PCC planejou assassinato de agentes penitenciários e policiais

Cartas apreendidas em presídio neste ano revelaram o plano, que já contava com fotos e mapas para a casa dos alvos; 3 foram denunciados

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SÃO PAULO - Membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) planejaram, neste ano, assassinar agentes penitenciários, policiais civis e militares para demonstrar a força da organização. Os criminosos já haviam levantado os endereços e as rotinas dos alvos e queriam que as mortes fossem executadas como se fossem latrocínios, de forma a não recaírem suspeitas sobre a facção. Três detentos foram denunciados nesta quinta-feira, 15, pelo Ministério Público Estadual de São Paulo.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP de Presidente Prudente, interceptou mensagens do grupo que ordenavam a “execução de agentes públicos”, conseguindo impedir que os homicídios fossem realizados. Foram denunciados por organização criminosa armada, com pena de até 12 anos, Hamilton Luiz Pereira, o Hidropônico, Fabio de Oliveira Souza, o Fabinho Boy, e Wanderson Nilton Paula Lima, o Andinho.

Andinho é apontado como o responsável pelo gerenciamento da facção no interior do Estado Foto: Divulgação

Andinho é apontado como antiga liderança do tráfico de drogas na região de Campinas e soma mais de 600 anos de condenações por sequestros, homicídios e roubos no Estado. Ele chegou a ser denunciado por envolvimento na morte do prefeito da cidade Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, em 2001, mas a Justiça decidiu que não havia provas para levá-lo a júri. 

Condenações contra Andinho somam mais de 600 anos por sequestros, homicídios e roubos. Na imagem, uma das prisões, em 2002 Foto: ITAMAR MIRANDA/Estadão

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Na investigação deste ano, Andinho é apontado com um dos líderes da “Sintonia Geral do Interior”, parte da facção abaixo da “Sintonia Final”, a cúpula, e que administra a atuação da organização no interior do Estado. Por meio de cartas codificadas, o trio havia determinado a membros do grupo que estão soltos para fazer levantamento de agentes penitenciários e policiais civis e militares de cidades como Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Presidente Bernardes, Araraquara, entre outras.

No dia 25 de junho, a polícia chegou a uma reunião da facção que ocorria em uma chácara em Ribeirão Preto, prendendo membros da facção. Em computadores da quadrilha, os investigadores encontraram pastas com fotos e mapas indicando a residência dos agentes públicos. O monitoramento chegava a incluir a rotina de familiares, como mulheres e filhas.

Em uma das cartas apreendidas, os investigadores se depararam com a seguinte mensagem: "É para escolher 4 irmãos de confiança sua que seja capacitados para executar fatal, que sejam pegadores para eliminar esses frangos. Obs: Enquanto isso vamos fazer esses levantamentos que vocês têm em mãos e o que você conseguir mais e nós estamos vendo aqui também por outro lado e assim que tivermos a confirmação do endereço, iremos dar o sinal verde para você colocar seu time para concluir como se fosse latrocínio, desde que faça acontecer."

“Constatou-se, portanto, que o plano de matar os agentes como se fosse latrocínio estava em pleno andamento, aguardando apenas o sinal verde dos denunciados, somente não ocorrendo em razão das prisões efetuadas na Comarca de Ribeirão Preto”, descreveu a promotoria. Além dos agentes, estavam na mira do grupo integrantes da própria facção acusados de traição e “caguetagem”. 

Para os investigadores, é “patente” a atuação dos “denunciados dentro da organização criminosa PCC, como integrantes do quadro sintonia geral do interior, responsáveis pelas ordens de levantamento de agentes do Estado para o fim de matá-los e, também, pelas ordens de execução dos demais integrantes do grupo criminoso”. 

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RDD. Nesta quarta-feira, 14, a Secretaria da Administração Penitenciária transferiu 13 lideranças do PCC para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em Presidente Bernardes após determinação da Justiça. A polícia sustentou que a cúpula, da qual faz parte Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, continua a organizar as atividades da facção apesar de estarem presos. A Operação Ethos prendeu, há 23 dias, 33 advogados que atuavam em prol da organização. 

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