Um funcionário de uma empresa que presta serviços para a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) foi morto nesta quinta-feira, 13, após ser baleado na cabeça por um policial militar de folga. O caso ocorreu em Santana, na zona norte de São Paulo. O agente, que tem 40 anos e foi preso, discutiu com o trabalhador ao se irritar com a queda de uma faixa de sinalização de trânsito enquanto passava de moto.
A vítima foi identificada como Alberes Fernandes de Lima, de 34 anos. No boletim de ocorrência, o PM disse que ele tentou pegar sua arma de fogo durante uma briga, mas uma testemunha ouvida pela polícia negou essa versão. Após o ocorrido, familiares e amigos de Alberes protestaram na madrugada desta sexta-feira, 14, na Rodovia Fernão Dias. O caso é investigado pelo 13º Distrito Policial (Casa Verde).
Conforme informações do boletim de ocorrência, o policial militar relatou que estava passando pela Avenida Pedro Leon Schneider, na altura do número 100, quando “sentiu uma faixa atingindo a si e à motocicleta que conduzia”. Ele disse que se desequilibrou e quase caiu, o que o teria feito encostar a moto e ir alertar o funcionário que estava em cima da escada instalando a faixa.
O policial disse que, nesse momento, um segundo funcionário, que seria Alberes, se aproximou bruscamente e começou a agredi-lo com socos e chutes. Segundo o relato, quando ele declarou que era policial militar, a vítima teria colocado a mão em sua cintura. O agente alega que tentou impedir que Alberes pegasse sua arma de fogo e que, durante desentendimento, o gatilho disparou.
Uma testemunha ouvida pela polícia deu uma versão diferente. Segundo relatou à polícia, a faixa, de fato, escapou das mãos dos funcionários enquanto eles instalavam a sinalização na via, mas não atingiu o policial. A semana tem sido marcada por fortes rajadas de vento na capital paulista, como parte dos efeitos do ciclone extratropical que atua na região Sul do Brasil.
A testemunha relatou que, ainda assim, o policial militar teria se irritado e começado a discutir com Alberes. A confusão escalou e os dois chegaram a trocar socos, ainda segundo o depoimento. O homem, então, sacou uma arma da cintura repentinamente e deu um tiro na cabeça da vítima, relatou a testemunha. Alberes chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
O PM foi indiciado por homicídio e a prisão em flagrante foi convertida em preventiva após audiência de custódia no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Segundo versão da Secretaria de Segurança Pública (SSP), o disparo ocorreu porque “a vítima, de 34 anos, fez menção a estar armado, momento em que o policial interveio”. “Testemunhas do ocorrido prestaram depoimento e as diligências prosseguem”, acrescentou.
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo informou que também acompanha a ocorrência e que solicitou quatro laudos: necroscópico, balístico, residuográfico e de local. O órgão também pediu imagens de câmeras de segurança da região que possam ter captado o que aconteceu.
Em nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT), por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego, informou que “lamenta a ocorrência que resultou na morte de um prestador de serviço de empresa terceirizada”. A reportagem também busca contato com a empresa terceirizada para a qual Alberes trabalhava, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
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