O ex-guarda civil metropolitano Elisson de Assis, suspeito de integrar um grupo investigado por atuar como milícia nos arredores da Cracolândia, na região de Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, se apresentou nesta quarta-feira, 7, à Polícia Civil. Com ele, ao menos onze pessoas foram presas até o momento, sendo cinco delas em flagrante. Um agente da GCM segue foragido.
- O procurado se apresentou no 93º Distrito Policial (Jaguaré) acompanhado de seu advogado e permaneceu detido à disposição da Justiça. Ele era um dos sete alvos de mandados de prisão da operação. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Elisson.
Como mostrou o Estadão, o grupo investigado por atuar como milícia no centro de São Paulo para vender proteção a comerciantes da região contra a ação de bandidos e usuários de droga da Cracolândia é um dos principais alvos da Operação Salus et Dignitas (Segurança e Dignidade), do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado.
A primeira fase da operação foi deflagrada na terça-feira, 6. Além de guardas civis, a participação de policiais militares também é investigada. “Essas situações estão sendo investigadas e vão ser objeto de ações tanto na esfera penal quando na esfera administrativa. Esses agentes serão severamente punidos”, disse, em coletiva de imprensa realizada nesta terça, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Questionado sobre a apuração relacionada a agentes da Guarda Civil Metropolitana, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que “desconhece milícia atuando na cidade de São Paulo”. “Não vão ser 1, 2, 3, 4 ou 5 que vão manchar a reputação de 7 mil guardas”, disse. “O que a Prefeitura tem é um regime muito rígido com relação à sua Guarda Civil Metropolitana.”
A operação pretende desarticular o que os promotores chamam de “ecossistema criminoso” na região controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Elisson de Assis, o ex-guarda civil metropolitana preso nesta quarta-feira, era um dos alvos iniciais da operação, que começou há cerca de um ano. Ele teria montado uma empresa de segurança e, analisando as movimentações financeiras, os promotores identificaram a rede de guardas e policiais ligados ao grupo, com depósitos de até R$ 600 mil. Foi assim que novos personagens da suposta milícia foram sendo identificados.
A megaoperação mobilizou 1,3 mil agentes, cerca de 400 viaturas e um helicóptero. O efetivo foi às ruas na manhã de terça-feira para cumprir, ao todo, 117 mandados de busca e apreensão, resultados de uma investigação que começou há cerca de um ano.
A incursão, além dos promotores do MP-SP, contou com a atuação de 105 policiais civis, mil policiais militares, 150 policiais rodoviários federais, 25 promotores e agentes do MP-SP, além de procuradores do Trabalho e fiscais das Receitas Estadual e Federal.
A Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias, quatro estacionamentos, 15 ferros-velhos e oito lojas, bem como determinou a interdição de 44 estabelecimentos, que devem ser emparedados.
“O foco principal é esse ecossistema que trabalha com o tráfico de drogas, a atuação do crime organizado na região central da nossa capital, que é controlada pelo Primeiro Comando da Capital”, pontuou o governador Tarcísio de Freitas. “A deterioração do centro interessa ao crime organizado.”
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