Museu do Ipiranga é reinaugurado em São Paulo após nove anos em obras

Cerimônia com a presença de autoridades tem recado ao governo federal, defesa da Lei Rouanet e vaias ao ministro do Turismo

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A reabertura do Museu do Ipiranga, na noite desta terça-feira, 6, na zona sul de São Paulo, reuniu centenas de autoridades e convidados nos jardins do Parque da Independência. Após nove anos fechado para o público devido a uma extensa reforma, o espaço dobrou de tamanho e as salas de exposição quadruplicaram, de acordo com a diretora da instituição e professora da Universidade de São Paulo (USP), Rosaria Ono.

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A cerimônia foi marcada pelo tom de disputa política e pelas vaias ao ministro do Turismo, Carlos Brito, interrompido durante seu discurso. Após o secretário estadual de Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmar que o ex-governador João Doria se esforçou para comprar as primeiras doses da vacina contra a covid, Brito abriu sua fala rebatendo. “Acho que não é mais tempo nem lugar para falar de vacina, secretário, mas lembro que, não fosse o empenho do governo federal, a vacina não teria chegado a lugar nenhum”, disse o ministro, imediatamente vaiado.

Na sequência, Brito foi interrompido por vaias, risos e gritos de “fora Bolsonaro” ao dizer que enquanto o “mundo fala em inflação, o Brasil fala em deflação”.

Além da diretora do museu, Sá leitão e do ministro, participaram da reabertura oficial o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marcos Penido, representando o governador do Estado. Pelo governo Jair Bolsonaro, estava ainda o secretário especial de Cultura, Hélio Ferraz.

O ex-governador João Doria na reabertura do Museu do Ipiranga. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O ex-governador João Doria foi chamado ao palco e Sá Leitão destacou o empenho do ex-chefe do Executivo estadual na restauração. O investimento do Estado foi de R$ 34 milhões, em parceira com USP, Fusp e 34 empresas como Bradesco, Itaú, Shell e Santander. No total, a reforma e a ampliação custaram cerca de R$ 211 milhões, no maior valor já captado com a iniciativa privada pela Lei de Incentivo à Cultura.

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Em recado ao governo federal, Doria lembrou as desavenças entre o Estado e a gestão Jair Bolsonaro. “Nosso sentimento é pela paz, pelo povo, chega de briga e confusão”, disse o ex-governador ao ministro do Turismo. “A reabertura é uma vacina contra o ódio, o obscurantismo que assola nosso País.”

Em um discurso também com referências à divisão política, Sá Leitão destacou a importância da Lei Rouanet, sempre criticada por bolsonaristas, para a viabilização do restauro.

“O museu que estamos entregando hoje é maior do que o que foi fechado em 2013″, disse Rosaria Ono, que destacou o trabalho feminino no processo de recuperação e ampliação da instituição de 127 anos. “A restauração do (quadro) Independência ou Morte foi coordenada por uma mulher.”

Uma apresentação da Orquestra Sinfônica de São Paulo marcou a cerimônia. Reaberto, o museu receberá visitantes pela primeira vez em nove anos nesta quarta-feira, 7, Dia da Independência, quando os trabalhadores que atuaram nas obras e suas famílias serão convidados exclusivos ao lado de alunos da rede municipal de Educação.

O público em geral poderá voltar ao museu a partir desta quinta-feira, mediante agendamento. Os ingressos para a primeira semana já estão esgotados. Novas entradas serão disponibilizadas em breve no bileto.sympla.com.br/event/76521/d/158327.

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O ministro do Turismo, Carlos Brito, discursa na reinauguração do Museu do Ipiranga. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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