A empresa Jet anunciou que colocaria em operação a partir de 21 de setembro 50 patinetes elétricos para alugar no Parque Linear Bruno Covas e no bairro Retiro Morumbi, na zona sul de São Paulo. Conforme a empresa, os interessados poderiam baixar o aplicativo da Jet, se cadastrar e inserir uma forma de pagamento para, então, retirar o veículo para uso.
O Estadão foi ao Parque Bruno Covas para testar o serviço. A estação e cerca de 15 patinetes azuis já estão lá, mas não é possível dar um passeio. Apesar do anúncio, o início da operação da JET foi adiado, pois ainda falta liberação da Prefeitura.
Patinetes elétricos são permitidos na cidade, mas é necessário ter as autorizações do Comitê Municipal do Uso do Viário (CMUV), da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da Secretaria Municipal de Subprefeituras. Desde 2019, a cidade não tem equipamentos desse tipo disponíveis para aluguel (quando foram apreendidos pela nova fiscalização).
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Na estação e no app da JET, porém, não havia aviso sobre o adiamento do início das operações. Conforme havia sido instruído pela empresa nos materiais de divulgação sobre o novo serviço, a reportagem baixou o aplicativo, se cadastrou, colocou R$ 50 (preço sugerido, ainda que o mínimo seja R$ 20) e tentou visualizar o QR Code da patinete.
“The scooter is not available” (A patinete não está disponível, em tradução livre) aparecia na tela de cada uma das dezesseis tentativas.
Ao ver a reportagem tentando, inutilmente, alugar um patinete, um funcionário do parque disse que outros visitantes do Bruno Covas vinham enfrentando a mesma frustração.
À reportagem, a JET informou que “planeja iniciar as atividades o mais breve, mas ainda não há data prevista no momento” e que o “lançamento foi adiado por razões técnicas”.
Ao serem questionados sobre o dinheiro que o público coloca no app, “os usuários que tenham se cadastrado no aplicativo e inserido saldo poderão solicitar o reembolso. Isso por ser feito por meio “da equipe de suporte - pelo próprio aplicativo, por e-mail brsupport@jetshr.com e, ainda, telefone com WhatsApp e Telegram: +55 (13) 99137-4203 - ou aguardarem o lançamento do serviço”.
Já a Prefeitura de São Paulo afirmou que a JET entrou com o pedido de credenciamento para operar patinetes compartilhados junto ao CMUV. “No momento, o Comitê analisa a documentação complementar enviada pela empresa, além das informações a respeito da operação de patinetes que a empresa pretende desenvolver”, diz o texto.
“Vale ressaltar que, após a aprovação do credenciamento da empresa junto ao CMUV, a operadora ainda necessita aprovar seus projetos e obter as autorizações devidas entre CET e SMSUB, conforme Comunicado CET nº 016, de 04 de novembro de 2022, Instrução Normativa SMSUB nº 01, de 31 de julho de 2020, e outras regras”.
Segundo o Município, desde que foi adotada a regulamentação do compartilhamento de patinetes por apps em 31 de outubro de 2019, nenhuma empresa está oferecendo o serviço na cidade. “Apenas a operadora Whoosh está credenciada junto ao CMUV, mas não está atuando”, afirma.
Na divulgação inicial partir de outubro, a tarifa em dias úteis será de ativação da viagem a R$ 1,99 e o uso por minuto a R$ 0,49. Já aos fins de semana, a ativação será de R$ 2,99 e a tarifa de R$ 0,89 por minuto”.
A Jet, que tem sede no Cazaquistão, chegou ao Brasil em 2023, atuando nas cidades de Porto Alegre, Balneário Camboriú (SC) e Florianópolis. Em julho deste ano, passou a ter pontos no interior de São Paulo: Sorocaba e São José dos Campos.
Vaivém dos patinetes
Em junho de 2019, o Estadão publicou uma matéria explicando as dificuldades das operações de patinetes em São Paulo. Veja o resumo abaixo:
Início - Em agosto de 2018, empresas de patinetes elétricos começaram a operar em São Paulo. Meses depois, em janeiro, a Prefeitura informou que elaborava regulamentação do serviço.
Regras - Pressionado por relatos de acidentes, o então prefeito Bruno Covas (PSDB) antecipou para 13 de maio o anúncio de normas para a atividade. O texto previa multa de até R$ 20 mil, estipulava a obrigatoriedade de capacete e proibia o uso de calçadas.
Justiça - No primeiro dia de fiscalização, 557 equipamentos foram apreendidos. Segundo a Prefeitura, o motivo era a falta de cadastro. A Grow, responsável por dois aplicativos, entrou na Justiça.
Cadastro - Covas disse que nenhuma empresa está acima da lei e convocou plataformas para cadastro.
Como está hoje - A operação de um serviço desse tipo depende de autorizações do Comitê Municipal de Uso do Viário (CMUV), da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da Secretaria Municipal das Prefeituras.
Quem pode operar - Apenas a operadora Whoosh está credenciada junto ao CMUV, mas não está oferecendo o serviço
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