Parque pertinho de SP tem trilhas, mais de 500 nascentes e remo em caiaque inflável; veja onde é

Com sete mil hectares de floresta, espaço entre Mogi das Cruzes e Bertioga é boa opção para o ecoturismo

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Foto do author Ana Lourenço
Atualização:

Sete mil hectares de mata, mais de mil espécies de animais, 530 nascentes de rios e 20 quilômetros de trilha. O Parque das Neblinas definitivamente é o lugar para os amantes da natureza. O espaço, cerca de duas horas de São Paulo, é palco para a pesquisa científica, cultivo de espécies ameaçadas, e, claro, turismo ecológico.

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Para chegar até lá, são 115 km de estrada - algumas asfaltadas outras não -, mas a distância vale a pena para a imersão na natureza que o parque oferece. Longe de qualquer cidade grande, vêm o barulho da mata e o cheiro do ar puro.

Há uma palavra alemã para isso: Waldeinsamkeit, que remete à sensação de estar sozinho na floresta. Lá em meio ao verde, dá para entender melhor. Parece até que a natureza e nós viramos uma só coisa.

A reserva protege 1.330 espécies de fauna e flora, sendo 24 em algum grau de ameaça Foto: Taba Benedicto/Estadão

A área fica no limite dos municípios de Mogi das Cruzes e Bertioga, no alto da Serra do Mar, e é reconhecida como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

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Além da mata, uma estrela do passeio é o Rio Itatinga, que nasce ali dentro e se espalha por 14 km do parque. Ponto de mergulho para os visitantes, suas águas também são fundamentais para a flora e fauna regional e para a usina hidrelétrica da Vila do Itatinga, responsável por fornecer energia para a operação do Porto de Santos.

Por ser uma região de proteção, a entrada só é feita mediante agendamento prévio (veja abaixo as opções oferecidas). Muito antes disso, nos anos 1940 e 1950, a área do parque teve a vegetação desmatada pela indústria siderúrgica para a produção de carvão e depois, eucaliptos foram plantados para o mesmo fim.

Só em 1990, quando a empresa de papel e celulose Suzano identificou o local como potencial para unidade de conservação foi que tudo mudou. Hoje a gestão do parque é feita pelo Instituto Ecofuturo, organização sem fins lucrativos que atua na conservação de áreas naturais e promoção do conhecimento.

Caminhar na mata

Ao todo, são nove opções de trilhas, que se dividem entre fáceis e difíceis. No primeiro grupo, estão as autoguiadas, ou seja, sem guia turístico. Uma vez que estará sozinho, é importante que o visitante tenha controle rígido do tempo para não ficar na mata durante a noite e também respeite os limites da trilha, que têm sinalizações de direção e vias de acessos de resgates, em casos de emergência.

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Mirante da trilha 'Caminhos de Tropa' permite visão ampla de Mogi das Cruzes e litoral norte Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

“Todas as pessoas recebem um mapa e orientações para fazer as trilhas sozinhas. Além da nossa equipe, que zela pelas pessoas aqui dentro da área”, diz Cleia Araujo, analista de sustentabilidade júnior do parque. “É orientado que as pessoas levem nas mochilas repelentes, protetor solar, garrafinha d’água. Mas sempre lembrando de trazer seu lixo com você de volta para o centro de visitantes.”

As trilhas autoguiadas podem ser feitas no fim de semana, das 8h30 às 17h, mediante agendamento. O valor é R$ 50 por pessoa, que pode fazer uma ou todas as seis opções de trilhas. São elas:

  • Trilha do Brejo: a mais curtinha, com apenas 360 metros de extensão e nível fácil.
  • Trilha do Inox: 590 metros, ótima opção para quem gosta de observar plantas e flores.
  • Trilha Lava Pés: 650 metros, leva esse nome, pois o visitante tem que atravessar o rio.
  • Trilha das Antas: 1950 metros, com passagem pelo lugar favorito do animal que leva o nome da trilha.
  • Trilha da Cachoeira: 990 metros, com direito a banho de cachoeira.
  • Trilha das botas: 850 metros que contam a história de ocupação do Parque das Neblinas. Para os que preferem pedalar, é possível trazer sua bicicleta ou alugar (com uso obrigatório do capacete) para andar pelas estradas do parque. A taxa é R$ 50 por pessoa para praticar cicloturismo.

