A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo retorna às ruas na manhã do próximo domingo, 19, com 19 trios elétricos espalhados pela Avenida Paulista. O evento, conhecido como o maior deste tipo em todo o mundo, chega à sua 26ª edição após dois anos celebrando a comunidade de forma online, em razão da pandemia. A expectativa da organização é de que 3,5 milhões de pessoas compareçam à festa do arco-íris, que este ano alerta para a importância do voto, às vésperas das eleições 2022.
Para Renato Viterbo, vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP), o tema deste ano, “Vote com orgulho: por uma política que representa”, é uma chance de mostrar a importância do voto “para pessoas gerais”, de esquerda ou direita. “Essas são as políticas públicas que teremos para os próximos quatro anos. A intenção é votar em pessoas LGBTs e aliadas e que o público entenda o tanto que isso vai refletir também na sua família e no entorno”, afirma em entrevista ao Estadão.
Viterbo também quer despertar a atenção da população LGBT+ mais jovem para as eleições deste ano, cuja participação considera “fundamental”. “Quando falo de direita ou esquerda, é porque a associação (APOLGBT-SP) não tem viés ideológico ou partidário, é suprapartidária”, observa. “Mas a ideia é mais de voto consciente, não pensar que só um ou outro está certo.”
Nos últimos aos, grande parte dos ativistas tem reclamado da postura do presidente Jair Bolsonaro, que já deu declarações consideradas homofóbicas e por não valorizar agendas ligadas à comunidade LGBT+. Em 2019, ele foi condenado por homofobia pela Justiça após ter dito em uma entrevista, em 2011, que “não corria o risco” de ter um filho gay porque foi um “pai presente” e seus filhos tiveram “boa educação”.
Entre os nomes com apresentações já confirmadas para a Parada do Orgulho LGBT+ deste ano estão Pabllo Vittar, Aretuza Lovi e Luísa Sonza, além de artistas independentes da comunidade LGBT+, como Ariah, o coletivo Quebrada Queer e Ana Dutra. O evento será transmitido online pelos canais oficiais da APOLGBT-SP.
Nesses 26 anos desde que colocou seu primeiro bloco na rua, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo aumentou de tamanho e chegou a entrar no Guinness como a maior do mundo. Nos últimos dois anos, entretanto, enfrentou críticas pelo formato virtual não dar espaço a ícones da comunidade que ajudaram a construir o movimento brasileiro desde o início, favorecendo os novos influenciadores digitais.
Segundo Viterbo, o elenco desses dois últimos anos foi contratado por uma marca parceira, cujo apoio não foi renovado para este ano. “Diferente daquele conteúdo engessado e meio que ‘programa de televisão’, essa Parada vai ser com público na rua, trios elétricos e duas pessoas conduzindo a cobertura no chão e no nosso estúdio. Queremos dar a dimensão do evento para quem não consegue vir de outros Estados.”
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