O que fazer em Cabreúva? Cidade é opção nos roteiros de viagem em São Paulo; veja dicas

Rodeado pela Serra do Japi, município a 90 quilômetros da capital paulista tem atrações como trilhas, acampamento, cachoeiras e variedade de produtores locais

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Foto do author João Ker
Atualização:

A cerca de 90 quilômetros da capital paulista, o município de Cabreúva tem atraído turistas de todos os cantos do Estado com seu clima de interior bucólico e pacato, em contraste imediato com o barulho e a paisagem de concreto da maior metrópole do País. Com a proximidade do inverno e suas baixas temperaturas, a cidadezinha de 50 mil habitantes tem opções de turismo para quem busca momentos de relaxamento em meio à natureza, regados a boa comida e conforto.

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Uma das principais atrações da região é a Reserva Biológica da Serra do Japi, com 350 quilômetros quadrados de Mata Atlântica espalhados pelas cidades de Cabreúva, Jundiaí, Cajamar e Bom Jesus de Pirapora. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) tombou, ainda em 1983, mais de metade dessa área como patrimônio natural do Estado.

Hoje, exatos 40 anos depois, os moradores que nasceram ou se mudaram para Cabreúva mantêm viva a preservação da natureza, história e tradição da cidade. “O que tem de mais especial aqui é o carisma das pessoas”, diz Renata de Paula, de 35 anos, nascida e criada no mesmo município onde hoje cuida dos dois filhos Sofia e Pedro, de 2 e 8 anos. “Somos uma cidade de sossego e tranquilidade. Não tem muito o que fazer, o lazer é mesmo para descansar.”

Praça Comendador Martins, no centro de Cabreúva, é um dos pontos mais charmosos da cidade Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

O engenheiro Marcelo Ciola, de 58 anos, tem se dividido entre Cabreúva e São Paulo pelas últimas quatro décadas, quando comprou uma casa na pracinha da cidade. “A segurança aqui é outra coisa”, diz, enquanto passeia com o cachorro. “Além disso, acho que os principais atrativos são a amabilidade das pessoas, a vida pacata e a beleza natural”, avalia, acrescentando que seu programa preferido é ficar sentado em algum barzinho do centro enquanto toma uma cerveja e coloca o papo em dia com a família e com os amigos.

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Assim como na maioria das cidades pequenas do interior, Cabreúva também concentra seus principais eventos na pracinha Comendador Martins, localizada no centro histórico, decorada com sombrinhas de arco-íris e equipada com o combo essencial de árvores, banquinhos, coreto e igreja. “É aqui que acontece tudo”, diz Ísis Elisa, de 23 anos, moradora do município desde os 13, sobre o famoso Festival de Inverno, a Festa Italiana e outros eventos do município.

Negócio de família

Ali na praça do centro de Cabreúva existe há quase um século um dos pontos turísticos mais tradicionais da cidade: a Sorveteria Laurini, que começou como uma padaria fundada na década de 1930 pelos irmãos João, José, Joaquim e Alonso Laurini, então recém-chegados da Itália. Até hoje, só visitou de verdade a cidade quem provou um dos seus tradicionais sorvetes e picolés, principalmente os sabores de coco queimado e groselha, vendidos desde a sua fundação.

“O pessoal nos procura muito pela qualidade. A gente é muito firme nisso e não muda nada na receita, fazemos com os mesmos produtos que sempre foram usados”, conta dona Laudicéia Laurini. Hoje com 67 anos, ela trabalha na sorveteria desde que se casou com José Filho Laurini, aos 15. Em 2004, quando ele morreu por um infarto fulminante, ela e o filho Reginaldo, de 49 anos, assumiram as rédeas do negócio familiar.

Dona Laudicéia credita o sucesso dos sorvetes Laurini à forma como se mantiveram fiéis à receita original trazida da Itália pela família e passada de uma geração para a próxima ao longo dos anos. Mas isso quase não aconteceu. “A sorte foi que minha filha anotou a receita antes de o meu marido morrer, senão a gente não tinha. Ele não tinha nada marcado, era tudo guardado na cabeça e eles iam fazendo”, lembra. “Já até fizemos experiências com outros tipos, mas não deu certo. Então, ficou como tinha que ser.”

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Ela conta com orgulho que, além dos sorvetes, o filho herdou a “mão” para doce e hoje vende também uma série de produtos caseiros, como quindim, pudim e massas com creme. “Meu esposo pedia ‘não deixe isso acabar quando eu morrer’. E hoje continuamos da mesma maneira que era.”

