Em postos de gasolina na rodovia Fernão Dias, próximos às cidades de Bragança Paulista, Vargem e Atibaia, já chegando perto de Minas, caminhoneiros e frentistas sabem para onde enviar um viajante à procura de meninas "mais novinhas". Duas casas noturnas são prontamente indicadas: uma, perto do km 11 da Fernão Dias. Outra, logo na entrada de Atibaia.
"Tem umas franguinhas ótimas", indicou um caminhoneiro que bebia cerveja num posto já na divisa com Minas. "Procura pela Silvinha." Pela descrição que ele fez da garota, naquela noite, "Silvinha" havia virado "Evelyn". "Sou maior de idade, dizia a garota", que não aparentava ter mais de 16 anos. Questionada a respeito da data de nascimento, ela não quis revelar. "Nem sei."
Ali, a garota se esquivava das fotos, ao contrário de outras prostitutas, que faziam de tudo para aparecer. "Eu, não! Eu não posso", dizia a menina, cobrindo o rosto. Por que não? "Eu, hein? Depois dá rolo...".
Na outra boate indicada, na entrada para Atibaia, bastou conversar com algumas meninas para entender: ali, tem de haver documentos comprovando a idade - nem que sejam falsos. "Consegui uma identidade 'f' (falsa), indicada por um amigo do dono. Aí, foi só apresentar e pronto, estou aqui há quatro meses", disse "Thaís", que disse ter começado a "trabalhar" no local aos 17. "Mas estou na vida desde os 16."
Os conselhos tutelares das duas cidades sabem da existência dos dois estabelecimentos - mas dizem nunca ter conseguido dar flagrante de menores de idade ali. "Com que carro? Com que estrutura?", disse a conselheira tutelar Miraildes Alves Miliorança, da cidade de Vargem, onde fica a boate do km 11 da Fernão Dias. A Polícia Rodoviária Federal da área afirma que vai realizar operações de combate a exploração sexual infantil "em breve".
Casa noturna Chucha, na beira da Fernão: "Evelyn" vai para o quarto com cliente
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