Coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos há tempos deixou de ser apenas um líder social. É um estrategista político, que calcula cada ato da entidade, conhecida por usar a massa como forma de pressão.
E tem dado certo. Menos de uma semana após organizar a Copa do Povo, em Itaquera, Boulos foi recebido pela presidente Dilma Rousseff (PT) e recebeu dela a garantia de que a ocupação poderia ser regularizada pelo programa federal Minha Casa Minha Vida. Um mês depois, o Ministério das Cidades oficializou a promessa ao anunciar a construção de 2 mil moradias no terreno.
Ao mesmo tempo em que garante financiamento para seus projetos (e assim atrai cada vez mais simpatizantes), Boulos estuda a legislação em busca de brechas que transformem áreas públicas ou privadas em endereços de sem-teto. Foi assim durante a revisão do Plano Diretor de Embu das Artes, de Taboão da Serra e, agora, de São Paulo.
Cabeça dos protestos do MTST, Boulos é quase onipresente. Divide seu tempo entre discursos para associados e reuniões políticas. Só na Câmara Municipal, foi recebido ao menos duas vezes no último mês. Formado em Psicologia, com especialização em Psicanálise, Boulos deixou para trás uma vida confortável para protagonizar a militância política.
Aos 31 anos, o filho do médico infectologista Marcos Boulos, do Hospital das Clínicas, é casado com uma sem-teto e tem duas filhas. É o que se sabe de sua vida pessoal.
Boulos não diz onde mora e proíbe os companheiros a dar tal informação. Aos jornalistas, diz que dá entrevistas só se for para falar da "luta". Ou, para quem preferir, divulga suas ideias no livro Por que ocupamos?, vendido a R$ 20 na internet.
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