A Polícia Civil de São Paulo cumpriu mandados de busca e apreensão contra proprietários de três autoescolas de São José dos Campos, no interior, por suspeita de envolvimento em um esquema de baixa indevida de multas e pontuações em CNHs, além de fraudes em prontuários de veículos.
De acordo com a investigação, as informações eram inseridas no sistema do Detran-SP com o apoio de um hacker localizado em Crato, no Ceará, onde foi cumprido mais um mandado de busca. Ele seria responsável por comercializar senhas do órgão de trânsito com os responsáveis pelos Centros de Formação de Condutores (CFCs).
A investigação identificou movimentações financeiras na casa dos R$ 3 milhões pelos responsáveis pelos três estabelecimentos, que estariam relacionadas a práticas criminosas.
Na operação deflagrada na quarta-feira, 19, foram apreendidos equipamentos eletrônicos e celulares. Os policiais encontraram uma grande lista de placas de veículos nos aparelhos, possivelmente para alterações indevidas nos prontuários.
Na casa de um dos suspeitos, também foram encontrados moldes de impressões digitais - conhecidos como ‘dedos de silicone’ - que seriam usados para fraudar a participação de candidatos em aulas e provas para emissão de CNH.
Em Crato, policiais apreenderam dispositivos eletrônicos do suposto hacker. O material será analisado para verificar o envolvimento nas fraudes. As pessoas beneficiadas com a inserção dos dados falsos também serão investigadas e podem responder criminalmente.
A superintendência do Detran-SP em São José dos Campos elaborou relatório para suspender preventivamente as atividades dos três CFCs investigados. Além do processo criminal, os responsáveis vão responder a processo administrativo que pode levar à cassação do registro dos envolvidos.
O órgão de trânsito considera remota, mas não descarta a possibilidade de envolvimento de algum servidor no esquema.
Também nesta quarta, a Polícia Civil e o Detran localizaram 116 dedos de silicone em local de prova e aula prática para carteira de motorista no bairro do Aricanduva, na zona leste de São Paulo.
Os espaços são usados por mais de um CFC, em revezamento, sendo todos considerados suspeitos de irregularidades. Os responsáveis poderão responder pelos crimes de peculato e falsidade ideológica, além de perder o credenciamento junto ao Detran-SP.
Os moldes são usados para fraudar o sistema de controle biométrico usado para emissão de carteira de habilitação, registrando a presença do candidato sem que ele frequente as aulas. Todos os CFCs que utilizam o espaço são considerados suspeitos.
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