Moradores e comerciantes da Cidade Jardim, zona sul de São Paulo, têm reclamado do acúmulo de água na Rua Itapé-Açu por causa das obras de construção de um prédio no local. Além do volume despejado na via, eles se queixam do mau cheiro.
De acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a água subterrânea é proveniente de lençol freático. A Prefeitura diz que o empreendimento que está sendo erguido, o Condomínio Residencial Varanda Cidade Jardim, tem os alvarás de Aprovação e Execução de Obra Nova emitidos pelo Município.
A Itapé-Açu é uma via curta, localizada perto do Rio Pinheiros e que conecta as ruas Doutor José Augusto de Queiroz e a Avenida dos Tajurás. Dono de um escritório de consultoria comercial na Rua Itapé-Açu, o empresário João Conrado reclama que o mau cheiro da água era tanto que chegava a atrapalhar o trabalho.
“Era insuportável. E isso já vem acontecendo há um mês”, disse ele. Conrado gravou vídeos da água escura saindo por tubulações vindas da obra do prédio e escorrendo pela rua.
A água que escorre pela via interfere inclusive nas obras de reparo do asfalto na Avenida dos Tajurás - um buraco de aproximadamente um metro de diâmetro perto de um ponto de ônibus, e que obriga os carros a fazerem o desvio quando passam pela rua.
“A Prefeitura vem para tapar o buraco, mas a água não deixa secar, e aí abre de novo”, diz a funcionária de uma farmácia na Avenida dos Tajurás, que pediu para não ser identificada. Os moradores também se queixam do risco de acidentes e dizem que, quando um carro passa sobre a poça, a água acaba espirrando nas pessoas que esperam o ônibus no ponto.
A Sabesp fez vistoria no local na última semana e diz que a situação é causada por água subterrânea, proveniente de lençol freático. A companhia não identificou vazamentos e informou que as redes de água e esgoto “operam normalmente na região”.
A Secretaria Municipal das Subprefeituras, por meio da Subprefeitura do Butantã, explicou que o acúmulo de água na Rua Itapé-Açu ocorre porque parte da sarjeta está com altura acima da normalidade, o que impede o escoamento do material em uma boca de lobo, mas que o serviço de manutenção será feito no local.
”Após vistoria, identificou que se trata de água proveniente do lençol freático, que é levada até a caixa de passagem e despejada na sarjeta”, disse a Prefeitura, em nota. A Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento informou que o Condomínio Residencial Varanda Cidade Jardim possui os alvarás de Aprovação e Execução de Obra Nova emitidos pelo Município.
A gestão municipal diz que já começou a fazer o reparo no local com o serviço de tapa-buracos em 23 de junho, e iniciou a manutenção da guia e sarjeta. “O serviço será finalizado pela Subprefeitura Butantã”, informou a administração municipal.
Com duas torres residenciais e um prédio que será usado de forma comercial, o Residencial Varanda Cidade Jardim está em fase de entrega dos apartamentos. Não há pessoas morando nem trabalhando no local. Os apartamentos têm 252m², quatro vagas de garagem e depósito.
Procuradas, a Tecnum, construtora do condomínio, e a incorporadora Munnir Abbud não retornaram os contatos da reportagem, via e-mail e telefone. O Estadão também tentou conversar com os responsáveis da Tecnum indo ao escritório da empresa, mas não foi atendido.
Na quinta-feira, 22, a reportagem acompanhou a vistoria da Sabesp no local. O fiscal do órgão também tentou contato com o engenheiro da construtora, mas não foi recebido pelos responsáveis do Condomínio Residencial Varanda Cidade Jardim.
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