Parentes acusam policiais de executarem jovem e matarem cão em Santos; PM fala em confronto

Layrton Oliveira, de 22 anos, morreu nesta terça-feira no litoral de São Paulo. Dois agentes foram mortos em ocorrências na cidade no mesmo dia. Secretaria defende legalidade da atuação

PUBLICIDADE

Foto do author Gonçalo Junior

Parentes e amigos de Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, morto a tiros na manhã desta terça-feira, 1, denunciam o que seria uma execução arbitrária por policiais militares em Santos, no litoral de São Paulo. O ajudante de serviços gerais de 22 anos teve o quarto invadido no bairro do Jabaquara e foi morto sem apresentar resistência ou ter relação com casos de violência vistos na região nos últimos dias, segundo o relato de pessoas próximas a ele. A Polícia Militar, por outro lado, diz ter havido um confronto no local, e a Secretaria da Segurança defende a legalidade da atuação na região.

PUBLICIDADE

A morte aconteceu em uma ocupação instalada na Rua Mario Santos Dias, onde Layrton dormia com mais dois amigos. “Mataram até o cachorro”, relatou ao Estadão um parente que preferiu não se identificar. “Ele estava jogando videogame, dormiu e ficou por lá mesmo”, acrescentou.

Familiares acreditam que a morte do jovem foi uma retaliação das forças de segurança depois que dois policiais militares foram baleados em Santos enquanto realizavam patrulha preventiva nesta terça-feira, 1. “Depois que mataram o PM no canal 2, o negócio repercutiu pelo morro todo. Entraram atirando.”

Parentes relatam execução de Layrton em quarto na cidade de Santos. Para a PM, ação decorreu de confronto Foto: Taba Benedicto/Estadão

Parentes que estiveram no Instituto Médico Legal (IML) da Praia Grande, na manhã desta quarta-feira, 2, garantem que Layrton não tinha antecedentes criminais. “Eu nem dormi na minha casa hoje com medo de que a polícia possa entrar atirando em mim também”, diz um outro parente que também preferiu não se identificar.

O local da morte, em Santos, indica a ampliação do raio das ações policiais da Operação Escudo. Desde que dois soldados da Rota foram atacados durante patrulhamento em uma comunidade do Guarujá, na quinta-feira, dia 27, com a morte do soldado Patrick Bastos Reis, a ação deixou 16 mortos confirmados pelo governo de São Paulo. Entre as vítimas identificadas, todas eram do Guarujá.

Publicidade

Aparelho de TV no quarto de Layrton foi atingido por um dos disparos. PM diz ter havido confronto Foto: Taba Benedicto/Estadão

A Polícia Militar confirmou a morte no endereço citado. “Eram três suspeitos nas escadarias do Morro do São Bento que correram com a chegada da policia. Um deles foi seguido pela polícia e optou pelo confronto.”

Secretaria diz que forças atuam conforme a legislação

A Secretaria de Segurança Pública declarou que “as forças de segurança atuam em absoluta observância à legislação vigente”. “Em cinco dias de Operação Escudo, a polícia prendeu 58 suspeitos e apreendeu quase 400 kg de drogas e 18 armas, entre pistolas e fuzis. Todas as ocorrências com morte durante a operação resultaram da ação dos criminosos que optam pelo confronto, colocando em risco tanto vítimas quanto os participantes da ação”, informou.

A pasta disse ainda que “todos os casos desse tipo são minuciosamente investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Santos e pela Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar (IPM)”. “As imagens das câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos em curso e estão disponíveis para consulta irrestrita pelo Ministério Público, Poder Judiciário e a Corregedoria da PM.”

Para a secretaria, os dois policiais atacados em Santos nesta terça-feira comprovam “a necessidade de manter em curso a Operação Escudo na região, para sufocar o tráfico de drogas e desarticular o crime organizado”. “A Secretaria de Segurança Pública reforça que o Estado de São Paulo não terá nenhuma região dominada pela criminalidade.”

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.