O rio Pinheiros vai além do curso d'água que atravessa a cidade de São Paulo. O manancial começa na Serra do Mar e circula pela região leste do estado até a capital paulista. Muito diferente do rio conhecido hoje, o Pinheiros dos tempos coloniais era chamado de Jurubatuba, que significa "terra dos jerivás". O rio começava em um local de muitas palmeiras jerivás, que produzem cachos de pequenos cocos de cor amarela quando maduros. O atual nome do rio foi dado pelos jesuítas que criaram um aldeamento indígena e o batizaram de Pinheiros, em 1560, pela grande quantidade de araucárias que havia na região.
A exposição Dos Jerivás aos Pinheiros, oitava edição do projeto de educação socioambiental Rios DesCobertos, que será aberta neste sábado, 20, no Espaço das Artes do Sesc Santo Amaro, caminha por esse curso d'água de forma provocadora e interativa, recriando as trilhas que levaram um dos rios mais importantes da cidade ao desconhecimento de sua história viva. Poucos sabem que o Pinheiros nasce próximo à nascente do rio Tietê, com o qual se junta após cruzar grande parte da área urbana de São Paulo.
A exposição reúne artistas, pesquisadores, professores e designers que se utilizam de recursos artísticos e tecnológicos para uma viagem no tempo pela história de um dos principais rios de São Paulo. A proposta é provocar um olhar para a relação do rio Pinheiros com o processo de urbanização da cidade a partir de uma abordagem territorial desde suas nascentes até a foz, considerando os aspectos físicos, biológicos, geográficos e geomorfológicos, antropológicos e ambientais.
Antes considerado um dos mananciais mais poluídos do estado, o rio Pinheiros está em processo de revitalização em São Paulo. A iniciativa realizada pela Sabesp e pelo governo estadual, coordenado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, está devolvendo vida aquática e um aspecto de rio limpo, com o tratamento dos esgotos de seus afluentes. O projeto Novo Pinheiros já reduziu em 85% a carga de poluição do rio, segundo a Sabesp.
'DOS JERIVÁS AOS PINHEIROS'- Por meio de instalações, mapas, maquetes, projeções, depoimentos e muita história, a mostra leva o público navegar por um vasto conteúdo distribuído por todo o espaço expositivo do Sesc Santo Amaro. As curiosidades, fatos e informações são apresentadas com possibilidade de construção de narrativas pelo próprio visitante proporcionando experiência direta com os conteúdos.
Uma maquete topográfica e interativa, marca registrada do projeto desenvolvido pelo Estúdio Laborg, será iluminada por projeções, apresentando todo o curso do rio Pinheiros e de seus afluentes, das nascentes à foz.
Por fim, a exposição apresenta a instalação Rio, que mostra as diferentes intervenções de engenharia na bacia hidrográfica do rio Pinheiros, em particular o "Projeto Serra" que alterou definitivamente a forma do rio e a ocupação de suas margens, obras decisivas para que a cidade chegasse à sua forma atual. A curadoria é dos produtores culturais Alexandre Gonçalves e Charlie de Oliveira.
O objetivo da exposição é ser educativa e a parceria com o Sesc prevê a interação com escolas. Um plano de visitas monitoradas está em andamento. A mostra vai até 18 de dezembro, de terça a sexta, das 10 às 21 horas, aos sábados, domingos e feriados, das 11 às 18. A entrada é livre.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.