A Construcap fez a única oferta no leilão da concessão por 30 anos dos Parques Estaduais da Cantareira e Alberto Löfgren (que inclui o Horto Florestal da cidade de São Paulo e outros espaços do entorno), na região metropolitana da capital paulista. A proposta foi de R$ 850 mil, pouco acima do valor mínimo determinado (de R$ 820 mil). A empresa é a mesma da concessão do Parque do Ibirapuera.
Segundo o edital da concessão, o valor estimado do contrato é de R$ 56,7 milhões, correspondente ao valor dos investimentos previstos e a outorga mínima fixada A receita estimada é de R$ 882,1 milhões, com retorno a partir do sétimo ano.
A expectativa do governo João Doria (PSDB) é de aumento de visitantes e potencialização do ecoturismo. Em 2019, o Horto reuniu 1,6 milhão de frequentadores, enquanto o número foi de 90,1 mil na Cantareira.
Ele lembrou que, para outubro, planeja o leilão dos Parques da Água Branca, Villa-Lobos e Cândido Portinari, na zona oeste paulistana. “Certamente terão interesse do setor privado", declarou. No leilão, um representante da Construcap disse que o grupo se compromete em trazer o desenvolvimento sustentável para o projeto, sem informar detalhes.
A concessionária será responsável pela segurança, vigilância, limpeza, manutenção e outras atividades dos parques. Entre as possibilidades de renda sugeridas pelo Estado estão: cobrança de bilheteria (Cantareira e Museu Florestal), alimentação (em locais fixos e também em quiosques e food bike), comércio, estacionamento, transporte, eventos, atividades de aventura e aquáticas, merchandising, hospedagem (Núcleo Águas Claras do Cantareira) e cultura.
Os parques estão localizados em área da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, com fauna e flora nativa. O Núcleo Cabuçu do Cantareira, localizado em Guarulhos, não está incluído na concessão, que abarca os núcleos Águas Claras, Engordador e Pedra Grande.
Em modelo de concorrência internacional, a concessão tem uma série de intervenções obrigatórias. Dentre as principais, estão a criação de uma interligação e um transporte (que pode ser cobrado) entre os dois parques, a oferta de ao menos um serviço de alimentação (lanchonete, restaurante ou afim) no Horto Florestal e em cada um dos três núcleos do Cantareira, a implantação de pelo menos um equipamento de aventura integrado à natureza no Núcleo Águas Claras (que poderá ser um circuito de arvorismo, tirolesa, escalada ou outra atividade de ecoturismo) e a disponibilização de redes wi-fi gratuitas ao menos no Horto Florestal e no Núcleo Engordador.
O estacionamento do Horto poderá ser ampliado para as áreas que hoje são ocupadas por campo de futebol e quadras poliesportivas, desde que equipamentos esportivos sejam transferidos para outro espaço do entorno. A concessionária deverá respeitar uma delimitação de horário mínimo de atividades, mas poderá ampliar o funcionamento, inclusive no período noturno, desde que respeite o plano de manejo para não prejudicar a fauna local.
Além das alternativas de renda sugeridas e obrigatórias, a concessionária também poderá adotar outras atividades, como venda de mudas e sementes produzidas em viveiros no local e comercialização de matéria orgânica de compostagem de restos de poda e afins, dentre outras.
A cobrança de ingresso no Parque da Cantareira está liberada desde que ofereça meia entrada para crianças e adolescentes de 3 a 14 anos e para o público da lei federal 12.933/12 (idosos, pessoas com deficiência, jovens de baixa renda) e isenção para crianças de até 3 anos, pesquisadores, passeios de escolas públicas e moradores pré-cadastrados com renda familiar de até R$ 2,5 mil mensais. No caso do Horto, a entrada deverá ser livre no parque, mas está permitida a cobrança para ingressar no Museu Florestal e em outros espaços e eventos.
A concessão do Cantareira abrange 225,6 hectares. Um levantamento do Estado de 2020 apontou que é mais procurado para caminhada (64%), trilha (35%), cachoeira (12%), apreciação da natureza (10%), corrida (7%) e piquenique (4%). Os principais atrativos destacados pelo governo em material de divulgação são: o mirante da Pedra Grande (pela vista de São Paulo), as trilhas, a Casa da Bomba (patrimônio histórico) e as cachoeiras.
Já o Parque Alfredo Löfgren tem 70,9 hectares, divididos em quatro núcleos (Horto Florestal, Polo Ecocultural, Olaria e Arboreto), que não são inteiramente conectados em decorrência da urbanização do entorno. Entre as principais atrações estão: Museu Florestal, Palácio de Verão do Governador (datado da década de 1930), trilhas, lagos e equipamentos esportivos.
Uma pesquisa do Estado apontou que é mais procurado especialmente para caminhada (56%), esportes (7%), natureza (29%), corrida (12%), atividades infantis (9%) e playground (4%). A ideia do governo é que a considerada alta visitação do local ajude a aumentar o fluxo de pessoas no Cantareira, tornando-se uma porta de entrada para o outro parque.
No primeiro ano, por exemplo, a concessionária deverá implantar um portal de entrada para o Parque da Cantareira junto ao Horto Florestal e um sistema de transporte que interligue ambos (com pontos de parada nos principais atrativos e que conecte ao menos o estacionamento do Horto Florestal até o mirante da Pedra Grande). Em três anos, deverá implantar ao menos um novo “circuito de aventura” na Cantareira. Em quatro anos, deve implantar um novo mirante euma passarela na Cantareira e restaurar o Palácio de Verão do Governador. Em seis anos, precisa entregar o restauro da Casa da Bomba (que inclui uma bomba a vapor de 1898), dentre outras intervenções.
O Museu Florestal poderá ter novos usos incorporados desde que “compatíveis com sua missão e que garantam a manutenção plena de sua atividade-fim museológica, tais como serviços de alimentação, conveniência e venda de souvenir”. O local também deverá ser disponibilizado em um período mínimo para o Instituto Florestal, o que inclui 30 dias anuais para exposição temporária, 10 horas mensais para oficinas, cursos e afins e 200 ingressos anuais para o acesso de grupos monitorados de estudantes do ensino superior e técnico. Outros espaços da concessão também terão uma cota de uso público pelo Estado.
Além disso, parte dos imóveis pré-existentes deverão ser reformados e, no caso de bens tombados, restaurados. Entre eles, está o Palácio de Verão do Governador, cuja avaliação do Estado é de uma situação precária na cobertura, no piso, no revestimento e na pintura, além da presença de infiltrações. Da mesma forma, a Casa da Bomba foi identificada como precária no piso, no revestimento, na pintura, nas portas e nas esquadrias.
No Núcleo da Pedra Grande, conhecido pela vista para a cidade de São Paulo, será obrigatória a implantação de uma praça com mobiliário urbano (como bancos e mesas de piquenique), de uma passarela e mirantes elevados em um nível superior ao atual.
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