Projeto integra criança imigrante no Canindé

Com atividades lúdicas, iniciativa acolhe filhos de estrangeiros, ensina língua portuguesa e incentiva respeito entre vários grupos étnicos

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Por Emylly Alves

A Praça Kantuta, no Canindé, zona norte de São Paulo, reúne milhares de imigrantes em uma feira de produtos típicos, gastronomia, artesanato e cultura. A poucos metros dali, crianças participam do projeto PertenSer, que busca construir a interculturalidade com os pequenos imigrantes. A Prefeitura estima que mais de 360 mil estrangeiros tentam reconstruir suas vidas na cidade. O PertenSer foi criado há cinco anos para auxiliar crianças imigrantes no aprendizado da língua portuguesa

"Começou com a intenção de dar um reforço de português, mas de forma lúdica", explica Helena Camargo, uma das coordenadoras da iniciativa. A rede municipal de ensino de São Paulo tem quase 8 mil crianças estrangeiras, vindas de cerca de cem países diferentes. Pouco tempo depois, a equipe do projeto percebeu que as dificuldades dessas crianças em relação ao idioma eram semelhantes às das crianças brasileiras. "Então, a gente começou a pensar que era preciso desenvolver o pertencimento dessas crianças à cidade", comenta Helena.

Oficina do Projeto PertenSer, que busca construir a interculturalidade com os pequenos imigrantes da capital paulista Foto: Divulgação

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A iniciativa, então, foi reestruturada para trabalhar a interculturalidade com os pequenos, com a reflexão de cultura e identidade das crianças. "Buscamos trazer e enaltecer as vozes que foram tradicionalmente caladas e apagadas", destaca. A interculturalidade é a interação, compreensão e o respeito entre diferentes culturas e grupos étnicos.

O PertenSer acolhe crianças imigrantes ou filhas de imigrantes de 9 a 12 anos. Desde 2017 já atendeu mais de 50 crianças. Atualmente, o projeto tem nove angolanas, três bolivianas e um venezuelano. A iniciativa também tem o apoio do coletivo "Si, Yo Puedo", formado por imigrantes de diversos países, e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).

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Helena explica que o projeto possibilita que a comunidade do bairro do Canindé se integre à instituição de ensino. "Muitas pessoas nunca tinham entrado lá e depois passaram a ocupar e utilizar o espaço, que é delas", destaca.

O PertenSer foi criado hácinco anos para auxiliar crianças imigrantes no aprendizado da língua portuguesa Foto: Divulgação

Os encontros ocorrem aos sábados e são pautados pela ludicidade para conquistar o interesse e a participação das crianças. Em uma das atividades, as crianças moldaram Alebrijes, que são criaturas fantásticas de arte folclórica mexicana, com massinha de modelar colorida. Em outra, os pequenos conheceram e interagiram com a diversidade de grãos andinos. As reuniões são planejadas por temas e o projeto também realiza excursões a museus espalhados pela capital paulista, como Japan House e Museu da Imigração. "É para mostrar que essa cidade é deles", diz Helena. 

A angolana Amina Lukela, de 32 anos, é mãe de Tusamba, de 8 anos, e Patrícia, de 10, que participam do projeto. Amina avalia que a adaptação no Brasil está sendo difícil. "A gente tem a nossa cultura, estamos nos adaptando", diz. Ela lamenta a falta de amigos, mas acredita que o PertenSer pode ser uma ponte na socialização dos filhos.

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