SÃO PAULO - Um dia após a megaoperação na Cracolândia, no centro de São Paulo, o fluxo de viciados e moradores de rua se espalhou pela região. A concentração de dependentes se deslocava nesta segunda-feira, 22, de um ponto para outro conforme a polícia percorria a área. Houve forte policiamento, o que não impediu que o tráfico continuasse operando. Agentes de saúde passaram o dia abordando a população que vagava pelas ruas.
Um dia após megaoperação na Cracolândia, usuários de droga seguem no centro de São Paulo
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Cracolândia
Apósa megaoperação das Polícias Civil e Militar neste domingo, 21, o centro de São Paulo amanheceu com usuários de droga em ruas da região e do entorn... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Cracolândia
A reportagem doEstadoconstatou nesta segunda-feira que os usuários avançaram para outras vias fora do 'quadrilátero do crack'. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
O chamado 'quadrilátero do crack' é formado por Alameda Dino Bueno, Rua Helvétia, Alameda Cleveland e Avenida Duque de Caxias. Na foto, o cruzamento d... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Cracolândia
O lixo que se acumulou após a megaoperação também continuava nas ruas da região nesta segunda-feira. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
No domingo, um total de 900 policiais, entre civis e militares,realizaram uma das maiores operações na Cracolândia e na região contra o tráfico de dro... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Cracolândia
OEstadoflagrou usuários de droga na esquina da Avenida Duque de Caxias com a Rua Santa Ifigênia. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
A polícia desmontou as 34 barracas da feira de drogas que funcionava na área e comercializava 19 quilos de crack por dia. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
Na Rua Helvétia, moradores de rua e usuários de droga carregam seus colchões e outros pertences. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
Segundo a polícia,foram presos 38 traficantes durante a megaoperação- entre eles estão bandidos que foram filmados segurando armas no entorno, nas últ... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Cracolândia
Vista geral do cruzamento da Rua Helvétia com a Alameda Dino Bueno, esquina que faz parte do 'fluxo', dentro do 'quadrilátero do crack'. Foto: Werther Santana/Estadão
Um dia após operação, Cracolândia tem fluxos 'paralelos'
A reportagem do Estado circulou por toda a manhã e início da tarde nas ruas do centro no entorno da Cracolândia e constatou que pequenos fluxos se mon... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Um dia após operação, Cracolândia tem fluxos 'paralelos'
Um dia após a operação do governo do Estado para prender traficantes na Cracolândia, na região central de São Paulo, o fluxo de usuários de crack e mo... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Cracolândia
Equipes da Prefeitura de São Paulo trabalham para limpar a área da Cracolândia. Foto: Werther Santana/Estadão
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Funcionário da Prefeitura limpa a Rua Helvétia. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
As investigações que resultaram na megaoperação começaram a ser feitas pelo Departamento de Investigação Sobre Narcóticos (Denarc) em novembro, quando... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Um dia após operação, Cracolândia tem fluxos 'paralelos'
Um dia após a operação do governo do Estado para prender traficantes na Cracolândia, na região central de São Paulo, o fluxo de usuários de crack e mo... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Cracolândia
Investigadores entraram em hotéis e estabelecimentos comerciais à procura de traficantes, armas e drogas. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
Vista geral da Alameda Dino Bueno,um dia depois da megaoperação das Polícias Civil e Militar. Foto: Werther Santana/Estadão
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A reportagem do Estado circulou por toda a manhã e início da tarde pelas ruas do centro e do entorno da Cracolândia e constatou que pequenos fluxos eram montados e desmontados rapidamente, com circulação de álcool, crack e cigarro. O movimento era flutuante, dependendo do surgimento de agentes públicos. Segundo o secretário estadual da Saúde, David Uip, a dispersão era “esperada” e “tudo foi muito bem planejado”.
Proprietário de um restaurante na Avenida Rio Branco, na frente da Praça Santa Isabel, Ronaldo Saad, de 46 anos, lamentou o fluxo que se formou na frente de seu comércio. “Hoje, deu até prejuízo. Mas eles têm de controlar para não espalhar. Não adianta apenas dispersar, tem de saber para onde estão indo essas pessoas.”
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
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Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Segundo a polícia, 20 quilos são vendidos por dia com um faturamento estimado em R$ 8 milhões mensais Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Justiça expediu cerca de 70 mandados de prisão e 50 de busca e apreensão Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Ruas da Cracolândia foram cercadaspor policiais; muito lixo também foi espalhado pelas vias da região Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Usuários de drogas revoltados e angustiados com a ação na Cracolândia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Operação foi encerrada por volta das 8h30; PMs permaneceram na região da Alameda Dino Buenopara garantir a segurançados garis durante a limpeza Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Policiais civis e policiais militares do Comando e Operações Especiais (Coe) também cumpriram ação na Favela do Moinho Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Agentes ingressaram no interior da favela em busca de procurados Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Operação policial também chama a atenção de animais de estimação da Favela do Moinho, na zona central de São Paulo Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Foco da operação está na Alameda Dino Bueno; segundo a polícia, traficantes montaram 34 barracas na via para vender crack 24 horas por dia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Segundo a polícia, 20 quilos são vendidos por dia com um faturamento estimado em R$ 8 milhões mensais Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Polícia Civil realiza, na manhã deste domingo, 21, uma grande operação na região da Cracolândia, no centro de São Paulo Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Traficantes contam com a ajuda dos usuários, cerca de 800, que ocupam a rua e dificultam a entrada da polícia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Helicópteros sobrevoam a Cracolândia e a região está totalmente cercada; policiais também apreendem armas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Usuários de drogas acompanham operação policial na Cracolândia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Não foram vistos assistentes sociais acompanhando a ação e a polícia não informousehouve planejamento para encaminhar os usuários a um abrigo ou unida... Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAOMais
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Cerca de dez viaturas chegaram à região às 7 horas na Favela do Moinho Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Favela do Moinho: Helicóptero da Polícia Civil sobrevoou o local em apoio à operação Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Policiais civis e policiais militares do Comando e Operações Especiais (Coe) também cumprem mandados na Favela do Moinho, na região central Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Moradores acompanham a operação apreensivos; crianças também observam a ação policial Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Policiais também cumprem mandados na Favela do Moinho, na manhã deste domingo Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Mesmo com a presença policial e de agentes de saúde no entorno, havia traficantes vendendo drogas nos novos fluxos. O clima era muitas vezes tenso. Um homem que se identificou como Negão pediu que a reportagem saísse da região. “Não fica fazendo pergunta”, disse. Diversos dependentes usavam drogas em cachimbos. À tarde, houve concentração de moradores de rua na Praça Princesa Isabel e na frente de uma agência na Avenida Rio Branco. Mais cedo, eles se concentraram em um posto de gasolina e no cruzamento da Avenida Duque de Caxias com a Rua Santa Ifigênia e no do Viaduto Rudge.
