A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo criou nesta quarta-feira, 7, um cadastro estadual de bicicletas roubadas para tentar frear o aumento desse crime na capital. O número de casos registrados na cidade subiu 37% desde 2014, após a expansão da rede de ciclovias e ciclofaixas.
Segundo resolução publicada pelo secretário Mágino Alves no Diário Oficial do Estado, a partir de agora os boletins de ocorrências de roubo, furto ou apreensão de bicicleta deverão conter obrigatoriamente a marca, a cor, o tamanho (aro) e, quando informado, o número de série do quadro, como já é feito no caso de veículos motorizados, como carros e motos.
A proposta é que o cadastro das bikes seja acessado pelos policiais militares em patrulha na rua quando eles abordarem um ciclista com uma bicicleta suspeita, o que facilitará a recuperação do veículo pelo dono . “Seria como o chassi da bicicleta”, disse Alves no mês passado, quando anunciou a medida.
A resolução prevê que, na hipótese de apreensão de bicicleta, o policial fará uma pesquisa no Registro Digital de Ocorrência (RDO) por meio do número de série – para saber se o veículo é de origem criminosa ou não e adotar as medidas legais. Ainda de acordo com o texto, os distritos policiais (DPs) terão dois meses para fazer o cadastro de todas as bicicletas apreendidas que se encontram depositadas nas unidades.
Segundo informações obtidas pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), existem cerca de 3,8 mil bicicletas apreendidas nos DPs da capital. O diretor-geral da entidade, Daniel Guth, disse que “sistematizar” os dados de BOs envolvendo bicicletas “é algo positivo”, mas que “ainda é muito prematuro prever se essa medida terá impacto na melhoria dos índices de roubos”.
Ao lado de outros cicloativistas, Guth se reuniu com o secretário na semana passada para discutir a criação do cadastro de bikes roubadas e de um grupo de trabalho que será montado para acompanhar os registros e propor outras soluções.
“Só a criação do cadastro, isoladamente, não produz efeito, a não ser melhorar a qualidade dos dados. A gente também não quer que essa medida induza um aumento das abordagens de ciclistas, que seria um ato discriminatório. Por isso é importante a participação da sociedade civil no acompanhamento desse trabalho.” /COLABOROU ALEXANDRE HISAYASU
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.