Se quiser aumentar um pouco a dificuldade, as três opções de trilha restantes devem ser feitas com um guia, em grupos de 5 a 20 pessoas. Diferentemente das mais fáceis, elas podem ser feitas de terça a domingo, das 8h30 às 17h e custam R$ 75 por pessoa. São elas:

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Trilha do Mirante: 11 km, com trechos íngremes. Não é recomendada para crianças, pessoas com dificuldade de locomoção ou que não estejam acostumadas com a prática de atividades físicas.

Trilha da Pedra Riscada: 10 km de dificuldade média, porém com parada na cachoeira que leva o nome da trilha.

Trilha Caminhos de Tropa: percurso de 19 km, que pode ser feito em um ou dois dias (R$ 100 o day use e R$ 200 para quem fizer pernoite). Seu caminho contém mirantes, cachoeiras, passarela suspensa e mais pontos de parada que contam a história dos antigos tropeiros da área. Tem máximo de 1130 metros de altitude.

A bordo do Rio Itatinga

Outra opção de ecoturismo é remar cerca de 3 km no Rio Itatinga a bordo de caiaques infláveis. Apesar de alguns desníveis, o passeio é contemplativo e pode ser feito com crianças a partir de seis anos. O remo quase não é usado: a correnteza faz praticamente todo o trabalho, deixando tempo de sobra para observar as árvores e as 16 espécies de peixes do rio, incluindo o camarão pitu.

“Todas as nascentes do rio estão catalogadas dentro da reserva, com mais de 500 nascentes em torno dos 14 quilômetros que ele percorre aqui dentro”, afirma Mateus Botelho, dono da empresa Curupira Aventura, responsável pela operação de canoagem.

Passeio de canoagem dentro do parque é contemplativo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Para quem só quer fazer esse passeio, o preço é R$ 125 por pessoa. Caso queira adicionar o passeio no pacote de trilhas, o valor varia de R$ 30 a R$70, a depender do passeio: de 1, 2 ou 3 km.

A canoagem está disponível de terça a domingo, das 8h30 às 17h, e o agendamento deve ser feito previamente via WhatsApp: (11) 91084-2323.

Acomodação

Dentro do parque, a empresa Gaia garante todas as refeições para os visitantes. Dentre as opções, frutos e espécies nativas do parque, como é o caso do suco de juçara e o pastel de taioba, planta que se assemelha a uma couve quando refogada.

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Os preços variam de R$ 30 a R$ 70, a depender da ocasião: café da manhã, almoço, janta ou até brunch. O agendamento das refeições devem ser feitos pelo telefone: (11) 95769-0834, mas na lanchonete há opções de lanches para o passeio.

Mas vale o conselho: não conte com a sorte e leve barrinhas de cereais, água, frutas e o que mais achar necessário.

Há também a opção de passar a noite dentro do parque em um camping que atende até 20 pessoas. Ao todo, são nove módulos com espaço para barraca, incluindo tamanho família. A estrutura foi pensada para ter o mínimo de impacto possível na natureza, por isso os visitantes são os responsáveis por trazer todo o equipamento para dormir e cozinhar.

E é ele também que tem de aquecer, com lenha, a água do banho. Na hora de usar o banheiro para necessidades também é bom se atentar ao fato que existe um vaso sanitário para o número um e outro para o número dois - a “descarga”, neste último é feita com serragem. Isso, claro, para quem quiser a experiência completa, caso contrário existem banheiros já modernizados.

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Dentro da área do camping o visitante deve esquentar a própria água e não se incomodar com os barulhos da mata à noite Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

O valor de R$ 100 por pessoa já inclui acesso às trilhas autoguiadas e área de banho no rio Itatinga. Também é necessário agendamento prévio.

Serviço

  • Parque das Neblinas

Endereço: Rodovia Prefeito Francisco Ribeiro Nogueira, km 85, s/n, zona rural

Horário de funcionamento: terça a domingo, das 8h30 às 17h

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Reservas: parquedasneblinas@ecofuturo.org.br ou (11) 4724-0555

Mais informações: http://www.ecofuturo.org.br/arquivos/3141

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