"Chove forte na região da Ricardo Jafet... Muitos pontos intransitáveis.""Alagamento na Rua da Cantareira na altura do n.º 980. Cuidado.""Avenida Bosque da Saúde, 2.000. Vítima presa embaixo de carro por causa da correnteza. Não se arrisquem! Atenção! Bombeiros no local!"Fim de tarde e chove em São Paulo. Enquanto ruas, casas e carros começam a encher de água, o e-mail de um administrador de empresas anônimo é inundado de mensagens sobre alagamentos, automóveis presos em enchentes, problemas no trânsito... Uma infinidade de alertas de paulistanos das mais diferentes áreas da cidade. Em poucos segundos, todas esses avisos são compilados e postados no Twitter criado pelo administrador, um canal de informação anônimo, mas que funciona de forma mais eficiente do que o próprio poder público."As informações chegam rapidamente. Divulgamos os pontos de alagamento antes mesmo dos sites da Prefeitura e da (Companhia de Engenharia de Tráfego) CET, graças aos nossos seguidores, que reconhecem a seriedade desse serviço de utilidade pública", diz M.M., iniciais do administrador de empresas responsável pelo Twitter Lei Seca SP (twitter.com/leisecasp), originalmente criado para dedurar os pontos de blitze policial.Com o sucesso da iniciativa, a Polícia Militar chegou a mudar de estratégia e as fiscalizações, que ficavam uma hora e meia paradas realizando testes do bafômetro, passaram a ser de, no máximo, 1 hora na mesma rua ou avenida. De vilão da PM e "fora da lei", o Twitter da Lei Seca passou também a informar sobre pontos de alagamento e é seguido por quase 20 mil paulistanos que buscam informações sobre o trânsito. "A divulgação sobre alagamentos foi intensificada com o início das chuvas, no fim de 2010", explica M.M., que conta com a ajuda de um colega para manter o serviço.Instantâneo. Os dois escrevem em tempo real sobre a situação das ruas de São Paulo. "Nossos seguidores nos trazem a informações e repassamos quase que instantaneamente ao nosso Twitter. Utilizamos celulares e laptops para "retuitar" as mensagens dos nossos seguidores. Deixamos muitas vezes até de dormir para ajudar a população", diz M.M.O programador Maurício Maia, de 28 anos, também decidiu usar a internet e as redes sociais para melhorar as informações que o paulistano recebe sobre os alagamentos na cidade. Mas, ao contrário dos criadores do Twitter da Lei Seca, Maurício resolveu tomar por base os dados oficiais do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) e criou o site http://alagamentos.topical.com.br.Lá, ele tabelou todos os dados de pontos de alagamento desde 2004 e é possível visualizar, ano a ano, o número total de registros de enchentes e qual é a rua, avenida ou subprefeitura que mais ficou debaixo d"água nesse período.Dá para saber, por exemplo, que a Marginal do Pinheiros foi a via da capital que mais teve pontos de alagamento nos últimos 7 anos: foram 708 registrados pelo CGE. A tendência, porém, vem se invertendo, já que no ano passado o título ficou com a Marginal do Tietê (82).Entre as subprefeituras, a que mais teve enchentes foi a Vila Prudente - foram 1.050 pontos de alagamento, quase 13% do total de 7.794 registros de vias submersas nos bancos de dados da Prefeitura.A ideia, segundo Maurício, é mostrar como se pode organizar informações públicas de forma clara, sem precisar gastar muito com isso. "O site vai facilitar a visualização dos dados, e também vou colocar as planilhas para download", afirmou. Ele diz que a iniciativa visa a contribuir com o entendimento sobre a dinâmica da cidade na época de chuva e com a conscientização sobre a transparência de dados públicos.Monitoramento. O programador também citou duas contas no Twitter: o @alagamentos_sp e o @emergencia_sp. "Eles monitoram os dados do CGE e colocam no Twitter automaticamente", explica. Assim, os seguidores dos perfis são informados em tempo real, assim que o CGE registra o início ou o término de um ponto de alagamento ou quando algum novo aviso de alerta ou emergência é publicado no site do órgão.OUTROS CANAISBlog Trânsito em SPhttp://blogs.estadao.com.br/transito/Pontos de alagamento ativos na cidadehttp://www.cgesp.com.br/Quilômetros de congestionamentohttp://www.cetsp.com.br/