São Paulo, com 8,4 mortes violentas intencionais para cada 100 mil habitantes, foi mais uma vez o Estado com a menor taxa de assassinatos no último ano, segundo dados divulgados neste mês pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os números por cidade, no entanto, revelam disparidades regionais na criminalidade.
Segundo estatísticas oficiais compiladas por pesquisadores do Fórum, Caraguatatuba tem taxa de homicídios cerca de três vezes maior que a média. Com 26,7 casos para cada 100 mil habitantes, a cidade no litoral norte, uma das principais regiões turísticas do Estado, registrou a maior taxa de homicídios do Estado no último ano. O levantamento leva em conta apenas municípios com mais de 100 mil habitantes.
A média nacional, a menor desde 2011, foi de 23,4. Caraguatatuba ainda fica longe dos Estados mais violentos do País, como Amapá (50,6), Bahia (47,1) e Amazonas (38,8), mas está perto do índice do Rio de Janeiro (27,9).
As cidades que aparecem em seguida ficam abaixo da média nacional: São Carlos (19,2), Guaratinguetá (18,6), Rio Claro (18,4), todas no interior, e Embu das Artes (18,3), na Grande São Paulo. A capital tem um índice de 7,3.
Na outra ponta, Botucatu é o município com a menor taxa de homicídios do Estado: 2,8. Outras cidades que tiveram baixas taxas foram São Caetano do Sul (3,0), Indaiatuba (3,1), Santa Bárbara d’Oeste (3,3) e Salto (3,7).
Investigações apontam o avanço do crime organizado no interior do Estado. Uma célula da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) estabelecida em Campinas, interior de São Paulo, movimentava até uma tonelada de cocaína e outras drogas por mês, segundo o Ministério Público. O grupo atuava também em Sorocaba e Boituva.
Como o Estadão mostrou, a disputa de territórios entre facções é um dos fatores que exercem maior influência na tendências de homicídios não só em São Paulo, mas em várias regiões do País, mostram trabalhos acadêmicos.
A prefeitura de Caraguatatuba afirmou, em nota, que tem investido na área de segurança pública, “embora seja uma responsabilidade do Estado, principalmente no combate ao tráfico de drogas e solução de crimes por meio das Polícias Civil e Militar”. Segundo a pasta, desde 2017, foram investidos mais de R$ 5 milhões ao ano na área.
”Criamos a Guarda Civil Municipal com mais de 60 homens que atuam em espaços e prédios públicos e dão apoio em operações especiais das polícias. Além disso, foram implantadas mais de 180 câmeras de monitoramento e criamos a chamada Muralha Eletrônica”, disse. A prefeitura afirmou ainda ter realizado melhorias na iluminação pública da cidade.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que as taxas de homicídio doloso por 100 mil habitantes compiladas pela pasta diferem das informadas na reportagem. Há diferenças, porém, porque a categoria de mortes violentas intencionais, usada pelo Fórum, considera não só as vítimas de homicídio doloso, mas de latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais.
A secretaria afirmou usar o Sistema de Informação e Prevenção aos Crimes Contra a Vida (SPVida) para analisar os indicadores criminais e elaborar planos de ação. “Na região do Vale do Paraíba, desde janeiro, 43,5% dos casos de homicídios e 70% dos latrocínios foram esclarecidos, resultando na prisão de 64 infratores por essas modalidades criminosas. No total, 4.551 pessoas foram presas/apreendidas na área, representando um aumento de 5,1% em relação ao ano anterior”, disse.
Segundo a pasta, as ações investigativas da Polícia Civil e o policiamento ostensivo e preventivo da Polícia Militar foram intensificados em São José dos Campos. “No primeiro semestre deste ano, o Estado registrou uma queda de 4,9% no número de homicídios dolosos em comparação com o mesmo período de 2022. Em junho, a queda foi ainda maior, de 15,9%”, disse. Abaixo, o Estadão preparou um mapa interativo para consulta das taxas de homicídio por região:
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