Novo rodízio diminui circulação de carros em SP, mas aumenta número de pessoas no transporte público

Medida foi adotada pela Prefeitura para reduzir número de pessoas nas ruas e também para tentar aumentar a taxa de isolamento social na capital

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Foto do author Priscila Mengue
Por Priscila Mengue e João Prata

SÃO PAULO – O novo rodízio de veículos entrou em vigor nesta segunda-feira, 11, e reduziu o trânsito em São Paulo, mas houve aumento de passageiros no Metrô e em trens da CPTM. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o pico de congestionamento na cidade de São Paulo na manhã deste primeiro dia da medida foi de apenas 1km, medido às 8h30, bem menor do que na semana passada, quando foi detectado 11km, entre 8h e 9h. Em relação à lentidão, o pico nesta segunda foi de 4km, às 8h, enquanto que na semana passada foram registrados 21 km no mesmo horário. Os números consideram a base de dados do Waze. 

Avenida Paulista, no primeiro dia do novo rodízio Foto: Felipe Rau/ Estadão

No entanto, houve aumento de passageiros no Metrô e nos trens da CPTM. Em entrevista à rádio Eldorado, o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, apontou um aumento que variou de 11% a 15%, dependendo da região. A alta foi de até 12% em estações das Linhas 1- Azul, 2-Verde e 3-Vermelho, até 14% na Linha 4-Amarela e até 11% na Linha 5-Lilás, todas do Metrô. Na CPTM, foi identificado um aumento de até 15% na demanda média de usuários para o pico da manhã. Segundo a assessoria da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, esse aumento já era esperado e, segundo a pasta, a oferta de trens estava ajustada para evitar aglomerações. 

Passageiros usam máscara no metrô. Foto: Werther Santana/ Estadão

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No período da tarde, o pico de congestionamento na semana passada foi de 8 km, às 13h. Na tarde desta segunda-feira, o pico foi de 5 km, às 14h e às 18h. Os índices de lentidão da semana passada apresentaram pico de 11 km ao meio-dia e meia. Hoje, o pico de lentidão no período da tarde foi de 4 km, às 14h.

Com o novo rodízio, a Prefeitura quer tirar 50% da frota das ruas. A medida tem por objetivo aumentar a taxa de isolamento social e vale para toda a cidade, o dia todo, incluindo fins de semana. Nos dias pares, circulam placas de final par (0,2,4,6 e 8). E nos dias ímpares, as placas de final ímpar (1,3,5,7 e 9).

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A capital paulista concentra o maior número de mortes e casos de coronavírus no Brasil. Em balanço divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde nesta segunda-feira, São Paulo tem 46.131 casos confirmados e 3.743 mortes pela doença. Na capital, são 27.771 casos, com 2.281 mortes. Na última semana, a taxa de isolamento social na cidade ficou abaixo de 50%. A meta é chegar aos 60% de isolamento - o ideal para evitar o colapso do sistema de saúde é 70%.

Estão excluídos do rodízio carros da polícia, do Exército, prestadores de serviço de rede elétrica e de gás, e também veículos da área da saúde. Os profissionais de saúde devem fazer um cadastro na Prefeitura para ficarem fora da medida de restrição de circulação. Devido ao alto volume de acesso, a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (SMIT) informou nesta segunda-feira que o site da Prefeitura ficou instável. 

O cadastro terá de ser feito nesta semana, por meio de envio de dados como CPF, nome, estabelecimento em que trabalha o profissional e a placa do veículo. As multas que forem aplicadas nos próximos dez dias a esses profissionais serão descartadas posteriormente. Os profissionais podem também enviar por e-mail, para o endereço eletrônico: isencao.covid19@prefeitura.sp.gov.br. 

Os veículos de pessoas com deficiência, condutoras ou não-condutoras, que já têm autorização da Prefeitura e estão isentos do rodízio de carros na cidade de São Paulo, continuam liberados para circulação em qualquer dia. Taxis e motos estão liberados da medida, mas carros de aplicativo só poderão circular nos dias em que a placa do veículo for permitida. Haverá também o retorno da restrição à circulação de caminhões em São Paulo, exceto os das áreas de abastecimento e saúde.

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Com o rodízio mais amplo, houve reforço na frota de ônibus na cidade. A SPTrans informou que, até as 9h foram utilizados 489 dos 600 ônibus de "reserva". "A frota operacional de ônibus em São Paulo é de cerca de 12,8 mil ônibus, que realizam 9 milhões de embarques de passageiros por dia útil, em média. Na última segunda-feira, 4/5, a cidade operou com 53% de sua frota e 31% dos passageiros transportados antes da quarentena. Hoje, 11/5, foram acrescidos mais 1.000 ônibus e 600 foram alocados em bolsões de apoio, chegando à marca de 65,5% da frota em operação."

Pedido de suspensão

Desde a última quinta-feira, 7, o novo rodízio já é alvo de um pedido de suspensão feito pelo vereador Fernando Holiday (Patriota) contra a decisão da Prefeitura de ampliar a restrição aos veículos. Nesta segunda, 11, o Ministério Público Estadual (MPE) deu parecer favorável à suspensão do rodízio

Segundo nota divulgada pelo MPE, a Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo "concordou com a decretação de medida liminar requerida pelo autor popular para suspensão do referido sistema de rodízio ampliado, sob fundamento de ausência de motivação do ato que o instituiu". O MPE diz que foram solicitados estudos e dados que serviram de base para o novo rodízio, mas a Prefeitura não respondeu. Um dos objetivos para o pedido, segundo o MP, era ter mais detalhes da gestão do transporte coletivo durante o novo rodízio.

"O prazo para prestação de tais informações por parte do município escoou sem resposta, concluindo-se, portanto, pela ausência de motivação e fundamento para o ato", disse o MPE, em nota.

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