Em menos de dez dias, uma segunda aeronave se envolveu em um acidente no Aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo. Ontem, um helicóptero tombou às 15h22, em um voo de teste. Os dois passageiros que estavam a bordo sofreram escoriações leves e foram levados para o hospital. A aeronave, do modelo Robinson R22, fazia um voo de instrução a poucos metros do chão no momento do acidente.
No helicóptero, da empresa ABC Fly Escola de Aviação, estavam o piloto instrutor e uma aluna, de cerca de 25 anos. A aeronave sobrevoava a área conhecida como run-up, onde são realizados os voos de teste, quando tombou. Os nomes das vítimas não foram informados.
Alexander Lopes, piloto da Helipoint, contou que os passageiros sofreram escoriações leves nas mãos e nas pernas e que saíram caminhando da pista. “Eles foram ao hospital para fazer exames de check-up, mas não foi nada grave. O aeroporto continuou funcionando dentro da normalidade”, afirmou.
No fim da tarde de ontem, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) confirmou que o piloto e a aluna sofreram ferimentos leves e informou que os dois passam bem. O Estado procurou o Hospital Cruz Azul, para onde as vítimas foram levadas pelos bombeiros após o resgate, que disse não ter autorização para passar detalhes.
Procurada, a ABC não se manifestou até 21 horas. O helicóptero, que fica estacionado no hangar da Helipoint, foi retirado por volta das 17 horas.
Em nota divulgada à noite, o Centro de Comunicação da Força Aérea Brasileira (FAB) informou que tudo indica que o acidente tenha sido causado por uma corrente de vento. Ontem, técnicos do Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estiveram no local para coletar informações e dar início às investigações. A avaliação continua hoje.
Histórico. Este foi o segundo acidente em oito dias com uma aeronave que decolou do Campo de Marte. No dia 19, um avião monomotor caiu sobre uma residência na Casa Verde, zona norte, deixando sete mortos – entre eles o ex-presidente da Vale Roger Agnelli, de 56 anos – e um ferido.
Marco Antônio Giorgetta, caixa de um posto de gasolina próximo ao aeroporto, considerou “estranho” que dois acidentes tenham acontecido em um intervalo tão curto de tempo. “A gente que trabalha na região fica até com medo.” Para a aposentada Suzel Berton, que mora perto do aeródromo, é casada com um piloto e tem um filho na mesma profissão, voar de avião não dá medo. “Mas helicóptero eu não gosto muito. Se puder, prefiro não voar em um.”
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