SÃO PAULO - Quando Muta Zhephirin, de 31 anos, chegou a São Paulo, ela tinha fome. De Rio Branco, no Acre, até a Estação Barra Funda, na capital, foram quatro dias sem comer direito. Na viagem, parava apenas uma vez por dia. Fez a primeira refeição na segunda à noite, quando recebeu um marmitex. Durante a entrevista, segurava um limão. "Foi cansativo demais", resumiu.
Pelo menos 20 haitianas chegaram entre domingo e anteontem na Missão Paz, no Glicério, na região central de São Paulo. Na bagagem, elas trazem as incertezas sobre o futuro. Aqui, adquirem outra característica: o medo de falar com estranhos. O grupo dorme em dois salões cedidos pela Missão.
"Falam muito do Brasil no Haiti. Falam que tem boas oportunidades", contou Muta, que trabalhava como esteticista. Fã de futebol, disse conhecer os brasileiros por jogadores famosos, como Neymar.
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