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Operação contra milícia formada por guardas-civis e PMs esvazia Cracolândia: 'Ficaram assustados'

Dependentes químicos se assustaram com a movimentação de viaturas e se dispersaram para outras regiões do centro

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Foto do author Ítalo Lo Re
Atualização:

O fluxo de usuários de droga da Cracolândia, no centro de São Paulo, estava bem mais esvaziado do que o normal na manhã desta terça-feira, 6, após a deflagração da Operação Salus et Dignitas (Segurança e Dignidade), do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MP-SP). Ao menos 200 pessoas costumam ficar na aglomeração no período diurno, mas muitos saíram de lá pela manhã, segundo comerciantes.

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Como mostrou o Estadão, a operação deflagrada nesta terça pretende desarticular uma milícia formada por guardas municipais e policiais militares que atua no centro de São Paulo para vender proteção a comerciantes contra a ação de bandidos e usuários de droga na região controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Dez pessoas foram presas até o momento, cinco em flagrante e a outra metade por meio de mandados.

A operação, portanto, não mira usuários do fluxo – o foco está no “ecossistema” que se criou em volta do tráfico de drogas na região, segundo autoridades. Ainda assim, a presença de viaturas mexeu com a dinâmica dos dependentes químicos, como acompanhou o Estadão. Era por volta das 11h quando um assistente social da Prefeitura até se assustou com a situação ao chegar na Rua dos Protestantes, onde os usuários se concentram. “Nossa, como está vazio hoje”, disse.

Megaoperação deflagrada nesta terça-feira mobiliza 1,3 mil agentes e cerca de 400 viaturas. Foto: Tiago Queiroz/Estadao

Comerciantes da região relataram que, mesmo que não tenham sido o foco da operação, dependentes químicos se assustaram com a movimentação de viaturas logo pela manhã. Muitos deles, então, se dispersaram para outras regiões.

A vendedora Maria Antônia Barbosa, de 22 anos, conta que chegou a ver uma correria entre os usuários do fluxo por volta de 7h30, quando as primeiras viaturas começaram a chegar nos arredores da Rua dos Protestantes para avançar com a operação.

”Correram para lá (no sentido Avenida Rio Branco), ficaram assustados com a quantidade de carros e a movimentação”, disse. A reportagem também viu pequenas aglomerações de usuários na Rua Mauá. Não houve relatos de saques a comércios durante a dispersão.

Quando a reportagem do Estadão chegou à região de Santa Ifigênia, por volta de 10h30, muitos lojistas estavam nas calçadas tentando acompanhar o desenrolar da operação. Alguns disseram que se tratou de uma ofensiva relativamente silenciosa.

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”Eram muitas viaturas por volta de 8h, mas muitas estavam com giroflex desligado para não chamar atenção”, disse Roberta Donaton, de 54 anos.

Dona de um estacionamento que funcionava havia cerca de duas décadas próximo de onde hoje fica o fluxo, ela fechou as portas em dezembro do ano passado. Agora, trabalha para um amigo. “Não tinha mais condições, se continuasse com as portas abertas iria morrer de fome.”

A megaoperação deflagrada nesta terça-feira, dia 6, mobiliza 1,3 mil agentes, cerca de 400 viaturas e um helicóptero. Ao todo, 117 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos pelos promotores, que contam também com a atuação de 105 policiais civis, mil policiais militares, 150 policiais rodoviários federais, 25 promotores e agentes do MPE, além de procuradores do Trabalho e fiscais das Receitas Estadual e Federal.

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A Justiça ainda decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias, quatro estacionamentos, 15 ferros-velhos e oito lojas, bem como determinou a interdição de 44 estabelecimentos, que devem ser emparedados. Além disso, decretou a prisão de cinco acusados de participar da milícia, formada por guardas municipais e policiais militares, e dois envolvidos com negócios do PCC na região. Cinco deles foram localizados. Além disso, outras cinco pessoas foram presas em flagrante.

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