O consórcio Reserva Paulista fez a oferta vencedora para a concessão do Zoológico, do Zoo Safari e do Jardim Botânico, na zona sul de São Paulo, por 30 anos. A proposta foi de 111,5 milhões, que será complementada ao longo do contrato pelo pagamento de 15% das receitas acessórias e outros itens, com investimento mínimo (CAPEX) de R$ 369,5 milhões.
O vencedor é encabeçado pelo Grupo Turita, que inclui a FBS Construtora. A oferta mínima de outorga fixa era de R$ 48 milhões. Além do consórcio vencedor, a Cataratas do Iguaçu SA também fez uma proposta, de 82 milhões. A abertura com os envelopes de propostas ocorreu na tarde desta terça-feira, 23, na sede da B3.
Entre os novos usos possíveis para a área comercial, estão a implantação de biblioteca, cafeteria, cinema 4D, sorveteria, lojas temáticas, arena, comércio de mudas e espaços de eventos e oficinas. A concessão propõe, inclusive, a instalação de um sistema de teleféricos e a implantação de um palco ao ar livre.
A concessionária será responsável pela infraestrutura, operação, conservação, manejo e gestão dos espaços, além de fomentar a pesquisa. Com a concessão, aexpectativa é que o público mais do que dobre em 30 anos, chegando a 2,6 milhões de visitantes anuais no Zoológico e a 318 mil no Jardim Botânico.
A concessão foi liberada pela Assembleia de São Paulo em 2019 em meio a protestos da Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), a qual teme que o Instituto de Botânica, situado na área a ser concedida, perca a autonomia administrativa. Questionado em coletiva de imprensa sobre as críticas, o secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente disse que as diferentes pesquisas realizadas no local continuarão com suporte do governo estadual e serão “ainda mais reforçadas” por estudos feitos pela concessionária.
A concessão libera a exploração comercial de uma área de cerca de 100 hectares, o que representa cerca de 22% do Parque Estadual Fontes do Ipiranga, onde os espaços concedidos estão localizados. Ela inclui também uma área de 542 hectares conhecida como Fazenda, utilizada como apoio ao Zoo e que fica entre os municípios de Sorocaba, Araçoiaba da Serra e Salto de Pirapora, no interior paulista.
Dentre as mudanças obrigatórias, estão: criação de uma conexão interna e a implantação de um serviço de transporte motorizado entre o Jardim Botânico e o Zoológico; reforma da atual ou entrega de nova base da Polícia Militar; instalação de mecanismos para evitar mortes de animais silvestres do parque por choque e atropelamento; criação de plano de emergência contra incêndios; venda de ingressos pela internet; disponibilização de cota mensal de 40 horas para realização de eventos públicos; ampliação de 32% para 50% o percentual de espécies ameaçadas e de 68% para 80% de nativas entre as disponíveis no plantel do Zoológico; e ampliação de hospital veterinário.
Segundo o governador João Doria (PSDB), a concessão resulta em um retorno de R$ 4 bilhões em 30 anos, entre outorga, investimentos e economia de despesas antes de responsabilidade pública. Ele celebrou o resultado e voltou a destacar o alinhamento da gestão estadual ao liberalismo, dizendo que faz um “governo liberal de verdade”.
“Onde for possível, o setor privado que vai operar”, disse. Doria também comentou que outras três concessões de parques devem ter leilão na B3 ainda em 2021. “Viva o mercado privado!”, emendou.
Representante do consórcio, Cesar Kalil celebrou o resultado. “A iniciativa tem muito interesse nesse projeto e acredita que tem um potencial enorme de São Paulo ter um zoológico de ponta.”
Segundo o governo estadual, a mudança de gestão acarretará em melhoria da qualidade dos serviços, promoção do turismo sustentável, potencialização das atividades de pesquisa ambiental, conservação da diversidade local e aumento da arrecadação. No parque, estão localizadas 24 nascentes do Riacho Ipiranga, dois aquíferos subterrâneos e diversas espécies de fauna silvestre, inclusive parte delas ameaçadas de extinção.
Somados, o Zoológico e do Zoo Safari reúnem cerca de 1,8 mil espécimes. O Jardim Botânico inclui duas estufas com plantas da Mata Atlântica e um museu, com amostras de plantas da flora brasileira.
Tanto para o Zoológico quanto para o Jardim Botânico, a concessão propõe a ampliação do estacionamento, a implantação de uma passarela elevada e a construção de um edifício para abrigar a bilheteria, uma loja e um centro de visitantes.
Ponto a ponto
Abrangência: A concessão é válida por 30 anos e engloba o Zoológico, o Zoo Safari, o Jardim Botânico e a “Fazenda”, espaço localizado na região de Sorocaba. Arrecadação: A concessionária pagará 111,5 milhões ao governo estadual, além de outros encargos financeiros, de obras e de ações. Em troca, poderá fazer a exploração comercial do espaço, como a cobrança de ingresso e de estacionamento e a implantação de cafeterias, restaurantes, lojas temáticas e outros estabelecimentos.Encargos: Dentre as mudanças obrigatórias, estão: criação de uma conexão interna e a implantação de um serviço de transporte motorizado entre o Jardim Botânico e o Zoológico; instalação de mecanismos para evitar mortes de animais silvestres do parque por choque e atropelamento; venda de ingressos pela internet; e ampliação de 32% para 50% o percentual de espécies ameaçadas e de 68% para 80% de nativas entre as disponíveis no plantel do Zoológico.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.