SOROCABA - A Polícia Civil abriu inquérito nesta segunda-feira, 26, para apurar a aplicação de vacinas contra a covid-19 com prazo de validade vencido em 80 moradores de Dracena, no interior de São Paulo. As doses da fabricante Oxford/AstraZeneca foram aplicadas entre os dias 14 e 15 deste mês, mas a comunicação da possível falha foi feita no dia 22 pela Secretaria Municipal de Saúde. Segundo a polícia, o inquérito vai apurar eventual crime de lesão corporal culposa. A prefeitura informou que já apura o fato e vai colaborar com a investigação policial.
As vacinas vencidas fazem parte do lote 4120Z001 e passaram do prazo "por alguns poucos dias", segundo a prefeitura. As pessoas vacinadas estão sendo procuradas para receber uma nova dose, já que a vacina aplicada foi considerada inválida. Conforme o delegado da Polícia Civil Feres Cury Karam, a investigação vai solicitar documentos à prefeitura e ouvir os responsáveis pela conservação e aplicação das vacinas. A polícia já expediu ofício pedindo a relação das pessoas que foram vacinadas. O inquérito deve ser concluído em 30 dias.
O prefeito André Lemos (Patriota) disse que, ao tomar conhecimento do caso, usou as redes sociais para informar e orientar a população com toda a transparência. Em vídeo, ele afirmou ter havido falha na gestão do estoque de vacinas. Sete frascos de um lote de vacinas que teriam sobrado da aplicação foram colocados por engano junto com outro lote que veio depois. "Esses frascos ficaram para trás e aconteceu esta pequena falha. Falhas semelhantes não se repetirão", disse.
Lemos disse que o lote veio com prazo curto, de 30 dias. Segundo ele, equipes de saúde acompanham as pessoas que receberam a vacina. "As vacinas fora do prazo, a princípio, não oferecem riscos, mas são consideradas inválidas. As doses serão reaplicadas em prazo oportuno, mas vamos acompanhar a saúde dessas pessoas de forma preventiva", disse. Através da Secretaria de Saúde, a prefeitura comunicou o procedimento inadequado ao Grupo de Vigilância Epidemiológica da região e abriu um procedimento interno para apurar a falha.
Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que as condições de conservação, armazenamento e prazo de validade aprovados para cada vacina devem ser seguidos à risca para garantir a qualidade do imunizante. Disse ainda que a investigação local de eventuais falhas e o monitoramento de pacientes cabe à Vigilância Sanitária do município.
A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo informou que é responsabilidade do município monitorar, prestar assistência aos pacientes e zelar pela verificação da dose antes de aplicar a vacina, conferindo os dados que devem ser registrados na carteira de vacinação da pessoa. Eventuais falhas devem ser reportadas na plataforma VaciVida, sistema estadual que permite o acompanhamento individualizado da vacinação, para que a Vigilância Sanitária analise e forneça orientações.
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