte garantiu o 11° título da Mocidade Alegre. A Unidos de Vila Maria, que se dedicou a fazer um enredo sobre a própria escola, e a Estrela do 3º Milênio, que falou sobre a importância do riso e sobre a história da comédia, terminaram ambas com 269,1 pontos e foram rebaixadas para o Grupo de Acesso 1.

Acessos

Também nesta terça-feira foram apuradas as notas do Grupo de Acesso 1. Vai-Vai venceu a disputa e volta para o Grupo Especial em 2024, seguida da escola Camisa Verde e Branco, que terminou em segundo, e também sobe à elite. As duas também vão participar do desfile das campeãs, no próximo sábado.

Carnaval SP 2023 - Classificação Final

1º - Mocidade Alegre: 270

2º - Mancha Verde: 269,9

3º - Império de Casa Verde: 269,9

4º - Acadêmicos do Tatuapé: 269, 9

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5º - Dragões da Real: 269,8

6º - Tom Maior: 269,8

7º - Independente Tricolor: 269,7

8º - Águia de Ouro: 269,6

9º - Gaviões da Fiel: 269,6

10º- Barroca Zona Sul: 269,5

11º - Acadêmicos do Tucuruvi: 269,4

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12º - Rosas de Ouro: 269,2

13º - Unidos de Vila Maria: 269,1 (Rebaixada para o Grupo de Acesso 1)

14º - Estrela do Terceiro Milênio: 269,1 (Rebaixada para o Grupo de Acesso 1)

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