No centro de SP, luminárias a gás voltam a brilhar em prédio histórico; saiba onde e veja como é

É o resgate de uma tradição da cidade e mais uma ação de revitalização da região

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Foto do author Gonçalo Junior

Mesmo depois de substituídos pelas lâmpadas elétricas no início do século XX, os lampiões a gás se apagaram por pouco tempo no centro da cidade nas últimas décadas. Desde o início de agosto, a chama da nostalgia que eles carregam voltou a brilhar mais forte. Dezoito das 38 luminárias localizadas no Pátio do Colégio, no centro histórico, foram restauradas.

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Os lampiões serão inaugurados oficialmente pela Subprefeitura da Sé no início de setembro em uma caminhada noturna, aberta ao público. O trajeto, todo iluminado pelas luzes antigas, vai desde a rua Boa Vista, junto ao Pátio do Colégio, até o Solar da Marquesa, na rua Roberto Simonsen. A ação contou com o apoio da Associação Comercial de São Paulo e o Páteo do Colégio.

É o resgate de uma tradição na iluminação da cidade e mais uma ação de revitalização em uma região ainda marcada por desafios nas áreas de segurança pública, moradia e assistência social.

Das 38 luminárias localizadas no Pátio do Colégio, 18 foram restauradas Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

A nostalgia pela volta dos lampiões esbarra na sensação de insegurança causada pelo espalhamento dos usuários de drogas, a ação das gangues de bicicleta e os furtos e roubos de celulares, principalmente à noite. O aumento da população em situação de rua também preocupa.

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Para o subprefeito da Sé, Alvaro Camilo, a boa iluminação pública inibe as ocorrências policiais. “Dentre os fatores de prevenção primária dos crimes, a iluminação é fundamental. Além disso, a iluminação ornamental traz visitas, passeios e eventos que movimentam e trazem vida ao centro, inclusive à noite”, diz o subprefeito.

Camilo afirma ainda que a revitalização de lugares tradicionais estimula a visitação ao centro. “Pessoas circulando propiciam mais segurança para o centro de São Paulo”.

Na iluminação pública, a iniciativa realça os contrastes entre o passado e o presente. O conjunto de lamparinas traz dispositivos acionados por uma fotocélula, que identifica a queda da luminosidade natural e libera o gás em um queimador. Ao clarear, o fornecedor é desligado automaticamente.

Dispositivo é acionado por uma fotocélula, que identifica a queda da luminosidade natural e libera o gás em um queimador; pela manhã, o fornecedor é desligado automaticamente Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

Os lampiões convivem com as lâmpadas com tecnologia led, que possuem componentes eletrônicos que transformam energia elétrica em luminosa e proporcionam melhora de 40% na iluminação por metro quadrado. A SP Regula, responsável pelas concessões dos serviços públicos na cidade, informa que foram instalados 130 novos refletores com ganho de 30% em fluxo luminoso e em qualidade de distribuição de luz no Triângulo Histórico (Largo São Bento, Pateo do Collegio e Largo São Francisco) nos últimos meses.

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Na Praça da Sé, Praça do Patriarca, Viaduto do Chá e nas regiões da Santa Ifigênia e República houve reforço na iluminação com trocas de luminárias e novos pontos. “Cada geração tem ferramentas e informações para contar novas histórias, sem apagar as histórias que já foram contadas”, diz Luiz Eduardo Pesce de Arruda, historiador e supervisor de Cultura da Subprefeitura Sé. “A tecnologia tem avançado muito, tornando nossas ruas mais claras. Com toda modernidade, a cidade não perdeu sua poesia. A luz de led ilumina a rua, o lampião ilumina a alma”.

Luiz Eduardo Pesce de Arruda, historiador e supervisor de Cultura da Subprefeitura Sé: 'A luz de led ilumina a rua, o lampião ilumina a alma' Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

Lampiões a gás já foram símbolo de modernidade

Os lampiões a gás já foram sinônimo de progresso e de modernização no centro, como explica Arruda. Até 1830, São Paulo não tinha sistema de iluminação pública. A cidade era escura, clareada quase que unicamente pela luz da lua. Cada casa tinha seu lampião. Quando alguém saía, ela levava sua própria luz.

Foi só em 1863 que o governo paulista contratou um serviço de iluminação a gás, obtido através de carvão. Dez anos depois, a São Paulo Gás Company, hoje Comgás, espalhava 700 luminárias pelo centro, inclusive nas fachadas de cartões-postais, como a igreja da Sé.

A tarefa de acendê-los e apagá-los, de manhã e à tarde, rotina de funcionários da companhia de gás, fazia parte do cotidiano e até inspirou crônicas e canções. Os versos “lampião de gás, lampião de gás, quanta saudade você me traz”, eternizados por Inezita Barroso, falecida em 2015, já foram símbolo da própria cidade.

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A iluminação a gás representou um marco. As ruas, antes desertas à noite, passaram a ter mais movimento. Boêmios, estudantes, jornalistas, políticos e famílias circulavam a pé pelo Triângulo Histórico, agora às claras. No início dos anos 1900, os lampiões começaram a ser substituídos pelas lâmpadas elétricas, mas resistiram à modernidade.

Na década de 1970, passaram a ter como base o gás de nafta e, no fim dos anos 80, o gás natural, utilizado até hoje. O acendimento manual foi convertido para a ligação automatizada. Em 2013, os postes foram desligados de vez. Foi o único momento da história em que se apagaram. Cinco anos depois, eles foram reativados pela Prefeitura.

Para a Prefeitura da capital, boa iluminação pública inibe as ocorrências policiais Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

Secretaria de Segurança Pública afirma que roubos e furtos estão caindo no centro

Os roubos e os furtos seguem em queda pela 20ª semana seguida na região central de São Paulo, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública. De 14 a 20 de agosto, foram registrados 109 roubos nos bairros de Campos Elísios e Santa Cecília.

Na primeira semana do monitoramento (de 27 de março a 2 de abril), foram 190 queixas de roubos, ou seja, uma redução de 27% nesses crimes. Os furtos praticados na região também seguem em queda. Desde a primeira semana, a redução chega a 43%. De 14 a 20 de agosto, foram registrados 226 furtos, contra 311 contabilizados no final de março. “Essa queda reforça a tendência observada nos demais meses e evidencia uma melhoria contínua da situação na região em termos de segurança”, informou a SSP.

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De acordo com o órgão, a Polícia Militar direciona atenção especial à região central de São Paulo, empregando estratégias de policiamento ostensivo e preventivo em diversas situações, incluindo eventos no Centro Histórico da cidade. Isso envolve patrulhamento de viaturas, motocicletas e bicicletas, assim como Bases Comunitárias Móveis. Essas estratégias são baseadas na análise dos índices criminais locais e contam com reforço policial da Atividade Delegada e DEJEM (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar).

Operações como Impacto, Visibilidade, Saturação e Pinçamento são realizadas para intensificar a presença policial, coibir ações criminosas e efetuar prisões. Essas ações contam com o apoio de outros órgãos públicos estaduais e municipais para manter a ordem e tranquilidade pública.

Tudo é feito sob o Programa de Policiamento Inteligente. Já a Polícia Civil atua durante eventos com grande aglomeração de pessoas por meio dos Distritos Policiais nas áreas correspondentes. Nesse contexto, são conduzidas investigações e operações de inteligência com o objetivo de reprimir possíveis crimes e identificar os responsáveis por delitos que ocorrem nesses eventos.

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