OS HADDADS, NOME DE PAI E DE MÃE

Desafio será conciliar família e 12h na Prefeitura

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Foto do author Adriana Ferraz

Quando o assunto é família, o prefeito eleito Fernando Haddad (PT) encontra tempo. Rodeado pelas mulheres da casa e pelo filho Frederico, o petista divide os "louros". Para a foto, além da mulher, Ana Estela, e da filha, Ana Carolina, convida a mãe, Norma, e as duas irmãs, Priscila e Lúcia. Por um instante, a Sala São Paulo, no centro da cidade, vira a sala de estar da casa da família Haddad. No dia 19, a data merecia comemoração: ele havia acabado de receber o diploma de prefeito.

Depois de passar uma semana na Bahia descansando, Haddad já sabe que os momentos em família e de descanso ficarão mais escassos, mas não as conversas com a primeira-dama. São 24 anos de casamento e mais de 30 de paquera. O primeiro encontro foi na porta do vestiário do Esporte Clube Sírio, na zona sul, onde descobriram que ambos têm o mesmo sobrenome.

Em árabe, Haddad significa ferreiro, profissão comum no Líbano - país de origem das famílias dos dois. "Economizei nos documentos. O nome ficou o mesmo depois que casei", brinca Ana Estela, de 45 anos.

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Professora da USP, a dentista encara com serenidade e bom humor o início de mais uma etapa na vida a dois e avisa que está acostumada a lidar com o assédio sobre o companheiro. "Agora, é o prefeito mais bonito. Antes, era o ministro mais bonito. Já passei por essa fase", avisa, sem esconder que tem ciúme. "Sou muito bem resolvida em relação a isso, mas é claro que, de vez em quando, alguém ultrapassa os limites, e, aí, me ressinto um pouco. Sou humana."

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Os filhos. Em casa, o ciúme é masculino e paternal. Aos 12 anos, Ana Carolina não tem namorado, mas o futuro pretendente que se prepare. Além de enfrentar o pai, vai ter de encarar o prefeito, que tem na filha caçula seu xodó. Foi com ela que o então candidato Fernando Haddad, de 49 anos, entrou na cabine de votação no dia 28 de outubro.

Carolina é a única que ainda não discute política em casa. Frederico, de 20 anos, segue os passos do pai. Militante do PT e líder estudantil na Faculdade de Direito da USP - a mesma onde Haddad estudou -, o primogênito já demonstra interessa pela vida política. Mas, por enquanto, o universitário prefere usar o tempo livre para tocar violão, se divertir e torcer para o Corinthians, na única mostra de "rebeldia" declarada. Desde os 3 anos, Frederico não torce para o São Paulo, como o resto da família.

As mudanças de planos, porém, são comuns para o clã Haddad. O casal já experimentou outras aventuras, como morar no Canadá e dividir a casa entre Brasília e São Paulo. De volta em definitivo à capital, a família vive agora a expectativa de pôr em prática o sonho aprovado nas urnas.

Ana Estela vai estar ao lado do marido dentro e fora de casa. Frederico também deve participar de carona no sonho do pai, assim como dona Norma (que pedia votos às amigas no Planalto Paulista, onde mora) e as irmãs, que foram às ruas fazer campanha.

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O próximo prefeito tem dito que vai trabalhar mais de 12 horas por dia para cumprir as promessas de campanha. Em casa, o desafio é outro. A família quer manter os filhos e amigos na rédea curta, para o poder não deixar tantas marcas. Ana Estela avisa: não quer os filhos deslumbrados nem os projetos individuais deixados de lado. O sonho político, por enquanto, é só do marido.

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