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PM que matou jovem em abordagem na zona norte de SP é preso

Adolescente de 17 anos levou tiro no peito dentro do carro, no domingo; morte causou revolta na vizinhança e onda de depredação no bairro

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Atualizado às 16h55.

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SÃO PAULO - Está preso no Presídio Romão Gomes o policial militar que matou o adolescente Douglas Martins Rodrigues, de 17 anos, durante abordagem na Vila Medeiros, na zona norte de São Paulo, no domingo, 27. "Um episódio lamentável, mas as providências foram tomadas, o policial foi autuado em flagrante por homicídio. Já está preso. Nós queremos concluir rapidamente a investigação para que o inquérito seja levado à Justiça e que ela possa analisar e decidir", disse o secretário de Segurança, Fernando Grella Vieira.

O corpo de Douglas foi enterrado no fim da tarde desta segunda-feira, 28, no Cemitério Parque dos Pinheiros, também na zona norte. O velório começou por volta das 6h em uma igreja da Avenida Roland Garros, no Jardim Brasil.

A Vila Medeiros foi alvo de protestos de vizinhos que, na noite de domingo, após o assassinato, ficaram revoltados com a ação da polícia. Na manifestação, com cerca de 300 pessoas, duas lotações, um ônibus e um carro foram incendiados e lojas foram saqueadas. A PM interveio com bombas de gás e balas de borracha para a dispersão.

Os vizinhos alegam que Douglas, que era estudante do 3° ano do Ensino Médio, foi abordado pelos policias e, sem ter reagido, levou um tiro. Os policiais sequer teriam falado com a vítima. O policial Luciano Pinheiro Bispo foi autuado em flagrante pelo homicídio e alega que o disparo foi acidental.

A vítima estava acompanhada de um colega e um irmão mais novo de 13 anos. O irmão foi ouvido pela polícia e disse que eles iriam até o pai de um colega avisar que queriam participar de um festival de pipas em Atibaia. Enquanto estavam na Rua Bacurizinho, no Jardim Brasil, conversando com o pai desse garoto, uma viatura passou deu a volta e um PM atirou contra o peito de Douglas, que estava no carona.

"Por que o senhor fez isso comigo?", teria dito a vítima, de acordo com o irmão. Ainda segundo ele, os policias ficaram nervosos e não sabiam o que fazer. Eles levaram 10 minutos para socorrer o rapaz. Ele foi levado inconsciente ao hospital, onde morreu.

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O corpo de Douglas foi liberado do IML na manhã desta segunda. O motorista José Rodrigues, de 44 anos, diz que o filho era um garoto trabalhador e que havia acabado de comprar um carro para usar quando completasse 18 anos, em fevereiro. O veículo modelo Gol custou R$ 5,5 mil - metade do valor havia sido paga por Douglas com o seguro desemprego. "O resto a gente vê o que vai fazer", disse o pai. Douglas trabalhava em uma lanchonete como chapeiro. Colaborou Caio do Valle

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