Moradores de rua que dormiam na frente da Estação Júlio Prestes também tiveram de sair do local, a pedido da Polícia Militar, por volta das 9 horas, e depois se aglomeraram na Rua Mauá, na frente do Memorial da Resistência. O ponto tinha pelo menos 80 usuários.
Thiago Alves da Silva, de 28 anos, era um dos que ocupavam a calçada no área. Ele estava na Cracolândia desde o fim de abril, após sair da prisão por associação criminosa. Silva diz que a ação prejudicou os moradores de rua, que se sentiam “à vontade” no quarteirão do fluxo e agora não têm para onde ir.
O artista plástico e militante do movimento A Craco Resiste, Raphael Escobar, disse que a ação da PM foi “semelhante” à feita em outras gestões, “só que com artilharia muito mais pesada”. “Tiraram os moradores de rua de um lugar para ficarem em outro, espalhados por aí.”
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Já os comerciantes da região, mesmo os que tiveram prejuízos, elogiaram o trabalho e esperam melhoras a longo prazo. Sem feira. Para o secretário estadual da Segurança, Mágino Alves, o mais importante é que a feira de drogas na Alameda Dino Bueno, com 34 barracas e centenas de viciados, acabou. “Quem passa naquele local hoje vê um cenário completamente diferente.” Segundo ele, 200 policiais militares farão o patrulhamento na Cracolândia por tempo indeterminado.
Desde a operação, segundo Uip, foram atendidas 38 pessoas no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) e feitas 13 internações voluntárias no Centro de Convivência do programa Recomeço, na Rua Helvétia. “(Os agentes) estão indo em busca de convencimento. Essa é uma palavra importante: convencimento. Ninguém vai fazer algo truculento ou brusco”, disse.
Revitalização
O prefeito João Doria (PSDB) voltou a destacar nesta segunda-feira, 22, a parceria com o governo do Estado, que, segundo ele, possibilitará o combate a minicracolândias em outras regiões.
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Segundo Doria, até dezembro de 2019, a gestão entregará na área da Cracolândia uma creche, uma Unidade Básica de Saúde, uma escola e parte das residências de interesse social previstas no projeto Nova Luz, em parceria com o Estado. E voltou a dizer que “a Cracolândia não vai mais existir”. “Ali, a partir de agora, é um espaço reconquistado pela cidade, pela cidadania.”
O prefeito afirmou também que o programa Redenção fará ações “em breve” em pequenas Cracolândias na Vila Nova Ceagesp, na zona oeste, Radial Leste, zona leste, e Roberto Marinho, na zona sul. “Lá há atuação do pequeno tráfico.”
Já o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a Cracolândia “vai acabar”, sem polemizar com Doria. “É um trabalho de perseverança, não podemos dizer ‘Acabou, vamos embora’. Não vai resolver em 24 horas, mas vai diminuir.”
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PCC estimulava viciados a atacar a polícia
O Primeiro Comando da Capital (PCC) exercia um trabalho de liderança sobre os usuários de drogas na Cracolândia e os convencia a atacar a polícia, assim que os agentes entravam na Alameda Dino Bueno, onde funcionava a feira de drogas ao ar livre, 24 horas por dia.
A descoberta foi feita durante as investigações realizadas nos últimos quatro meses. “Os viciados eram doutrinados pelos traficantes. Temos provas cabais. Esse foi um dos motivos de usarmos bombas de efeito moral para dispersá-los durante a operação, pois havia o risco de serem usados como escudos humanos”, afirmou o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Departamento de Investigações Sobre Narcóticos (Denarc).
Fontes coordenou a megaoperação realizada no domingo na região, que resultou em 50 presos e 3 adolescentes detidos – os números foram atualizados nesta segunda. Também foram apreendidos cinco armas (três pistolas e dois revólveres), quase 20 quilos de drogas (entre crack, cocaína, maconha, ecstasy e LSD) e R$ 50 mil em dinheiro. A ação contou com 900 policiais.
Segundo o delegado, o PCC comandava a região. “Os chefes (do PCC) tinham a lista dos traficantes (que ficavam nas barracas na feira de drogas) e, se quisessem passar o ponto, tinham de ter autorização do crime organizado.” Fontes também informou que os hotéis da região serviam para guardar drogas.
Lixo
As investigações contabilizaram 34 barracas que vendiam crack na Alameda Dino Bueno. Os traficantes tinham pelo menos três seguranças armados, um deles um ex-soldado do Exército em Pernambuco, que está foragido, e fornecia droga para cerca de 800 usuários. “Nos últimos dez dias, os bandidos impediam a entrada de garis e também de assistentes sociais”, disse o delegado.