O campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, de 33 anos, será enterrado nesta segunda-feira, 8, no Cemitério do Morumby, na zona sul de São Paulo. O velório começou por volta das 8 horas da manhã, conforme informou a administração do cemitério. Ele foi baleado na cabeça durante um show de pagode no Clube Sírio, na zona sul da cidade, na madrugada de domingo, 7, por um policial militar de folga, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP).
A Confederação Brasileira e a Federação Internacional de Jiu-Jítsu lamentaram morte do atleta. "Lo foi um dos maiores atletas que nosso esporte já produziu. Um exemplo de verdadeiro faixa-preta, artista marcial e campeão dentro e fora dos tatames", disse a IBJJF em rede social. "A influência global, paixão e dedicação de Lo ao Jiu-Jítsu serão para sempre lembradas e homenageadas pelo grande campeão e pessoa que ele foi." No Instagram, a mãe de Lo, Fátima, prestou uma homenagem ao filho: "Está faltando um pedaço de mim".
O paulistano Leandro Lo, de 33 anos, conquistou o Campeonato Mundial de jiu-jítsu oito vezes, por cinco categorias diferentes, além de outros oito títulos no Pan-Americano e Campeonato Brasileiro. A última conquista foi em junho deste ano e foi descrita pelo lutador como uma das mais importantes da carreira - ele afirmou que vencê-la foi tão marcante quanto a primeira vez em que foi campeão, em 2012, há 10 anos. "As duas conquistas mais importantes da minha carreira, o primeiro é a sensação de conseguir ser campeão mundial, esse foi eu ainda consigo ser campeão mundial, as duas melhores sensações da minha vida", escreveu o atleta em uma de suas redes sociais.
Ele estava em meio à preparação para outro campeonato que disputaria na próxima sexta-feira, 12, em Austin, Texas, nos Estados Unidos. Uma das patrocinadoras do atleta, a Kingzkimonos descreveu Lo como uma "lenda do esporte" no Instagram.
A Confederação Francesa de Jiu-Jítsu Brasileiro também prestou homenagem ao atleta. "É um dia de tristeza incrível para toda a comunidade brasileira de Jiu-Jitsu. Hoje @leandrolojj um dos maiores campeões de jiu-jítsu do planeta nos deixou. O CFJJB envia as suas mais sentidas condolências à família, entes queridos e parceiros de treino. Descanse em paz campeão", disse.
Trajetória
Lo nasceu no dia 11 de maio de 1989, na zona oeste da capital, e iniciou em seu esporte preferido com 14 anos, sob a tutela do professor Cicero Costha, no Projeto Social Lutando pelo Bem. Foi ali que alcançou a sua faixa preta, mas já competia antes mesmo da especialização. O cartel de Leandro é incrível: 268 vitórias e apenas 39 derrotas, sendo somente dez delas por finalização. Na Copa Pódio, manteve uma invencibilidade por dois anos, entre 2011 e 2013.
No Instagram, o lutador de UFC Demian Maia homenageou Lo. "Muito mais importante do que como você se foi é como você viveu", escreveu.
O faixa-preta Braulio Estima também lamentou a morte de Lo. "Sem palavras irmão. Chocado e sem chão", postou ele.
O faixa-preta Márcio Catenacci também lamentou a morte de Lo e lembrou dos momentos alegras compartilhados juntos após os treinos.
O caso
O policial militar Henrique Otávio Oliveira, de 30 anos, se entregou à Corregedoria da PM no fim da tarde de domingo após ter a prisão decretada pela morte de Lo.
Ivã Siqueira Júnior,advogado do atleta, relatou, com base no depoimento de testemunhas, que a discussão começou quando o PM, durante o evento, foi em direção à mesa em que o lutador e outros amigos estavam e começou a mexer nas bebidas. Como reação à insistência do policial, Lo aplicou um golpe de jiu-jítsu para imobilizá-lo. “Nesse momento, o rapaz levantou, deu a volta e deu um tiro na cabeça do Leandro”, disse Ivã Siqueira. O policial ainda teria chutado a vítima duas vezes quando ela estava no chão.
Lo foi levado para o Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, onde teve a morte cerebral confirmada.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que a PM "lamenta o ocorrido" e abriu uma apuração administrativa para investigar o caso. O policial foi levado para o presídio militar Romão Gomes.
O Grupo Pixote, que se apresentava no Clube Sírio quando houve o crime, disse em nota lamentar o ocorrido. "Show é lugar de diversão e alegria e não para terminar em tragédia. Nossos sentimentos aos familiares e amigos do lutador Leandro Lo."
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.