Motorista de Porsche que matou motociclista em SP tem prisão preventiva decretada

Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, foi indiciado por homicídio doloso; advogado diz que não concorda com a qualificação

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Foto do author Giovanna Castro
Por Giovanna Castro e Leonardo Zvarick
Atualização:

Igor Ferreira Sauceda, o empresário motorista da Porsche que atropelou e matou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, na madrugada desta segunda-feira, 29, na Avenida Interlagos, zona sul da capital paulista, teve a prisão preventiva decretada no início da tarde desta terça-feira, 30, após audiência de custódia no Fórum da Barra Funda, na zona oeste.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, “as diligências prosseguem pelo 48.º Distrito Policial (Cidade Dutra), que aguarda os resultados dos laudos periciais, em elaboração pelos institutos Médico Legal (IML) e de Criminalística (IC), para análise e total esclarecimento do caso.”

Um motorista de carro de luxo atingiu e matou um motociclista na madrugada desta segunda-feira, 29, na Avenida Interlagos, na zona sul de São Paulo. Foto: Reprodução/TV Globo

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O advogado de defesa, Carlos Bobadilla, não quis se manifestar sobre a decisão do TJ-SP em converter a prisão do empresário em preventiva. Na segunda-feira, 29, Bobadilla disse que a defesa não concordava com a qualificação de homicídio doloso.

“Infelizmente, nós tivemos uma fatalidade no dia de hoje. O Igor estava voltando do seu trabalho com a namorada. O Igor não havia ingerido qualquer bebida alcoólica, qualquer entorpecente, e infelizmente aconteceu esta fatalidade.” A defesa não quis comentar os detalhes da ocorrência.

A reportagem do Estadão esteve na delegacia nesta terça e foi informada de que a investigação depende dos laudos para dar seguimento ao caso. Após o fim do inquérito, o caso será julgado e Sauceda pode sofrer pena de seis a 20 anos de prisão por homicídio de dolo eventual, quando a motivação do crime é fútil.

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Segundo o delegado do 48.° DP, Edilson Correia de Lima, o empresário teria tido um “ataque de fúria” durante briga de trânsito. Ou seja, ele assumiu a intenção de matar quando acelerou o carro e perseguiu o motociclista pela Avenida Interlagos, mas não teve motivação premeditada. O teste de bafômetro de Sauceda deu negativo.

Em seu depoimento, Sauceda disse que o motociclista teria colidido lateralmente com o seu carro, quebrado o seu retrovisor, e fugido em seguida, mas isso ainda será esclarecido com a perícia.

O velório de Pedro Kaique Ventura Figueiredo aconteceu nesta manhã no Cemitério Parque dos Girassóis, em Parelheiros, na zona sul. Seu corpo foi enterrado pela família e amigos às 15h.

O veículo de luxo e a motocicleta ficaram destruídos após o acidente na Avenida Interlagos. Foto: Reprodução/TV Globo

Versão não condiz com as imagens das câmeras de segurança

A polícia diz que os dois depoimentos feitos pelo empresário, no início da manhã e no começo da tarde de segunda-feira, “não condizem com as imagens de câmera de segurança”.

Igor teria dito que trafegava em uma velocidade entre 60km/h e 70km/h, pouco acima do permitido na Avenida Interlagos. As imagens, no entanto, mostram a Porsche em alta velocidade. De acordo com Lima, as posições do carro nos vídeos também não correspondem ao que foi relatado por Sauceda.

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Uma câmera de segurança registrou a perseguição que terminou com a morte de Pedro Kaique. As imagens mostram os instantes anteriores à batida, quando o motorista do Porsche perseguia o jovem pela Avenida Interlagos, próximo ao cruzamento com a Rua João Ludovice, zona sul de São Paulo.

A moto aparece acompanhada de perto pelo outro veículo, ambos em alta velocidade. A colisão aconteceu logo em seguida, pelo horário da gravação. O veículo de luxo e a motocicleta ficaram destruídos.

A polícia ainda aguarda a perícia do carro e coleta de mais imagens, assim como o aparecimento de possíveis novas testemunhas – um caminhoneiro teria visto e filmado o acidente – para concluir o inquérito.

Não há confirmações, ainda, de que Pedro Kaique teria de fato quebrado o retrovisor do Porsche, como afirmou o suspeito. A polícia entende que os dois homens não se conheciam. Nenhum deles tinha passagem policial.

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