Parentes e amigos de Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, morto a tiros na manhã desta terça-feira, 1, denunciam o que seria uma execução arbitrária por policiais militares em Santos, no litoral de São Paulo. O ajudante de serviços gerais de 22 anos teve o quarto invadido no bairro do Jabaquara e foi morto sem apresentar resistência ou ter relação com casos de violência vistos na região nos últimos dias, segundo o relato de pessoas próximas a ele. A Polícia Militar, por outro lado, diz ter havido um confronto no local, e a Secretaria da Segurança defende a legalidade da atuação na região.
A morte aconteceu em uma ocupação instalada na Rua Mario Santos Dias, onde Layrton dormia com mais dois amigos. “Mataram até o cachorro”, relatou ao Estadão um parente que preferiu não se identificar. “Ele estava jogando videogame, dormiu e ficou por lá mesmo”, acrescentou.
Familiares acreditam que a morte do jovem foi uma retaliação das forças de segurança depois que dois policiais militares foram baleados em Santos enquanto realizavam patrulha preventiva nesta terça-feira, 1. “Depois que mataram o PM no canal 2, o negócio repercutiu pelo morro todo. Entraram atirando.”
Parentes que estiveram no Instituto Médico Legal (IML) da Praia Grande, na manhã desta quarta-feira, 2, garantem que Layrton não tinha antecedentes criminais. “Eu nem dormi na minha casa hoje com medo de que a polícia possa entrar atirando em mim também”, diz um outro parente que também preferiu não se identificar.
O local da morte, em Santos, indica a ampliação do raio das ações policiais da Operação Escudo. Desde que dois soldados da Rota foram atacados durante patrulhamento em uma comunidade do Guarujá, na quinta-feira, dia 27, com a morte do soldado Patrick Bastos Reis, a ação deixou 16 mortos confirmados pelo governo de São Paulo. Entre as vítimas identificadas, todas eram do Guarujá.
A Polícia Militar confirmou a morte no endereço citado. “Eram três suspeitos nas escadarias do Morro do São Bento que correram com a chegada da policia. Um deles foi seguido pela polícia e optou pelo confronto.”
Secretaria diz que forças atuam conforme a legislação
A Secretaria de Segurança Pública declarou que “as forças de segurança atuam em absoluta observância à legislação vigente”. “Em cinco dias de Operação Escudo, a polícia prendeu 58 suspeitos e apreendeu quase 400 kg de drogas e 18 armas, entre pistolas e fuzis. Todas as ocorrências com morte durante a operação resultaram da ação dos criminosos que optam pelo confronto, colocando em risco tanto vítimas quanto os participantes da ação”, informou.
A pasta disse ainda que “todos os casos desse tipo são minuciosamente investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Santos e pela Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar (IPM)”. “As imagens das câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos em curso e estão disponíveis para consulta irrestrita pelo Ministério Público, Poder Judiciário e a Corregedoria da PM.”
Para a secretaria, os dois policiais atacados em Santos nesta terça-feira comprovam “a necessidade de manter em curso a Operação Escudo na região, para sufocar o tráfico de drogas e desarticular o crime organizado”. “A Secretaria de Segurança Pública reforça que o Estado de São Paulo não terá nenhuma região dominada pela criminalidade.”
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