O que o secretário da segurança de SP, Guilherme Derrite, já disse sobre casos de violência policial

À frente da pasta desde o início da gestão Tarcísio, deputado federal tem no histórico discurso de defesa da atuação da PM: ‘Nenhum policial que sai de casa para defender a sociedade será injustiçado’, afirmou em 2023

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Atualização:

À frente do comando da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo desde 2023, Guilherme Derrite tem no histórico um discurso de defesa da atuação da Polícia Militar. A corporação se vê agora em meio a uma série de casos de violência policial no último mês. Entre as ocorrências estão as mortes de uma criança de 4 anos na Baixada Santista, de um estudante de Medicina baleado em um hotel da capital, de um homem atingido nas costas após tentativa de roubo em um mercado e o flagra de um policial arremessando um homem de uma ponte na zona sul da capital.

Com passagem pela Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), Derrite foi eleito deputado federal em 2018 com uma pauta relacionadas à segurança pública. Escolhido por Tarcísio de Freitas (Republicanos) para assumir a secretaria, ele teve a permanência no cargo garantida pelo governador nesta quarta-feira, 4.

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Antes de assumir a secretaria, em 2015, quando estava na Polícia Militar e era 1.º tenente da Rota, Derrite afirmou, em um áudio revelado pela Ponte Jornalismo, que considerava “vergonhoso” para um policial não ter ao menos “três ocorrências” por homicídio no currículo.

No áudio, ele também fazia críticas ao comando da PM por mudar de batalhões agentes envolvidos em casos de letalidade policial. Em janeiro de 2023, em entrevista à Folha de S. Paulo, ele foi questionado sobre o assunto e disse que errou ao fazer tal comentário.

Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“Os tenentes, principalmente os oficiais, que nos últimos 5 anos se envolveram em três ocorrências ou mais que tenha o resultado evento morte do criminoso estão sendo movimentados. E o Telhada se encaixa nessa lista, até eu que estou fora da rua há dois anos me encaixo, porque o camarada trabalhar cinco anos na rua e não ter [...] três ocorrências (em casos em que suspeitos morreram a tiros disparados pelo policial), na minha opinião, é vergonhoso, né?”.

Sob sua gestão, o Estado tem registrado queda de indicadores como roubos e furtos neste ano, mas a Polícia Militar paulista matou 496 pessoas entre janeiro e setembro, o maior número desde 2020, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado. Além das estatísticas da letalidade policial crescente, uma sequência de casos no último mês acendeu o alerta sobre a violência em abordagens da corporação.

Derrite costuma usar seu perfil no X para publicar comentários sobre algumas ações da polícia paulista.

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O Estadão reuniu abaixo o que o secretário já disse dentro e fora das redes sociais a respeito da violência policial nos últimos anos. Questionada sobre as declarações, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não comentou o assunto até a publicação desta reportagem.

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Homem jogado de ponte por PM

Em postagem nas redes sociais, Derrite afirmou que a postura do PM flagrado atirando um homem de uma ponte durante uma abordagem em Cidade Ademar, na zona sul da capital paulista, não representa a corporação. As imagens foram divulgadas nas redes sociais.

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“Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição”, disse.

Criança de 4 anos morta em ação da PM em Santos

No início de novembro deste ano, ao participar da Comissão de Segurança Pública e Administração Penitenciária da Assembleia Legislativa do Estado de SP, Derrite foi questionado sobre o caso de Ryan da Silva, de 4 anos, que morreu durante ação da Polícia Militar no Morro do São Bento, em Santos, baleado na barriga enquanto brincava na rua.

Derrite disse lamentar a morte, afirmou que a ocorrência estava sendo investigada e alegou que não usaria o assunto para fazer o que definiu como “palanque político”. Ele ainda classificou o questionamento da deputada Paula Nunes (PSOL) como “vitimismo barato”.

“Não vou fazer palanque político com a morte de uma criança. Primeiro dizer que lamento demais o que aconteceu com o menino. Muito triste o que aconteceu. E tenho certeza absoluta que nenhum policial envolvido nessa operação, ou em qualquer canto do Estado de SP, está feliz com a morte da criança.”

Cláudio Silva, ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, conversa com policiais durante o enterro do menino Ryan, em Santos. Foto: Fernanda Luz/Estadão

Homem amarrado pelos pés e pelas mãos por PMs

Em julho de 2023, Guilherme Derrite disse que não faria pré-julgamento dos policiais militares envolvidos no caso em que um homem, suspeito de furtar comida de um mercado, foi carregado após ser amarrado pelos pés e pelas mãos em ocorrência na Vila Mariana, na zona sul da capital paulista. À época, a PM reconheceu que a conduta desrespeitou o treinamento e os valores da instituição.

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“Aquele vídeo é uma parte do todo, eu não vou analisar uma parte da ocorrência e fazer um pré-julgamento dos policiais”, disse o secretário em coletiva no Palácio dos Bandeirantes. “O bom policial não vai ser condenado previamente por pressão da mídia ou por pressão da imprensa”, acrescentou.

Denúncias em operações na Baixada Santista

As operações realizadas pela PM na Baixada Santista foram marcadas por diversas denúncias de violação de direitos humanos. Em 2023, em depoimento à CPI do MST, Derrite afirmou que os relatos de tortura cometidos por policiais durante a Operação Verão, e enviados ao ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Cláudio Silva, eram uma “narrativa”.

“O que existe, pela primeira vez no Estado de São Paulo, é um governador que tem coragem de enfrentar o crime organizado”, afirmou Derrite.

Morte de suspeito e pedestre ferido em ação da Rota

Em fevereiro de 2023, o secretário defendeu policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) que atiraram e mataram um suspeito de assalto na Chácara Santo Antônio, zona sul da capital. Na ação, um pedestre ficou ferido. À época, um vídeo que circulava nas redes sociais mostrava o momento em que os policiais desciam da viatura e atiravam contra dois rapazes. Um dos policiais segue atirando após o suspeito já estar caído no chão.

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“Nenhum policial que sai de casa para defender a sociedade será injustiçado. Confrontos sempre serão apurados, mas ninguém será afastado no caso da abordagem da Rota que evitou um assalto no semáforo. Até que se prove o contrário, a ação ocorreu dentro da lei”, disse em postagem no X.

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