Prédio do Instituto Butantã chega aos 100 anos sob risco

Edifício histórico tem infiltrações, telhado e fachada deteriorados e danos estruturais; biblioteca está fechada e livros em contêineres

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SÃO PAULO - O histórico prédio principal do Instituto Butantã, na zona oeste de São Paulo, completa nesta sexta-feira, 4, cem anos sem ter muito o que comemorar. Os problemas são muitos: infiltrações de água, telhado deteriorado, fachada precisando de restauro e, de acordo com a própria administração da instituição, danos estruturais. A biblioteca, abrigada dentro dele, está interditada há mais de um ano, com livros guardados em contêineres do lado de fora. E os laboratórios que funcionam em seu porão estão abarrotados.

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"Temos um projeto de restauro completo desse prédio, desenvolvido por arquitetos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo", adiantou o diretor substituto da instituição, Marcelo de Franco. "Há alguns anos, obtivemos autorização do Condephaat (órgão estadual de proteção ao patrimônio) e realizamos alguns reparos. Mas agora é hora de um restauro completo."

O instituto não informou o valor necessário para a execução da obra. "Vamos procurar empresas parceiras", afirmou Franco, frisando que o projeto já foi submetido à Lei Rouanet, de incentivo fiscal do governo federal. O plano, segundo ele, é começar as obras no segundo semestre e conclui-las no prazo de sete meses.

Quem está mais ansioso com o início do restauro são os pesquisadores que trabalham no edifício. Metade do andar térreo e todo o subsolo do prédio são ocupados por laboratórios da Farmacologia e da Bioquímica, que funcionam em condições precárias de conforto e segurança. "Me sinto dentro de uma ratoeira aqui", disse o pesquisador Lanfranco Troncone, que trabalha no prédio há 27 anos e levou o Estado para conhecer laboratórios do porão.

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O ambiente é claustrofóbico, com corredores apertados e pouca circulação de ar. O piso foi rebaixado algumas décadas atrás para permitir a circulação de pessoas, mas, ainda assim, o pé direito é baixo. Há muitas fiações e tubulações expostas, e uma das saídas de emergência é uma portinha em um canto de parede, com um grande degrau na frente. Várias cadeiras estão com o estofamento rasgado e remendadas com fita adesiva ou filme plástico de cozinha.

"Temos ótimos equipamentos, só que estão instalados em um ambiente deplorável", disse Troncone. "Imagine que você é um aluno de pós-graduação e eu te trago aqui e digo que é onde você vai trabalhar pelos próximos quatro anos de sua vida. Dá até vergonha."

"O fato é que esse prédio não foi projetado para abrigar laboratórios. Os laboratórios é que foram ocupando o espaço e se adequando a ele com o tempo", disse a pesquisadora Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora da Bioquímica. "Só que chega um momento em que não dá mais para adaptar. Está na hora de termos um grande prédio no Butantã pensado e destinado exclusivamente para pesquisa."

Rebatizado. A partir desta sexta, o prédio - conhecido apenas como "da biblioteca" - será rebatizado oficialmente como Edifício Vital Brazil, em homenagem ao famoso médico sanitarista que o fundou, em 1914. Uma pequena exposição contando a história da edificação será aberta amanhã ao público.

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Um grupo de funcionários planeja dar um "abraço" de protesto no prédio nesta sexta-feira.

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