Acampamento e turismo ecológico

Na Serra do Japi, a Fazenda Guaxinduva também tem mantido a tradição familiar do turismo ecológica e, hoje, oferece um espaço para visitas e acampamento aos fins de semana, onde o público pode conhecer algumas das oito trilhas espalhadas pelo local, a maioria delas com cachoeiras de águas limpas que desembocam na cidade. A propriedade pertence à família de Marcela Traudi Donati há mais de um século.

“Foi acontecendo aos poucos. Começamos a abrir há cerca de 20 anos e passamos a receber o pessoal das escolas da região, colocamos restaurantes e até gravação de novelas e séries já tivemos por aqui”, conta a engenheira agrônomo de 35 anos, que ajuda a cuidar da propriedade se revezando com os pais, um engenheiro agrônomo como ela e uma bióloga, e a ajuda dos quatro irmãos.

Fazenda Guaxinduva oferece acampamento e turismo ecológico para os visitantes de Cabreúva  Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Um dos principais motes que começou ainda com seus bisavós e foi passando de geração em geração é o cuidado em preservar a área da fazenda. “É uma preocupação de toda a família, em relação a tudo, tanto dos animais quanto das plantas, de usar todos os recursos possíveis com a menor degradação possível”, explica Marcela.

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Além da riqueza de biodiversidade no local, com várias espécies selvagens que vão de onças e veados a cachorros-do-mato, capivara e pacas, a água que passa pela propriedade serve também para abastecer a cidade de Cabreúva em temporadas de seca. “A gente vai liberando aos poucos e tirando as tábuas da represa. São mais de cem nascentes aqui na fazenda, então quando cai o nível na Sabesp, a gente libera. Por isso precisamos manter a água preservada.”

Piquenique na Serra do Japi

Na outra ponta da cidade, a queijaria Pé do Morro também mantém um negócio de família com o uso da propriedade na Serra do Japi, onde oferece a opção de piquenique ao ar livre para turistas e produz os próprios queijos, pães, vinho e, no futuro, azeite. A produção começou em 2017, mas o esquema de atendimento foi completamente impactado pela pandemia do coronavírus.

“Essa ideia de reinventar o serviço foi imposta pela pandemia, porque queríamos continuar recebendo o público, mas mantendo o distanciamento necessário. Assim, apareceu o esquema de piquenique, onde oferecemos cestinha, toalha, tábua e faca, enquanto o cliente escolhe os produtos, monta as suas opções e pode sentar no jardim”, explica Caio Minutti, gerente de atendimento da Pé do Morro.

Caio Minutti produz queijos; clientes aproveitam para fazer piquenique nas tardes dos fins de semana Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

São seis tipos de queijos produzidos na Pé do Morro, entre tipos mais ácidos e suaves. Além do piquenique tradicional nas tardes dos fins de semana, o espaço faz uma vez por mês a já tradicional “pizzada”, além de oferecer outros eventos pontuais em parceria com produtores locais de vinhos, cervejas, kombuchas e charcutarias.

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“É um movimento legal, porque todo mundo se ajuda e se fortalece”, explica Caio. Veja no vídeo acima a explicação sobre como cada queijo é produzido e a diferença entre os tipos principais.

Busca pela paz interior

Em meio ao silêncio, beleza e imponência da Serra do Japi, uma outra atração de Cabreúva que costuma atrair turistas de todo o Brasil e até de outros países é o Centro de Meditação Kadampa, maior templo dedicado à essa linha do budismo em todo o mundo. Inaugurado há 13 anos, o local abre suas portas para visitantes que querem apenas conhecer a propriedade, fazer uma aula individual pelas manhãs ou tardes, passar o fim de semana ou ter uma imersão total de uma semana a um mês.

“Somos uma tradição muito feliz, muito contente com tudo o que acontece e a gente faz preces todos os dias para que haja paz no mundo tudo”, explica o monge Kelsang Lojong, de 53 anos, ordenado desde o ano passado.

Monge Kelsang Lojong no Centro de Meditação Kadampa; local também atrai turistas em Cabreúva  Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Lojong explica que cada pintura, forma e escolha da construção do espaço tem um porquê de ser assim. “O templo é uma manifestação do coração de nosso guia espiritual, Geshe Kelsang Gyatso Rinpoche, e tudo tem ligações com as vidas e famílias de Buda. É legal visitar e participar da tradição para conhecer um pouco mais de tantos símbolos. Não é só uma visita que vai decifrar tudo isso”, alerta.

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Quem quiser se aprofundar nas meditações, preces e busca pela paz interior, uma das opções oferecidas pelo Centro Kadampa é a troca da hospedagem (com alimentação e cursos espirituais inclusos) por seis horas diárias de trabalho voluntário. “Toda a estrutura, manutenção e organização do grupo é feita com as mãos de trabalho voluntário”, explica o monge.

Veja abaixo mais informações sobre esses e outros pontos turísticos para visitar em Cabreúva:

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