Ataque em escola de SP: professora morta por aluno teve vida dedicada ao ensino e à ciência

Formada em Química, Elisabeth Tenreiro, de 71 anos fez carreira no Instituto Adolfo Lutz e lecionava desde o começo do ano na Escola Estadual Thomazia Montoro

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Foto do author Ítalo Lo Re
Por Emilio Sant'Anna, Ana Luíza Antunes e Ítalo Lo Re
Atualização:

Funcionária pública por toda a vida, a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, fez carreira no Instituto Adolfo Lutz, onde ingressou em 1971, e se aposentou havia três anos, em 2020. Formada em Química, trabalhava com testes e controle de qualidade no Centro de Alimentos da instituição. Foi também autora de pesquisas científicas publicadas em periódicos especializados.

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Não queria se aposentar. Passou a dar aulas em 2015 e atuava na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, desde o começo do ano. Foram oito anos na docência, até ser morta a facadas na manhã desta segunda-feira, 27, dentro da sala de aula, por um aluno de 13 anos.

Imagens de câmera de segurança mostram que a professora parece não perceber a aproximação do assassino, que a golpeia pelas costas. Ela cai em seguida. Um aluno que testemunhou o ataque relatou que Elisabeth fazia a chamada quando foi atingida. Outras quatro pessoas, três professoras e um aluno, ficaram feridas, segundo o governo de São Paulo, e têm quadro de saúde estável.

Elisabeth Tenreiro tinha 71 anos e era professora de Ciência na Escola Estadual Thomazia Montoro. Foto: Reprodução/Facebook @adrian.elite

Carinhosa e dedicada ao ensino e aos alunos é como estudantes do colégio se lembram dela em homenagens nas redes sociais. Nas publicações, relembraram os momentos em sala de aula. “Obrigada por muitas risadas naquela sala, muitas brincadeiras. A senhora vai sempre ser lembrada. Te amamos muito”, dizia um deles. “Descanse em paz, Beth. Vou sentir muito a sua falta”, comentava outra. Avó, Elisabeth também é descrita como uma mulher apaixonada pelos netos e sempre bem-humorada.

Atenciosa e falante, relembram taxistas

Ela voltava todo dia de táxi da escola para casa. A professora ligava para um ponto de táxi na região, ao lado da Estação Vila Sônia do Metrô, e ia para a esquina da rua do colégio para facilitar para os motoristas – a via em que dava aula não tem saída.

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“Era uma pessoa super atenciosa, muito legal. Falante, conversava, perguntava da vida da gente, falava dela. Era gente ‘boíssima’”, disse o taxista Aurélio Albuquerque, de 43 anos. “A última vez que fiz uma corrida com ela foi na quinta-feira (23).”

Com carinho, Aurélio conta que, em uma das vezes que a foi a buscar na esquina da escola, duas estudantes estavam esperando um carro de aplicativo chegar. “Ela fez eu esperar até que o carro delas chegasse, para que elas não tivessem problema. Era uma pessoa muito legal.”

As corridas diárias eram feitas por volta de 14h. “Quando dava perto desse horário, a gente já ficava esperando”, disse Aurélio. Elisabeth vivia com a filha. Como o local em que moravam era perto da escola, o deslocamento levava cerca de 10 minutos e não dava mais do que R$ 15.

A notícia da morte dela chocou os taxistas do ponto. “A gente já passa por tanto problema trabalhando na rua, que é uma vida tão difícil, imagina ter isso dentro de uma escola, que é o único lugar que a gente imagina não ter violência”, disse Aurélio. “É uma tragédia.”

Outros taxistas relembraram dela com carinho. “A corrida com ela era uma que todo mundo gostava de pegar. Era uma pessoa muito tranquila”, afirmou um deles. Todos que trabalham no ponto já sabiam o destino de Elisabeth de cor.

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Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde Secretário afirma que o secretário, Eleuses Paiva, lamenta profundamente a morte da professora. “A profissional contribuiu ativamente com a instituição ao longo de quatro décadas de trabalho na área de planejamento e desenvolvimento de atividades. O secretário se solidariza com todos os familiares e amigos da vítima.”

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